Esther ficou em estado de choque. Ele sabia. Sabia de tudo. Sabia do inferno que era a sua vida vivendo com Gertrudes e Matilda.
- O que foi que disse? - conseguiu, por fim, dizer.
- Eu disse que sei o quanto sua vida é penosa com aquelas duas víboras. Babu me contou tudo, Esther. - os olhos de Esther começaram a marejar, mas ela tentou firmemente segurar as lágrimas. - Por favor, aceite se casar comigo. Eu a farei feliz.
Aquele pedido chegou à sua alma. Bento já havia pedido que se casasse com ele, mas em nenhum momento foi tão tocante como aquela vez. As lágrimas, por fim, caíram.
- Não chore, carinho. - ele enxugou as lágrimas e o apelido agora chegou aos ouvidos como o som mais lindo do mundo.
Aquele gesto era tão íntimo, mas Esther não se importou por pessoas por ali estarem presenciando a cena.
- Nós seremos felizes. Já providenciei a casa que moraremos, com a ajuda da minha mãe. - ele sorriu. - Tem um jardim lindo. E eu fiz questão de ter uma biblioteca somente para ti. E nós levaremos Babu para morar conosco e se tu quiseres, compro Nala de tua infame madrasta.
- Bento... - ofegou o nome dele emocionada, estava sem palavras.
- Ora, não precisas me agradecer. - disse ele em tom de brincadeira. - Sei que sou perfeito.
Ela sorriu. Um sorriso verdadeiro. Um sorriso que vinha da alma.
- És insuportável, isso sim.
- Então, vais se casar com esse insuportável que só quer te fazer feliz?
Ela o encarou mais profundamente. Bento não a amava, era bem verdade. Mas ele queria lhe dar algo que ninguém nunca a tinha oferecido. Nem mesmo seu pai. Ele a queria fazer feliz. E, talvez.. Bem, talvez ele a amasse algum dia.
Então Esther assentiu bem devagar. Como se absorvesse para ela mesma aquela informação. Bento sorriu. Amplamente.
- Se não estivéssemos no meio da rua, te daria um beijo. Mas, por ora, me contentarei em beijar tua mão.
Ela sorriu, corando. Bento pegou a mão dela e beijou o dorso.
- Para selar nosso noivado. Vamos para sua casa contar as boas novas à sua adorada família.
Ela assentiu mediante ao sarcasmo.
Os dois chegaram à casa e Bento espirrou.
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Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)
ChickLitA história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres. Mas a escravidão ainda é vigente no Br...