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Eu tive... eu tive um sonho muito bom, agora há pouco.

Um sonho tão diferente. Um sonho que tem um contraste notável com o que habita em meu peito agora...

Afinal, o sonho era tão, tão bom.

E tudo agora está tão, tão ruim.

Meio que não me lembro exatamente onde eu estava no sonho, mas tenho certeza de que eu ainda era pequeno. Eu estava com meus pais, Yein, e Seokjin. No sonho, eu sentia que aquele era o lugar mais seguro em que eu poderia estar. Com minha família... com quem eu sabia que, apesar de todos os males da vida, eu poderia sempre, sempre contar. Nós ríamos e comíamos juntos, e no fim, terminei por abraçar meu irmão Jin. Eu disse que queria contar muitas coisas pra ele, e ele riu, dizendo que eu sempre, sempre poderia confiar nele.

Foi quando Jimin apareceu.

Ele estava de pijama. Chorando. E era muito menor do que eu.

Ele me pediu para acordar. Em outro momento, não era mais ele. Era Seokjin. Ele me pediu para acordar.

E eu... Acordei.

Eu estou acordado.

Já estou com os olhos abertos há um tempo, mas eu gostaria de não estar... pra falar a verdade, o que eu mais queria era poder voltar ao meu sonho, quando tudo parecia tão perfeito e lógico. Tão confiável e... quente.

Já agora, a única coisa que consigo sentir é meu estômago gelando, meus olhos ardendo e meu coração doendo. Doendo de verdade. Doendo como o inferno.

É como se estivessem segurando meu coração. As mãos mais duras e com as unhas mais afiadas, o apertando com força, fazendo meu coração enviar-me o pior dos sentimentos de uma vez só. E tudo é tão confuso, tão doloroso. É como se eu nunca tivesse sentindo tanta dor aqui. Esse sentimento é desesperador e me sufoca, mas não consigo fazer nada, não consigo abrir a boca, falar, ou me mexer. A única coisa que me resta, miseravelmente, é olhar para as ruas e sentir que não tenho mais um lugar para ir. Não tenha mais uma casa, ou alguém para abraçar... Alguém para chamar de família e confiar.

A única coisa que tenho é meu coração, doendo, sendo apertado e ardendo.

As palavras de Seokjin giram em torno da minha cabeça. Todas presas dentro de mim, me circulando, fazendo meus olhos doerem porque mal consigo piscar. Todas as informações estão aqui desde o momento em que eu dormi, ou... desmaiei. E eu acordei com a boca tremendo. A primeira coisa que vi, ao abrir os olhos, foram as ruas, passando pela janela como paisagens. Ao meu lado, Seokjin estava dirigindo em completo silêncio, batucando os dedos no volante de maneira nervosa e ansiosa que, embora eu me sinta dormente e perdido, consigo perceber perfeitamente.

Quando acordei, ficou-me na ponta da língua perguntar para meu irmão o que estava acontecendo e o que estávamos fazendo aqui. Porque, quando acordei, pensei que ainda era de manhã, que eu ainda ia tentar ligar para Jimin apesar do sinal ruim. Que eu ainda não tinha saído de casa. Que ainda ia abrir as mensagens. Quando acordei, nada disso tinha acontecido. ChimChim estava congelado no meu passado e deixado de lado. Jimin era Jimin, só o meu Jimin. Seokjin era meu irmão engraçado e divertido. E eu não sabia de nada.

Bastaram míseros minutos para eu perceber que não era de manhã. No exato momento em que música do rádio do carro chegou aos meus ouvidos, as lembranças vieram como tiros. Os pensamentos voltando para o lugar, me fazendo lembrar da situação em que me meti, e de como tudo parece confuso e irreal agora. O quanto minha vida parece estranha e deformada agora.

Fiquei imóvel desde então. As informações estão guardadas na minha cabeça, e parecem tão falsas. Nada parece real... a não ser pela sensação horrenda que sinto de que tudo acabou.

Meu amigo não tão imaginário {jikook} EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora