Capítulo 18

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Violeta:

Tudo bem. Estamos sozinhos agora. Eu aqui em cima e Kelly e os garotos lá embaixo. Só preciso descobrir como...

Bruna. Lembro da Bruna e começo a procurá-la, observando todos os lugares com um medo absurdo de encontrar pelo menos qualquer  vestígio de sangue.

Após procurar pelos quatro cantos da casa, começo a chamar seu nome, batendo em cada porta que encontro. Se ela não estava em nenhum lugar queria dizer que... Ah, não! Ela não podia estar lá fora. Ou pior, ele não podia tê-la levado. Não podia mesmo.

Quando eu estava quase desistindo, escutei um ruído por trás de uma porta. Bati mais forte, esperando uma reposta para confirmar que aquilo não foi minha imaginação, até que escuto claramente.

— Bruna, é você?! — veio um barulhinho como confirmação. Suspirei de alívio. — Ele me trouxe para aqui e teve que sair. Não se preocupe, tá todo mundo bem. Aliás, ele te fez alguma coisa? Você está bem? — mais um barulho. — Vou considerar isso como um sim. Agora tenho que achar um jeito de tirar a gente daqui. Eu volto já.

Desço correndo e encontro a porta que leva até lá embaixo trancada. Claro que ele trancou! Como sou burra.

— Gente! Conseguem me ouvir? — pergunto gritando.

— Sim! — falam alto também.

— Não posso descer até aí e ajudar vocês. Ele trancou todas as portas.

— Flor, você está bem? — Bryan pergunta.

— Estou!

— Ele falou por que te levou aí pra cima? Você viu a Bruna? — pergunta Derick com com um misto de curiosade. Sei que ele estava temendo pela resposta.

— Eu não sei! E a Bruna está bem, está lá em cima... trancada.

Ouço quando Derick solta um palavrão.

— O que vamos fazer? — Kelly solta um gemido. Pelo tom que sua voz saiu eu estava torcendo para que ela não estivesse chorando.

— Escutem — começa Derick. — Vamos ser realistas. Não temos muitas opções. Vivi, vê se você acha alguma faca por aí. Qualquer coisa pontiaguda.

— Certo. Me dêem um minuto.

— Você já tentou abrir a porta assim antes, né? — ele pergunta.

— Já sim, Derick! — grito apressada, revirando em todo o seu armário.

Que a gente consiga. Por favor, que a gente consiga.

— Tente de novo! Você é inteligente. Confiamos em você... — parei de escutar quando não achei nada e decidi procurar por todo o lugar, numa pressa que fez meu estômago embrulhar. Então, graças aos céus, achei um garfo no chão, encostado perto de uma das cadeiras de mesa. Suspirei derrotada, mas com uma leve esperança brotando dentro de mim.

— Achei um garfo! Deve servir.

— Tá! — exclamou Bryan. — Eu lembro que tem uma porta aí em cima onde você está, depois um longo corredor pra chegar até aqui, onde tem outra maldita porta. Vamos lá!  Comece a tentar!

Corri e o enfiei na fechadura. Uma faca não resolveu, por que a droga de um garfo iria servir?!

— E a Bru? — ouvi Kelly perguntar com desespero, mas não escutei a resposta para sua pergunta.

Tentei de todas as maneiras. Todas falharam. Já tinha uns vinte minutos que eu estava tentando.

— Deu certo? — Bryan grita perguntando pela... hm... sexta vez?

— Ainda não! — gemi, me obrigando a não começar a chorar. Era o momento mais errado da vida para começar a chorar. Com certeza era.

Continuei tentando por mais um longo tempo. Os nós dos meus dedos já estava doendo.

— Não dá! Eu não consigo!

— Concentre-se. Você consegue. — disse a voz tranquilizadora de Kelly.

Parei por um momento para enxugar o suor das mãos nas roupas. Depois comecei de novo. Fui tentando até que...

— Consegui! — comecei a gritar. — Eu consegui! — sorri feliz, escutando o burburinho distante deles comemorando.

Agora só faltava uma porta. E para libertar a Bruna mais uma, e para libertar todos nós mais uma! Seria moleza. Eu só tinha que...

— Show, Vivi! Sabíamos que você ia conseguir!

Escutei-os batendo na porta que nos separava.

— Gente! — repreendi ligeiro, e acho que eles captaram a mensagem. Porque nos próximos segundos não escutei mais nada além do meu coração retumbando nos ouvidos.

Escondi o garfo dentro do sutiã, então o vi entrar em casa com a expressão mais calma que existe. Me esforcei para tirar a cara de cansada e desconfiada do rosto.

Ele se jogou no sofá, parecia cansado também. Tirou seu celular do bolso e começou a mexer, sem olhar para mim, disse:

— Me trás alguma coisa para beber.

Peguei uma cerveja e fui entregá-lo. Toda vez que eu me aproximava dele sentia meu corpo inteiro estremecer. Estendi a garrafa diante dele, mas sua expressão mudou totalmente. O que eu fiz de errado? Será que ele não queria cerveja? Ah, céus.

Ele pegou a bebida devagar, analisando-a. Depois a colocou em cima do assento, e direcionou seus grandes olhos azuis para minhas mãos.

Sem pedir permissão ou ao menos me pedir para estendê-las, pegou-as num movimento ligeiro. E só então me dei conta de que estavam muito vermelhas. Ah, droga! Por que ele tinha que observar tudo?

Ele estalou a língua, com uma expressão diablolicamente divertida no rosto.

— Pode me dizer por que suas mãos estão tão vermelhas?

O que eu ia dizer? O que eu ia dizer?!

— É... hm... Eu acho que... gripei. — fiz uma tosse fingida e ele riu. — Quando fico gripada minhas mãos ficam vermelhas.

— Ah, é? — arqueou uma sobrancelha grossa.

— Sim — respondi, engolindo em seco.

— Sabe, mentir é feio — disse num tom falsamente machucado. Fiquei com medo do jeito como ele falou.

— E matar é pecado — completei, retirando minhas mãos das suas.

— Um pecado muito bom — disse. — Como se atreve a mentir assim para mim?

— Não estou mentindo. — falei e gostei de como meu tom saíra: decidido e firme. 

Ele foi até a porta que eu estava me matando para abrir, e a abriu facilmente, depois retirou as chaves do bolso da calça jeans.

— Você está mentindo.

Ah, não.



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Capítulo revisado. ✔

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