O susto no olhar, o silêncio do medo e o despertar da curiosidade.
Esse era o sentimento de Harry e Louis.
A foto ainda estava nas mãos de Harry, que lia o escrito diversas vezes, sem entender em como aquele desconhecido em sua frente, portava tal lembrança de seu avô. Ele ergueu os olhos para Louis, que em lágrimas, saiu da mesa.
— Louis! — Harry gritou, jogando uma nota de cem libras na mesa, para pagar a conta. Que se dane o troco, dinheiro era menos importante agora.
Louis saiu correndo entre os corredores até a saída. Sem escapatória e sem voz para pedir um táxi, ele saiu entre as vielas da rua, os becos fedorentos de lixos e mendigos adormecidos. Ele só queria entender porque de seu avô ter escondido algo como aquilo.
Seu avô amou um homem. Um homem como Louis poderia amar. Seu avô, Keith Tomlinson era gay.
E ele também era.
Agora, Louis entendia do porquê seu avô o acolher dentro de casa, de sempre o apoiar.
Ele tropeçou e ia cair na poça de lama suja, quando sentiu braços longos rodearem sua cintura e puxá-lo. Perto do peito de Harry, Louis levantou os olhos.
— Não precisa fugir — A voz rouca dele se fez presente — Porque está chorando?
— Você não entenderia.
— Louis, meu avô que me criou, que dizia que amava minha avó foi casado com um homem. E pelo jeito, o amava mais do que tudo. Não é o único que não entende de nada.
— Por favor, me larga.
Harry o apertou mais.
— Não. Tente se acalmar.
Louis soluçou e começou a chorar. Sem motivo algum, ele quis. Harry apenas o apertou, aquele desconhecido entre seus braços, sem entender também. Nada disse, apenas o consolou.
Minutos se passaram, quando Louis se separou.
— Estou melhor.
— Venha comigo — Harry estendeu a mão — Vamos conversar.
Louis hesitou. Mas ao ver o brilho de curiosidade nos olhos verdes de Harry, ele pode facilmente ceder.
Harry era bonito, e isso Louis não negava.
Ele pegou a mão dele, e eles saíram do beco. Alguns homens olharam estranhos para eles, fazendo Louis soltar a mão de Harry.
— Vai por mim, aqueles rapazes não parecem amigáveis.
Harry deslizou sua mão entre os dedos de Louis e deu um passo lateral. Rapidamente, os rapazes desviaram os olhares.
Reprimido, Louis sentiu medo como sempre sentia. Harry, apenas o encarou.
— Vamos, eu conheço um local — Harry o chamou.
Andaram por algum tempo, em silêncio. A foto ainda colada, no bolso de Harry. Na cabeça de Louis, apenas pensamentos de medo e de curiosidade.
Eles chegaram á uma cafeteria 24/7. Arrumaram uma mesa distante dos olhares de prostitutas, bêbados e fracassados.
— Dois cafés — Louis pediu — E uma tigela de bolinhos salgados.
Harry não se opôs. Apenas se sentou.
O som de uma música calma invadiu o ambiente. As risadas das prostitutas com seus clientes, negociando mais uma noite, ou até mesmo dos bêbados e suas filosofias falidas de vida, onde o passado e o presente se encontravam, as lições de vida se tornavam histórias de meia-noite e a felicidade poderia ser encontrada em uma dose tosca de bebida quente. Londres não era Paris, mas era um pedaço perdido de história.
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Alabama Song ➳ Larry version
FanfictionNa década de 50, na idade do ouro no cinema e Elvis reinava na terra da música, o jazz ainda tocava nas ruas de Paris, Frederick Styles tomava conhaque no Le Trous, e Keith Tomlinson era um aspirante à escritor que amava a vida. O caminho dos dois f...