Pedras roladas

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      Capítulo 5 da fase
" Três anos depois"

    Quase duas horas de relógio se passaram, e Ryan ainda esperava na sala de Holden. Stephanie havia mandado servi chá com biscoitos e bolo e lá havia um bebedor de água com um suporte de copos descartáveis.
    Enfim, ela entrou lá com uma pasta cheia de documentos e colocou-a sobre a mesa, para examinar. Mal olhava para Ryan, e tal cena fez ela lembra de um filme de drama que a pouco tempo assistiu com Jéssica, onde os atores mal treinados, nem sequer sabiam representar suas falas. Mas o fato era que já havia telefonado pra Holden e informado da presença de Ryan, fazendo assim Holden decidir não comparecer no edifício até que seu irmão por parte de pai fosse embora. Holden também passou ordem de não aceitar o empreendimento até ele analisar pessoalmente.

    — Veja Sr Williams... — apontou pra uma das pastas.

   — Me chame por meu primeiro nome. Já passamos dessa fase formal. — quando Ryan pronunciou isso houve um instante de silêncio.

    — Ok, Ryan... O Sr Londres não vai comparecer no edifício hoje. Ele tem outros compromissos. Mas eu vou ficar aqui para analisar o projeto e passar tudo para ele. — explicou ela.

   — Obrigado por me contar o que eu já imaginava que ele faria. — Ryan não gostou do que ouviu. Levantou-se e foi até uma janela apreciar a vista dali de cima. Estava irado. Stephanie percebeu isso pelo semblante dele.

  — Quer parar de bufar? Está me deixando incomodada. — pediu ela, ao ver Ryan inquieto. — Preciso de concentração e você está me tirando o foco.

   — Ah, é mesmo? - Ele foi até a porta que dividia a sala de Holden da de Stephanie e trancou-a. — Sabe que estou assim porque imagino que o Holden está me fazendo perder tempo de propósito. E você poderia me falar a verdade pelo menos dessa vez. Me enganar pela segunda vez não seria muita crueldade?

   Stephanie se acomodou nervosa numa cadeira de couro atrás dela. Suas pernas estavam fracas e temeu não conseguir ficar de pé. Se perguntou como Ryan tinha deduzido aquilo e por que estava agindo daquela maneira? Pior, por que ele trancou a porta? Estudou cada detalhe quando ele sentou numa cadeira a sua frente e deixou escapar um outro suspiro impaciente de frustração.

  — Apenas não entendo porque está zangado, estamos aqui ... — não concluiu porque Ryan levantou-se e caminhou até ela, inclinou-se a sua frente, apoiando os braços no encosto da cadeira que Stephanie estava. Ela tentou recuar. Mas estava sem espaço.

   — Estou zangado porque não tenho muito tempo disponível para esperar, e meu meio irmão faz-me sentir como um tolo. Ou você acha que não sei que ele está me evitando?! — autoritário Ryan segurou Stephanie pelo queixo, deixando a respiração dela difícil, devido ao nervosismo e obrigando-a encarar-lo. — Diga pra ele, quê, o que ele quiser dos bens que eu possuo, o dou pela minha parte da herança deixada pelo nosso pai. — Ryan nem piscava os olhos. — Não posso perder esse teste de compatibilidade para minha mãe por causa de metade de uma herança.

   Stephanie puxou a cabeça como se não ligasse para as murmurações dele. Estava tão ressentida pela maneira que ele se aproximou dela, que não percebeu os detalhes das palavras que ele pronunciou. Parte dela compreendia, a vida da mãe dele estava em questão, mas gostaria de ignorar esse sentimento de compaixão. As palavras ácidas que ela ouviu da Roberta, três anos atrás, bem como as acusações injustas, estavam agora bem vívidas em sua memória para que se mostrasse solidária com Ryan e sua mãe. Engoliu em seco.

  — Não posso fazer o que você precisa. Por isso não vou ficar batendo na mesma tecla com você.

   — Então, vamos fazer o seguinte, já que nos encontremos aqui e eu não posso resolver o que quero... — Ryan fez uma pausa. — Vamos aproveitar a ocasião e esclarecer algo que ficou muito mal contado.

    Stephanie cerrou os olhos, não querendo imaginar sobre o que ele pretendia esclarecer, temeu que ele quisesse saber algo sobre o que aconteceu naquele cruzeiro.

  — Vamos falar do que aconteceu a três anos atrás? — perguntou ciente de qual seria a resposta de Ryan. Ela mesmo que muito decepcionada, também queria se expressar.

   — Seria um desperdício de oportunidade não esclarecer nosso lapso do passado, já que o destino nos aproximou. — Ryan disse com arrogância. E Stephanie sentiu que em suas veias o sangue gelou.

    A voz dele foi como açoites. E Stephanie experimentou um grande vazio ao observar nos olhos dele. Baixou a cabeça ao lembrar do passado. Não queria voltar a essas lembranças. Segundo Roberta, Stephanie não era boa o suficiente para seu filho, porque era uma moça pobre, que deveria se manter no próprio lugar, e de acordo com ela, o que houve entre Stephanie e Ryan foi apenas um caso e não algo digno de ser chamado um envolvimento sério. Ela não queria ter lembrado disso, pois ameaçava sua serenidade e abalava sua estrutura emocional. Tudo pertencia ao passado, eram pedras roladas. E era assim que deveria permanecer. Além disso, o próprio Ryan adotou a conclusão que ela estava atrás de seu dinheiro, nem ao menos a deixou explicar, não procurou por ela no cruzeiro. E nem depois que voltaram do alto mar. Não foi a pessoa que ela imaginou que seria. Nem o pai que seu filho precisou até agora. Não confiou na sua conduta. Ele simplesmente também a acusou, quando achou que não passava de uma oportunista, ele a acusava até agora. Porque então, ela deveria dá-lhe satisfação? Stephanie fez menção de se levantar sem olhar pra ele.

    Uma sombra cobriu o olhar de Stephanie. Pelo que já conhecia de Ryan, ele jamais aceitaria que o motivo do rompimento de ambos foi uma cilada arquitetada por Roberta. Por isso ele jamais saberia o que veio a perde com tudo isso. O Justin era uma criança adorável.

    — O que sua mãe, lhe falou sobre mim, Ryan? — já que ele queria falar no assunto, ela começou com a pergunta que não saía de mente. — Ah, muito mal, pelo que posso imaginar. — esperou ele responder, como ele demorou, ela foi logo expressando sua opinião.

 — esperou ele responder, como ele demorou, ela foi logo expressando sua opinião

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Uma Paixão InterrompidaOnde histórias criam vida. Descubra agora