PASSADO - Capítulo 3

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Escuto o celular tocar, a pancada do rock toca alto e estridente, minha cabeça doe, e eu tampo os ouvidos tentando não enlouquecer.

- Merda! – solto e rolo na cama, batendo em algo grande e duro.

AI. MEU. DEUS! Congelo, tem algo, quer dizer, alguém na minha cama. Como assim?

- Bom dia Blaquita! – a voz é masculina. Merda eu dormi com alguém? Tudo que me lembro é de ter sonhado com uma anjo, ou protetor, algo assim, que me dizia que ia me levar a algum lugar, sei lá o que era.

Abro um dos olhos. É ELE! Ai caralho, dormi com um anjo!?

- Não querida, não dormiu – ele ri e eu escondo meu rosto no travesseiro tentando acreditar que é apenas um pesadelo – Ande gata, levante, ou vai se atrasar pra aula.

Aula? Que aula... Que me lembro, eu não estudo.

Sento na cama e o encaro, pois pelo que vejo não é uma alucinação.

- Olha ontem acho que eu sonhei com você, foi um sonho legal e tals, mas isso...- aponto pra ele na minha cama, junto comigo – Esta estranho demais. Eu não durmo com... Anjos... Estranhos.

- Não sei se notou querida, mas a única que esta nua aqui é você! – ele sorri de lado, e me olho, DEUS! Estou nua, somente eu. Puxo o lençol e me enrolo nele. – Calma Blanca. Não tem nada de errado com seu corpo, muito pelo contrário...

Ele desliza um dedo por meu ombro suavemente e me levanto subitamente, antes que ele possa prosseguir com o que esta fazendo.

Estou tonta. Olho em volta e noto que não estou na minha casa.

- Onde, onde estou? - me enrolo ainda mais no pano que uso para me esconder.

- Na sua casa. – ele coloca os braços desenhados atrás da cabeça e me olha, está de moletom, usando uma regata preta, justa ao seu corpo.

- Não, não estou! – olho a janela pequena a minha frente e vejo a avenida e logo à frente o lago congelado. – Eu não moro aqui.

- Claro que mora! Quer dizer morava... Não reconhece o lugar? - ele ainda esta deitado na minha cama, calmo, quase se divertindo.

- Nãoo... Espera...

Sigo para o outro cômodo, vejo meus antigos discos. Vejo a teve de tubo, vasos antigos e a luminária dos anos 80 que tinha ganhado de meu pai antes de falecer. O telefone ao lado da geladeira grande e roxa na cozinha americana é grande e de discagem, na cor vermelha.

O apartamento é pequeno e colorido. Assim como eu era quando tinha meus vinte anos. Eu reconhecia aquele lugar, mas era impossível.

- O “seu” Anjo, isso é impossível, eu não mora aqui desde que terminei a faculdade... Desde quando eu conheci... Henrique... – olho para as paredes ainda sem as fotos que tínhamos quando estávamos juntos nos primeiras semanas de namoro.

- Blanca... – o anjo me chama aparecendo de repente e levo maior susto – Você esta onde eu disse que estaria. A minha primeira tarefa é essa.

- Tarefa? – solto, sentando no meu antigo sofá, velho e duro.

- Sim gata, tarefa... – ele abra a geladeira e tira uma cerveja a tomando, noto que não esta mais de branco como na noite anterior, apenas vestido em um conjunto de moletom preto, simples e ainda assim o deixando elegante.

- Me mandar para o passado, essa é sua tarefa? – falo ainda observando ele tomar o líquido com prazer – E tomar a minha cerveja?

Pergunto debochada, como assim um anjo bebe? Ok, ele era um tipo de anjo muito esquisito.

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