Capítulo Sete.

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O que Louis é Harry poderiam fazer? Um passado batia a porta de ambos, com a história de seus avôs. Keith e Frederick não foram só jovens inconsequentes. Foram dois homens que se amaram de uma maneira tão intensa que nem sequer, palavras poderiam definir o amor deles.

Louis se sentou na janela naquela manhã de domingo. Liam havia mandando uma mensagem, dizendo que iria visitar a casa, mas era cedo ainda. Keith ainda dormia silenciosamente no quarto dele, Louis abriu uma das cartas que ainda havia ali. Data de 1959, ano do casamento de Keith com Najila.

“Eu nunca poderei olhar para Paris sem sentir meu coração doer. Essa carta nunca vai ser enviada, apenas será deixada em um canto escuro e vazio.

Como o meu coração.

O toque dos dedos de Frederick ao tocar minha pele, o sorriso dele ao me ver deitado ao lado dele, ou das lágrimas que soltamos juntos, jamais pode ser esquecido.

Eu lembrarei dele até meu último suspiro. Meu amor jamais morrerá, meu coração jamais se perdoará. 

Eu nunca mais me perdoarei”.

Louis olhou para a única foto que ele havia achado de Keith Tomlinson e de Frederick Styles. Eles, sentados em uma mesa. Keith tinha a gravata frouxa, o suspensório caído do ombro e segurava um cigarro entre os dedos. Frederick estava bebendo algo, sorrindo. Olhava carinhosamente para ele, como se ele fosse a pessoa mais especial do mundo.

O amor que seu avô havia vivido era especial. O que ele queria tanto viver algum dia.

Louis não contava, mas ele tinha suas cicatrizes. Gay e sozinho, expulso de casa e acolhido pelo avô. Encontrou o amor há um ano atrás, nos braços de um jovem de sua idade. Mas esse amor era amaldiçoado. O amor quebrou seu coração, o fez cair em prantos pela noite e lhe rendeu um trauma. Louis nunca deveria se lembrar do rosto de Bryan, mas ele era presente na vida dele.

Por impulso, saiu do quarto e sua perna tremeu um pouco. Ainda não tinha se acostumado a ter pernas fortes desde do acontecimento. O médico o alertou que seria complicado ás vezes, Louis ter estabilidade do joelho, ou ele teria dores de cabeça constantes. Mas nada era pior do que o trauma psicológico.

Ele andou pelo corredor e então, parou na porta do avô. Encostando a cabeça na porta, olhou para a foto na mão e para o velhinho.

— Eu te devolverei a felicidade, vô. Custe o que custar.

   

   

  

Não longe, Harry fechava a porta do espelho. Seu reflexo de um soldado ferido pela guerra, de um professor amargurado e de um neto preocupado. Frederick se encontrava na sala, lendo o jornal enquanto tomava café. 

Harry olhava para aquela caixa na sua cama, com as lembranças espalhadas. Não entendia porquê seu avô foi privado de tanta felicidade. Nos diários, nas cartas e nas poesias, despejava tanto amor que Harry sentia que era palpável. Frederick descrevia Keith como seu Basheret.

Basheret na cultura judaica é a pessoa que foi destinada para você. O encontro perfeito de duas almas.

Frederick Styles após o casamento com Edna, decidiu retornar para a universidade, se formando como economista. Trabalhou em escritórios, contadorias e teve três filhos. Um deles era Desmond Styles, o pai de Harry.

Mas Harry sempre se lembrou que seu avô não era romântico com a sua avó. Eles mal se falavam, mal se tocavam. Sua avó falava que Frederick era um erro da natureza, que o peso de Deus cairia sobre ele e se um dia, viessem a envelhecer, ele seria o primeiro a morrer.

Alabama Song ➳ Larry versionOnde histórias criam vida. Descubra agora