Capítulo 52

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Violeta:

Charles não quer me fazer passar dois dias na estrada, então vamos voltar de helicóptero. Assim que entramos para sair daquele inferno, literalmente, Charles me abraça como se não me visse há anos, murmurando no meu ouvido: "Ele machucou você?" Posso sentir o desespero em suas palavras, o quanto soam cheias de culpa e preocupadas.

Nego com a cabeça e ele solta a respiração que está prendendo.

O por que do Rodrigo querer eu e o Charles morto? Bem, eu ainda não sabia.

— O que houve? — seus olhos azuis se arregalam diante de minha indiferença. Baixo meu olhar para o sangue em sua roupa, seus punhos cortados e as feridas em seu rosto.

Me seguro para não desabar dizendo que lembrei, o quanto ele me destruiu.

— Estou cansada demais para isso. — viro meu rosto para o outro lado, fechando os olhos.

E é verdade. Não tenho forças nem para olhá-lo agora.

Ele segura minha mão, mas a puxo no mesmo instante. É a mesma mão que pressionou aquele gatilho e que matou meus amigos.

— Eu achei que estivesse morta. — sussurra. — Ele pediu tudo o que você estava usando para colocar em uma garota parecida. Queria que eu acreditasse que estava morta. Fiquei perdido. Louco. Não dava para reconhecer a diferença entre vocês duas porque... ele a deixou desfigurada. — faz uma pausa profunda, como se lamentasse a morte dela. Por fim, dá um suspiro. —  Percebi que não era você porque a mesma tinha um sinal na coxa esquerda.

O choque e o horror me tomam por inteira. Não consigo falar. Ou chorar. Meus pensamentos a mil me deixam travada.

Quando enfim consigo pronunciar alguma coisa, me ouço dizer:

— Você é igual ao Rodrigo. Sequestra e mata pessoas inocentes.

Não consigo ver como ele está agora. Me sinto tentada a olhar, mas não o faço.

— V-Violeta...

— Chega, Charles! Não aguento mais ouvir sua voz!

Ele se cala. Não o escuto dizer mais nada e nem se mexer pelas próximas horas.

Quando pousamos perto de sua casa, meus olhos ardem. Não tenho para onde ir. Nem ninguém para me ajudar.

— Oi, princesa. — diz Mário, vindo até onde estou. — Eu posso ajudar em alguma coisa? Está ferida? — ele corre o olhar por meu corpo em busca de algum ferimento.

— Você sabia que ele estava mentindo, Mário! — disparo. Não aguento mais segurar tudo o que está entalado. — Concordou com seu plano para me enganar! Pensei... — limpo uma lágrima que desce. — Merda, fui tão idiota.

Antes dele responder, Charles toma sua frente.

— Meu amor, eu ia te contar tudo o que fiz. E o que vivemos jamais será uma mentira. Tudo o que eu disse é verdade. Estou apaixonado por você.

Grunho impaciente.

— Que se dane a droga de sua paixão! Eu quase morri nas suas mãos, e algumas horas atrás eu quase morri também nas mãos daquele Rodrigo! 

Violeta (Completo/Revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora