Capítulo 14

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Enquanto a enfermeira trata do meu sangramento nasal, penso no que ela disse. Seu que Andrew nunca namorou, mas sempre andou com as meninas mais belas da escola ao seu lado. Em todos os bailes eu via ele e suas acompanhantes dançando, bebendo, se divertindo e indo juntos até o vestiário masculino. Claro, eu sei muito bem o que eles faziam lá dentro, mas graças a Deus a minha mente se recusa a imaginar as cenas.
- pode ir gracinha, o sangramento já parou. Vou te dar uma licença por hoje, tudo bem.
- sim, obrigada. Pode chamar meu amigo por favor ? Preciso trocar essas roupas.
Mostro a ela a camiseta com pequenos pingos de sangue.
- meu avô pode ficar preocupado se me ver assim. - explico.
- claro.
Ela sai da sala e Sam entra correndo.
- está tudo bem ? - ele pega em minha mão direita com ternura.
- sim Sam, pode pegar minhas roupas no meu armário do vestiário por favor, se eu chegar assim em casa vovô pode ficar preocupado.
- Amor, seus óculos estão quebrados, ele vai se preocupar quando perceber isso. - ele retira do bolso traseiro do short vermelho meu querido óculos divido em dois, exatamente ao meio.
Droga, por que eu não ando com a merda do cartão ?
- ah não, vovô vai me matar. - coloco as mãos na cabeça.
- eu te levo a uma ótica e você compra um igual. - e quando eu achei que estava sozinha com Sammy.
O vejo lá, parado como sempre com os braços cruzados em cima do peito.
- não precisa Andrew, mas muito obrigada, eu posso explicar isso ao meu avô. - digo calma.
- eu insisto. - ele se aproxima e para ao lado de Sam, olhando nossas mãos dadas de um jeito estranho.
- vou pegar suas coisas morango, já volto, não saia daqui. - Sammy sai da sala e me deixa sozinha com Andrew e seu olhar penetrante.
Onde diabos esta a enfermeira ?
- não deveriam dar roupas tão curtas assim !- ele quebra o silêncio ao analisar meu uniforme.
- você deve ser o único garoto a pensar assim.
- deveria usar uma camisa por baixo dessa, estou vendo cada curva do seu sutiã.
Coro violentamente e meus pelos se arrepiam, como se eu tivesse levado um choque.
- o que ? - digo constrangida.
- use uma regata por baixo, eu não fui o único que reparou. - como assim ?
Ele estava me olhando jogar ?
- olha, eu não consigo te entender. Sério, uma hora você me beija, na outra me esnoba e agora banca o herói e diz que eu não sou tão invisível como eu esperava.
- só tome cuidado tá. - é, ele realmente não ouviu nada do que eu disse.
- okay.
- você e Sam tem alguma coisa ? - ele se senta na ponta da maca.
- não, não. Eu e Sammy somos amigos desde a pré escola, ficar com ele é o mesmo de cometer incesto. Além disso ele é gay e está pegando seu amigo Brandon. - digo feliz. - Mas por que a pergunta ?
- só gostaria de saber se tinha alguém no meu caminho.
Andrew me encara como um felino em seu estado de mais alta fome, o verde de seus olhos estão mais límpidos, brilhantes. Ele se levanta e chega perto, perto até demais, do meu rosto.
- no seu caminho !? - pergunto quase como um sussurro.
- você não é burra Mia, sabe muito bem do que eu estou falando. - ele se aproxima mais e encosta a mão direita no meu joelho.
Droga Sammy, cadê você ?
- preciso que me diga. Quero ouvir de você ! - digo com receio.
- não consigo tirar seu beijo da minha cabeça, e - ele hesita por um segundo - queria poder te beijar de novo.
Ah meu Deus, Sammy !!
- e por que não beija. - da onde saiu toda essa coragem ??
Andrew sorri como um predador, colocando um avental da enfermeira sobre meus seios.
- é melhor cobrir isso, estão me desconcentrando.
A cada vez que ele se aproxima é como se o meu coração parasse e voltasse a bater do nada, minha visão, ainda meio turva não me impede de ver o jeito com que ele molhou os lábios com a própria língua.
Porra Sammy, o vestiário não é tão longe assim !!
- trouxe sua licença menina. - a enfermeira entra com tudo na sala e dou um pulo da maca. - eu interrompi algo? 
- não, eu estava cobrindo o sangue para que ela não passasse mal novamente. - Andrew mente com uma naturalidade que me espanta.
Eu estou quase tendo um ataque e esse filho da mãe está tão tranquilo.
- é, isso mesmo, Sammy ainda não voltou com as minhas roupas e eu estava quase desmaiando. - olho pro chão, fitando meus pés.
- ham, entendo.
- Morango, voltei com suas coisas.
Volto a olhar para a porta e encontro Sam todo descabelado com minha mochila e roupas nas mãos.
Entendi o por que da demora.
- vamos ao banheiro comigo Sam. - pego em sua mão e retiro o jaleco, entregando para a enfermeira.
- pegue isso e vá para casa. - a enfermeira me entrega o papel com o símbolo da escola e antes de sair faço um sinal para que Andrew também venha.
- obrigada. - digo a ela antes de sair da sala.
Ele me segue e manda um beijo no ar para a pobre senhora de branco, que arqueia as sobrancelhas e balança a cabeça negativamente.
Andrew Grayson é um idiota incorrigível.

GraysonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora