Capítulo 30

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Christian Charles:

Ligo meu carro e, na metade do caminho, enxergo luzes brancas ao longe, no interior, por entre as árvores. Desligo os faróis imediatamente e saio do carro, capturando meu celular, que sempre serve como uma lanterna. Pego também um capuz que sempre deixo guardado no carro.

Vamos dar um susto neles.

Vou caminhando em suas direções e, com pouco esforço, estou perto o bastante para distinguir que são três  caçadores. Percebi isso por causa das mochilas e das armas especializadas para caça.

Puta que pariu! Eles sabem que é proibido a caça aqui, e mesmo assim insistem nessa prática ilegal. Não são os primeiros a fazer isso, nem serão os primeiros a morrer por causa disso.

— Tudo certo para você agora? — escuto quando um diz pro outro.

— Claro. Não é justo vocês ficarem com os melhores equipamentos.

Vejo de trás de um deles uma menina de cabelos loiros agarrada a um ursinho de pelúcia. Ela parecia ter em média uns nove anos.

— O que vocês vão caçar, papai? — ela pergunta para seu pai, que a ignora completamente.

Eu os sigo durante uma meia hora, esperando o momento certo para se espalharem.

— Vocês podem esperar? Eu preciso mijar. — o pai da garotinha diz. Ela larga sua mão e olha feio para ele.

— Não se diz mijar, se diz fazer xixi, papai.

— De novo, Steve? — um deles olha para trás e resmunga.

— Claro! Tô numa ressaca terrível. Eu avisei à vocês que hoje não era um bom dia para vir.

— Vai lá. Te esperamos lá na frente.

Fácil demais.

Quando ele se afasta e os outros dois seguem em frente, eu o sigo. Sempre mantendo uma distância razoável para que ele não notasse minha presença. Chego bem perto, e digo:

— Tá marcando território, é? — pergunto com sarcasmo.

Encosto e pressiono a faca em seu pescoço.

— Não grite. — falo bem devagar. —Agora ajeita a calça. — mando. Ele a ajeita às pressas. — Pode gritar agora.

Faço meu serviço e fico aguardando que os outros dois venham socorrer o amigo. Afinal, o grito dele foi muito alto.

— Steve! — ouço o grito de um e me escondo. Quando ele vê o amigo caído corre para ajudá-lo. Quando me vê, tenta apontar a arma para mim, mas agarro sua mão e, com muito esforço, desarmo ele, derrubando-o no chão.

Respiro pesado.

— Você tem muita força. — falo e passo a mão na testa, limpando o suor. — Sabe por que você vai morrer?

— Não. — diz.

— É proibido a caça aqui. Acho que sabia disso. — ele fica calado. — Tem algo a dizer antes de morrer?

Ele demora, mas quando abre a boca, acabo logo com a sua vida de merda.

— Tempo esgotado.

O outro tinha se afastado. Então decido brincar um pouco com ele. Dou um tiro pro alto e assobio.

— Marc, eu o procurei por trás daqueles arbustos e... — ele congelou quando viu os dois sangrando no chão. Ele não me viu, mas suas pernas começaram a tremer e ele começou a correr, tanto que deixou sua arma e sua mochila caírem no chão.

Violeta (Completo/Revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora