queime as mãos de tesoura

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DOIS MESES DEPOIS DE ELIZE PRESCOTT NÃO MORRER

— Como você voltou?

Apesar de compreensível, a pergunta de Scott não seria respondida. Elize decidiu que qualquer coisa que o tirasse daquele torturante estado de dúvida e medo só traria prejuízo ao plano de vingança dela, e Prescott estava gostando de vê-lo tremer do jeito que tremia enquanto suas mãos apertavam o volante.

Ela decidiu mudar de assunto:

— Scott, querido, acho que temos negócios não terminados.

— Do que você tá falando?

— Estou falando que você e eu combinamos de conhecer a cidade juntos, e meu aniversário chegou antes que eu me sentisse satisfeita.

Com a brisa da tarde deixando o clima no carro um pouco mais leve, Scott olhou para Elize em dúvida por um breve segundo. Estava tentando entender qual era a dela com aquela encenação de que estava tudo bem, tudo normal. Era como se Elize nem tivesse voltado do inferno.

— Tudo bem — ele concordou. — Vou te levar a quantos lugares quiser.

— Não —Elize o cortou. — Quero ir nos mesmos lugares de antes. O inferno me mudou, Scott, e parece que agora, com um pé do outro lado, finalmente vou poder me divertir do jeito certo. O que acha?

Scott pensava que era uma péssima ideia, mas não teve coragem de dizer nada a ela. Mesmo que por falsidade, enquanto Elize estivesse agindo como uma garota feliz e plena então as coisas poderiam ser mentidas quase sob controle. Se por algum acaso ela ficasse maluca ou brava, então tudo estaria perdido. Ele precisava tomar cuidado.

— Te pego hoje à noite, então. Até mais tarde.

Haviam finalmente alcançado a mansão Prescott, e Adams se sentiu aliviado de não ter que andar mais um segundo ou dois com Elize ao seu lado. Quando ela riu, porém, a sensação boa passou e um presságio de todas as coisas ruins que estavam por vir atacou a espinha de Scott como um arrepio:

— Acho que devemos desculpas aos meus pais, você não acha? — ela perguntou. — Depois da confusão que arrumamos naquela festa... O mínimo que podemos fazer é tentar nos redimir. Principalmente você. Venha!

Elize desceu do carro, deu a volta até o lado do motorista e puxou Scott até que ele estivesse com ela em frente ao portão da mansão. Estranhamente feliz, Prescott agarrou o braço direito do namorado assassino com um sorriso no rosto, animada com o encontro entre seus pais e o homem que ela deveria amar.

Era o que garotas costumavam sonhar, correto? Um amor aprovado pela família, essas coisas. E Elize sabia que seus pais gostariam de Scott se ele fosse devidamente apresentado a eles, o que nunca havia acontecido.

Além do mais, ela tinha outros planos. Planos que geralmente garotas não tinham.

Elize e Scott andaram lado a lado até que as escadas da varanda da mansão estivessem embaixo de seus pés, os dois passando pela fonte no meio do jardim com Adams ainda sem saber o que fazer em relação à situação.

Quando entraram, Scott sentiu como se uma luz tivesse sido apagada, incomodado com a escuridão da sala de visitas grande e antiquada da família Prescott.

— Acho que eles não estão — lamentou Elize, e Scott sentiu que ela já sabia que não haveria ninguém em casa.

— Vou embora, então.

— Você acabou de chegar! — Elize o puxou pelo braço. — Que grosseria, Scott. Achei que você teria ficado mais educado com o tempo...

Adams não teve muita escolha, deixando que Elize o guiasse pela mansão ainda estranhamente animada, falando como todo aquele tempo no inferno havia feito com que ela sentisse uma fome absurda.

Queime Tudo (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora