XIV - A luz que habita em você

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Em minha história, sempre pensei que é raro encontrar alguém que veja o mesmo mundo que eu, mas descobri que é possível sim. Existem bilhões de pessoas no mundo e apenas uma esperando a hipótese de ter alguém como você, com as suas qualidades, beleza, sentimentos e defeitos, porque sim, possuímos muitos deles.

Os médicos poderiam dar qualquer diagnóstico, mas eu continuaria pensando em como minha vida sai do rumo rapidamente. Dois acidentes e várias histórias, tristezas, felicidades completam minha jornada até aqui. Diante disso, eu não poderia estar mais preparada para as coisas futuras como estou agora. Começo a entender que tenho forças recarregadas para correr atrás do que me faz bem, e assim, mesmo com todos colocando a mão em minha cabeça para que eu afunde, a alma que habita em meu corpo renasce com todas as cicatrizes e pensamentos que conquistei tudo o que queria e o ponto mais importante: a felicidade.

Quando despertei do coma, consegui sentir como meu corpo lutou contra tudo e todos para que eu sobrevivesse. Apenas uma força estava sobre mim, fazendo de tudo a favor da vida. A memória que passou pela minha cabeça está fixada, mas ainda sem entendimento. Associar pensamentos dispersos e tentar entender o que significam está longe de conseguir agora.

A felicidade não poderia estar mais visível em meu rosto, o dia de finalmente retornar para minha casa chegou. Depois de três meses no centro destas paredes brancas, vou novamente ver o sol brilhar no perfeito azul do céu. A saudade de olhar a natureza e talvez até o vizinho chato que só faz obras em sua casa, está grande.

O médico bate a minha porta e entra no ambiente sorridente, sua expressão de "missão cumprida" contagiou os quatro cantos deste quarto, me levando junto também.

— Vejo em seu rosto que não vê a hora de colocar os pés para fora deste hospital — o médico diz.

— Não irei negar, estou ansiosa para que isso aconteça — sorrio.

— Você ainda consegue sentir suas pernas? — pergunta.

— Sim — digo mexendo o pé direito.

— Consegue firma-las ao chão?

— A última vez que tentei, senti um pouco de dor — confesso.

— Qual o grau da dor?

— Não é forte, apenas um incômodo.

— Você precisa acostumar elas novamente, é como se você voltasse a ser um bebê e irá aprender como andar — explica.

— Pode parecer fácil, mas não é — suspiro.

— Sei que não, mas sua fisioterapeuta está aí para te ajudar na sua recuperação. Pode parecer tudo novo para você, inclusive, nenhum médico está sabendo explicar o que houve naquele acidente para que suas pernas voltassem a vida — explica.

— Para ser sincera com você, creio que não tem explicação — sorrio fraco.

— Com explicação ou não, estamos felizes que você se recuperou e está mais feliz que nunca — sorri.

— Assim eu me emociono — sorrio.

— O rapaz que te visitou esses meses, está chegando para levá-la a sua casa — coloca o aparelho em meu braço para aferir minha pressão.

Eu Ainda Pinto Flores Para VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora