Capítulo 37

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Empurrando o carrinho do pet shop pelo estacionamento penso em quem poderia ter deixado o pequeno Charlie em minha porta. No bilhete ele havia dito que estava voltando da academia, mas quase todos os garotos da cidade frequentam esse tipo de lugar. Mordo meu lábio e chego ao meu carro, abro o porta malas e coloco as compras dentro, observo o saco de vinte e cinco quilos de ração para gatos filhotes e tento retirá-lo do carrinho.
Merda de saco pesado.
O cabelo cai em meu rosto e eu fico entre pegar o saco de ração ou retirar os fios ruivos da minha cara. Duas mãos aparecem para me salvar e eu retiro o cabelo do rosto para ver de quem se trata.
- Daniel ... - digo confusa.
Qual é a chance disso ser pura coincidência ?
- eu pego pra você. - ele retira o saco de ração com a maior facilidade do mundo, me fazendo sentir pena de mim mesma.
- está me seguindo ? - brinco com medo da resposta.
- não, vim trazer o cachorro da minha mãe pra tomar um banho. - ele coloca o saco no meu porta malas e aponta para o seu carro a uns cinco metros do meu.
Um cachorro extremamente peludo e pequeno arranha o vidro do lado do passageiro com raiva.
- ah, ele parece... Bravo . - fecho meu porta malas.
- ele é estressado demais pro tamanho dele. - ele gira a chave do carro nos dedos.
Agora pude reparar em sua roupa, uma bermuda Jeans clara, uma camisa azul de botões e um Nike baixo preto nos pés. Além do óculos escuros escondendo os olhos azuis.
- obrigada Daniel. - digo atraindo sua atenção.
- não foi nada. - ele retira os óculos e os pendura no espaço que deveria estar fechado por um dos botões.- não sabia que você tinha um gato.
- deixaram um filhote lindo na minha porta, não tive coragem de dar ele pra alguém.
- ah, e você gostou da ideia? - um sorriso torto aparece em seus lábios.
- sim, ele é tão fofo. Parece um floco de neve com os olhos azuis mais pidões que eu já vi. - ele sorri sem mostrar os dentes. - é irresistível.
Daniel apenas me encara e eu me sinto uma boba por estar parada devolvendo o olhar.
- eu já vou indo. - pego o celular nas mãos.
- então... Até mais.
Ele se vira e sua mão esquerda balança suavemente pelo ar, faço o mesmo e entro no Fufu. Deixo minha bolsa no banco do passageiro e coloco o cinto de segurança, olho de relance para o retrovisor e vejo Daniel andar devagar até a entrada do pet shop com o cachorro estressado nos braços.
Dou a partida e encaixo o celular no apoio, ligando para Sammy antes de sair. No terceiro toque ele atende.

- bom dia flor do dia.
- bom dia o cacete Sam, o que aconteceu com você ontem ? - entro na rodovia em direção ao mercado.
- fiquei meio ocupado com o bebê Henrique morango, não deu pra avisar.
- hum, não sei se acredito.
- pois acredite, minha mãe deu a louca ontem e saiu com o papai sem avisar, deixou o bebê Henrique e a peste do Aron comigo. - ele bufa.
- ah sim, uma mensagem de texto resolvia sabe.
- desculpa morango, esses dias estão impossíveis.
- preciso de contratar uma coisa importante.
- conta agora.
- não, é muito estanho dizer por telefone.
- você transou ? - ele ri.
- ham, sim. - coro imediatamente.
- ah meu Deus. - ele grita escandaloso. - como assim Mia Parker Collins não é mais virgem ?
- fala baixo Sam, não quero que a sua família saiba.
- relaxa morango, estou no meu quarto sozinho agora. Mas pode me dando os detalhes.
- Andrew invadiu meu quarto na noite passada enquanto eu dormia, começamos a nos pegar e acabou acontecendo. Doeu como o inferno no começo Sammy.
- isso é normal morango, as meninas vem com um selo de pureza de natureza e normalmente dói pra romper esse selo sabe.
- olha eu não sei como dizer isso mas, do nada sabe, o negócio ficou tão bom. Ele foi tão carinhoso comigo Sam. - paro um pouco. - é como se a cada instante eu lembrasse de como ele me tocou ontem.
- ele é bem dotado como dizem ?
- hey seu pervertido, isso não é coisa que se pergunte.
- claro que é, mas pela sua resposta imagino que ele tem um mastro no meio das pernas. - ele ri de mim descaradamente.
- belo amigo você em. - bufo, estacionando o carro no estacionamento do mercado.
- ah meu amor, daqui a pouco eu estarei na sua casa. Quero saber de tudo.
- tudo bem, mas se você não for dessa vez eu mato você.
- estarei lá em quinze minutos.
- beijo.
- tchau vaca.

Pego o celular, a bolsa e as chaves e fecho o Fufu. Entro no mercado e coloco a peça de queijo que vovô pediu no cesta de ferro em meus braços, passo pelo setor de besteiras e pego alguns salgadinhos, bolachas e uma barra de chocolate.

" "

- vovô, vou deixar suas compras em cima da bancada da cozinha preciso de ajuda para pegar a ração do Charlie no carro. - entro pela porta da cozinha e deixo o queijo sobre a bancada.
Indo pra a sala com minhas sacolas besteiras nas mãos encontro Sammy e vovô em uma conversa animada, sorrio e corro para me jogar no colo do meu amigo.
- que saudades Sam. - aperto suas bochechas.
- precisava se jogar no meu colo sua atrevida. - ele me abraça e ri.
- vocês se merecem em, dois malucos.- vovô resmunga.
- Sammy, precisou que você pegue pra mim o saco de ração do Charlie no porta malas do Fufu, por favor.
- claro que pego mas primeiro : quem é Charlie ?
- meu gato, deixaram ele ontem na porta de casa e vovô deixou eu ficar com ele.
- hum, e cadê esse bicho que eu não vi ainda ? - ele me tira de seu colo para olhar embaixo do sofá.
- deve estar por aí, Jajá ele aparece. Agora vamos por que ainda precisamos conversar.
- ah se precisamos.

GraysonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora