Capítulo 36

26K 2.2K 570
                                    

Violeta:

Me olho no espelho pela última vez, dando uma conferida no vestido nude com lantejoulas e com um decote V que valoriza meus seios. Fiz uma trança no cabelo e a afrouxei, deixando alguns fios soltos caindo sobre o meu rosto e deixando-a de lado. Calcei um salto não tão alto e saí. Charles estava no sofá me esperando.

Ele me lança um olhar penetrante, parece até surpreso. Está usando uma calça jeans escura e uma camisa social vinho, com um relógio em seu pulso direito. O cabelo está perfeitamente alinhado. Charles está... lindo. Mais do que já é. Não que ele precise saber disso.

Ele me olha de cima a baixo antes de seu corpo estar a alguns centímetros do meu. Ultimamente ele vinha fazendo isso: se aproximando descaradamente até me deixar tonta e sem ar. Quando eu achava que ele ia tentar me beijar de novo, se afastava, como se alguma coisa o impedisse de continuar. E eu tinha certeza de que ele não tinha medo que eu o recusasse de novo.

Então eu me sentia fria e vazia quando o calor de seu corpo se encontrava longe do meu. Não faço ideia de onde tirei forças para afastar só um pouquinho sua boca da minha quando ele tentou me beijar.

Me arrependo de todo coração por ter feito isso.

Charles pega em minha mão e me gira lentamente, demorando um pouco mais quando fico de costas. Quando estou prestes a soltar minha mão para lhe dar um tapa, ele comenta:

— Está linda. — sua voz sai suave e sexy ao mesmo tempo. Esqueço imediatamente o motivo pelo qual ia lhe dar um tapa e sorrio. Não consigo evitar.

— Obrigada.

— Bem, vamos?

— Claro.

Na garagem, fico mais do que impressionada com o tanto de carros que Charles possui. Ele me pede para escolher um e eu aponto para um de cor vermelha.

— Qual o nome daquele? — pergunto.

— Porsche.

— Você faz coleção? — à medida que vamos caminhando até ele, passo a mão nos outros. Nenhum grão de poeira.

— Não.

— Hmm.

Quando saímos da floresta, observo:

— Eu não sei absolutamente nada sobre você. — Charles tira sua visão da estrada por um segundo. 

— O que quer saber?

— Me fala da sua família, amigos, o que quer fazer da vida, quais músicas curte, essas coisas.

Chego a considerar que ele não não vai responder. Depois de uma eternidade e de soltar um suspiro pesado, ele diz:

— Uma coisa de cada vez. Primeiro sobre isso, família: Minha mãe foi assassinada pelo meu padrasto quando eu tinha doze ou era treze anos. Não lembro bem. Ele batia nela e em mim. Já meu pai devia ser um bêbado qualquer usuário de drogas que ao menos sabia da minha existência nesse maldito mundo. Nunca cheguei a conhecê-lo. Todas as vezes em que eu perguntava por ele, ela dizia que o mesmo se encontrava viajando, e que algum dia iria voltar para casa. Depois que ela morreu me mandaram para um orfanato e de lá fugi, arrumei dois homens que me tiraram da rua e me deram um lar. Até hoje sou grato por tudo que eles fizeram.

— Eram gays?

— Hein? Ah, não. Não eram gays. — ele ri de mim. Depois fica tenso e engole em seco. — Eles também morreram. — suspira. — Assassinados também.

Violeta (Completo/Revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora