Capítulo 16 - Martin

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“Sei que nossa história parece confusa, mas nada na vida precisa de explicação para ser verdadeiro.”

“A única coisa a qual entendia era que de alguma maneira eu pertencia a ela, nessa e em qualquer vida.”

Passei os dias remoendo aquela sensação de perdedor. Mas que merda ela tinha feito comigo?

Levantei da cama quase que sonâmbulo, há dias não ia à faculdade, havia largado mão dela, e pra piorar, ver Blanca pra cima e pra baixo acompanhada do babaca me deixava puto. Com vontade de quebrar algo.

Ela tinha feito algum feitiço ou macumba, só podia, porque eu pensava nela mais do que desejava.

Que merda era essa de nem conhecer a pessoa e parecer que já a conhece desde sei lá, sempre! Tudo o que eu queria era simplesmente cair na cama depois de um dia de trabalho chato, e dormir sem pensamentos.

Porra e essa porcaria de celular tocando agora.

- Alo? - falo ainda mal humorado.

- Martinzinho, esqueceu-se de mim é? - ai que saco, minha irmã.

- Oi Marta... - respondo sem animo.

- Nossa parece que não esta muito feliz em falar comigo.

Suspiro. Ela não tem culpa do meu estado lamentável. Aliás, ela é a única que tolero nessa família louca, ela e meu sobrinho, Emerson.

- Desculpe Marta, é que as coisas andam meio sem emoção pra mim. - vou ate a geladeira e já pego uma garrafa de vodka. Sexta à noite, eu sozinho, insatisfeito com trabalho, largando a faculdade e ainda sem a porra da mulher que não sai dos meus malditos pensamentos, mereço uma dose.

- Olha, se não fosse sua irmã e não te conhecesse, acharia que esta fazendo charme pra ganhar uma visita, seu carente. 

Rimos do que ela disse, pois é verdade, eu usaria essa tática se não estivesse com Blanca em meus pensamentos.

Na verdade achar uma companhia não seria algo tão difícil pra mim.

Alias eu não era de se jogar fora, tinha meu charme e um certo jeito com o sexo oposto, só que a sensação de ter deixado algo passar, algo importante, estava me enlouquecendo, estava sem o animo pra ter uma mulher qualquer matracando no meu ouvido, apenas para ter algumas horas de sexo. Como não podia ter ela, as demais nem mesmo me deixavam tão tentado assim. Porra, to parecendo um boiola.

- Então, já que esta ai, tão entediado, que tal passar aqui e pegar a sua irmã e sobrinho que esta morrendo de saudade do tito dele, e nos levar a uma festa de aniversario, tipo daqui meia hora?

Jura? Aniversario de criança? Se não tava com tesão antes, agora brochei de vez.

- Essa é uma tentativa nada ideal de me animar Marta. - resmungo enquanto sento no sofá, e tomo um gole da bebida forte.

Ouço um barulho no fundo, e uma voizinha invade meus ouvidos.

- Tio, vamos vai, por favorzinho? - meu sobrinho fala com seu drama na voz, que sei que vem da sua mãe. Espertinha!

- Oie cabecinha, o tio esta cansado... - começo, mas ela é mais ligeira, a escuto cochichar pra ele e rir ao fundo.

- Você não me ama mais tito? - golpe baixo. Malandro o garoto usa o meu apelido e o drama que herdou da nossa família.

Rio da cena que estou presenciando, mas acabo cedendo.

- O tio ama, menos a malandrada sua mãe, agora passe pra ela o telefone, que preciso do endereço para leva-los. 

Ela pega o aparelho e eu anoto o que ela me passa, sabendo que sou uma marionete nas mãos de Marta.

Viro o copo de álcool, como se pra tomar coragem. Eu tinha que seguir a vida, fazer algo que me tira-se ela dos pensamentos.

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Estou sentado no minha velha Brasília, isso mesmo, carro velho, cara pobre. E estou esperando minha irmã e sobrinho chantagistas entrarem no carro. Não me empenhei em parecer animado e claro que Marta não deixa passar isso tão fácil.

- Olha, eu não tinha dito que era festa do pijama... - ela olha minha roupa e eu a ignoro.

Meu sobrinho, que nem parece se importar com o que visto me abraça e entra no carro carregando um milhão de carrinhos, doces e tranqueiras que nem sei o que são. Nem parece sentir tantas saudades assim.

- Martin podia ter colocado ao menos uma camisa social e um sapato, sabe que odeio quando aparece assim nas festas... - ela suspira e eu sigo com o carro sem responder, pensando no que Blanca estaria fazendo nesse momento.

- Hey, vai me ignorar mesmo? - ela fala mais alto e eu a olho serio.

- Você sabe que esta igualzinha a nossa mãe, não sabe? - falo rindo sem segurar mais meu riso.

- Estou nada... E não mude o foco. O que você tem? - fala agora com ar preocupado, parando de rir.

- Nada...  estou bem, só não sei bem o que fazer, sei lá! - ela ainda me olha, sinto seu olhar me inspecionar, mas mantenho a postura de "tanto faz". Não quero  preocupa-la, já tem seus problemas que não são poucos, como mãe solteira.

- Martin Linhares, você pode enganar suas negas, mas a mim não. E pelo jeito que esta com a barba por fazer, mal vestido e esse olhar perdido, sei que o "nada" tem nome. - ela vira pra limpar o rosto do meu sobrinho que faz uma meleca no banco de trás, mas nem ligo.

- Pare com isso, estou bem vestido pra uma festa de criança que nem sei quem é! - sorrio forçado pra ela que ainda me encara.

- Podia se empenhar mais, lá pode haver alguém que te interesse Tito...

Rio da sua tentativa de me arranjar sempre uma esposa.

- Acho que garotinhas de seis ou sete anos ainda não fazem parte do perfil que me interesso Marta, alem de pedofilia ser crime, claro.

Ela me da um tapa e eu gemo fingir que doeu.

- Sabe acho que seja lá quem for essa mulher que não te fez "nada", deveria parabeniza-la, pois nunca te vi tão pensativo por "nada".

Eu paro de sorrir e olho pra fila de carros parado a minha frente, ela não era simplesmente nada, ela era tudo e meu coração traidor só resolveu me mostrar isso, quando ela havia me tocado naquela fila. Maldito órgão inútil. Não tinha nem mesmo descoberto seu sobrenome, e ela tinha virado minha vida de cabeça pra baixo.

E pra piorar minha irmã sabichona, que me conhece como ninguém, só comprova que isso é verdade. Cacete.

- Sabe Marta, você tem razão, você não parece com a mãe... - falo e ela sorri vitoriosa.

- Eu sei... - responde sorrindo.

- Não mesmo, porque você é pior que ela! - sorrio e me preparo para o tapa que sei que virá.

Preciso fazer algo da minha vida, com ou sem aquela mulher!

Minhas amores! Obrigada imensamente por cada voto e comentario, e cada olhadela que dão aqui! Sei que não parece nada pra vocês, mas pra mim, parece muito, mais que imaginam... Até breve! #TamuTogether! ;)

Função MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora