Capítulo 49

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(Antes do sequestro)

Violeta:

Eu estava tão abosorta na leitura que, na primeira vez que escutei um ruído do outro lado da porta, ignorei. Mas depois veio o segundo, e o terceiro, e então as vozes masculinas preencheram o silêncio: altas, porém abafadas para distinguir as falas.

Meu corpo reagiu no mesmo instante em que já era tarde demais. A figura masculina de barba rala branca entra com a maior naturalidade que se pode existir, seguido de mais cinco homens armados.

O último a entrar fecha a porta. Fico de pé no mesmo instante, e minha mente grita para fazer alguma coisa. Penso no revólver que achei debaixo do travesseiro de Charles outro dia, mas não vi onde ele guardou. Olho desesperada ao redor, procurando algo que me sirva para, pelo menos, não ficar de mãos vazias.

— Boa noite, srta. Harvey.

Congelo ao ouvir meu sobrenome saindo de sua boca. Seus olhos cinzentos me fitam por um bom tempo, esperando por uma resposta.

Não vou dizer absolutamente nada.

— É um prazer conhecê-la. Sou o Rodrigo. — ele não se dá o trabalho de estender a mão. Deve saber muito bem que não vou retribuir o gesto.

Por mais incrível que pareça, ainda estou com o livro em minhas mãos. Não penso muito no que pode acontecer, mas jogo-o em cima da cama, afim de distraí-los por um breve segundo, então corro para o banheiro, trancando a porta. Capturo a lâmina de Charles se barbear, escondendo-a no bolso.

Não vou morrer sem antes lutar.

A fechadura é arrombada por um tiro. Meu grito sai tão alto que minha garganta arde de dor. Dois deles vêm e me seguram pelos braços, arrastando-me para a frente do homem.

— Soltem ela. — ordena. Os caras me soltam, afastando-se para trás. Rodrigo tenta aproximar sua mão do meu rosto. Me desvencilho imediatamente, sentindo um momentâneo enjoo.

— Não chegue perto de mim!

— Você é corajosa. Admiro isso nas mulheres. — seus lábios se esticam num sorriso. — Talvez seja por isso que esteja com o Christian. Pela coragem. — ele passa a mão na barba, pensativo. — Ou talvez seja por que ele esteja te enganando.

Meu coração pulsa ainda mais de nervoso.

— Você não me conhece. — afirmo com convicção. — Quem diabos é você, afinal?

— Creio que o Christian não tenha contado que somos amigos.

— O único amigo dele é o Mário. — retruco. — Seu mentiroso. — acuso de forma ameaçadora.

Ele dá uma risada.

— Pelo menos de uma verdade você sabe.

Não sei o que ele queria dizer fazendo aquele jogo. Mas não sou tão idiota para acreditar nas suas mentiras.

Ele está tentando confundir você!

A voz na minha cabeça grita.

— Sabe, você é tão bela e muito, muito ingênua para acreditar que o Christian gosta mesmo de você. — meu semblante deve ter transparecido o tornado de emoções que estou sentindo.

Violeta (Completo/Revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora