Victoria

A rodoviária estava silenciosa, como era de se esperar em uma hora dessa, os sons que mais ouviam-se eram dos próprios ônibus, que às vezes alternavam com os das televisões que situavam por perto ou mesmo John fazendo barulhos desnecessários.

A espera pelo ônibus me deixava ansiosa. Não como a última maneira, dessa vez qualquer perda de tempo pode fazer diferença. Principalmente porque não temos ideia do que nos espera. Me levantei do banco desconfortável que sentara e permaneci em pé. Repentinamente, me veio um pensamento na cabeça.

- Tudo isso não parece suspeito para vocês? E como ele supostamente foi sequestrado? Por que uma pessoa faria isto? - pergunto

Eles viraram a cabeça ligeiramente.

- Não - disse John, agitando a cabeça de maneira negativa com as sobrancelhas franzidas.

- Talvez você tenha razão, se fomos pensar, é até irônico de pensar assim! - disse Naoko, expressando um leve sorriso.

O nosso ônibus acabara de chegar.

- Rápido, não temos mais tempo. Não quero mais problemas! - disse o tio da Naoko com uma cara ranzinza.

Pegamos nossas bagagens e passamos pelo chato processo de revisão de passagens e identidades. Entramos no ônibus.

Escolhemos os primeiros assentos, sentei-me ao lado da Naoko, era menos perigoso do que sentar perto de John.

Não demorou muito para que o ônibus saísse daquele lugar e as paisagens repetidas vissem a visão.

O silêncio predominava neste momento. Ainda era cedo mas já sentia a imensa vontade de dormir.

Acordei com a imensa vontade de dormir novamente, não estávamos mais nas paisagens florestais, o ônibus acabara de parar.

– Querem descer? – pergunta repentinamente o tio da Naoko.

Após fazer esta pergunta ele fez uma cara de desprezo e sai com rapidez. Naoko o acompanha. Olho para o lado e vejo John que parecia cochilar tranquilamente.

Pelo menos desse modo ele não é irritante.

Infelizmente ele acorda. Assusta-se com eu o fitando seriamente.

– O que foi? – pergunta ele pausadamente falando de um modo cômico.

– Os outros dois desceram, o ônibus parece ter parado em um mercadinho.

Ele pareceu não se importar.

Eu sem querer expresso desprezo.

– Não sei por quê você se importa tanto com o Edward.

– John! Ele está perdido e corre perigo! Ainda se pergunta por que me importo?

– Você nem conhecia ele assim – disse ele em um tom nulo.

Respirei profundamente. E não voltei a falar com ele.

Não demorou muito para que os dois voltassem.

O tio da Naoko franziu as sobrancelhas.

– O que aconteceu? Ah, não preciso saber, tenho coisas a fazer – ele pegou algo do bolso e sentou em seu banco.

– Ignore – disse Naoko – Ele é assim mesmo, não fez por mal.

Já estava perto da metade do dia. Eu comecei a pensar em que o John falou era besteira, mas mesmo assim me veio a cabeça. Fazia algum sentido mesmo preocupar com Edward? Eu não estava me preocupando com meus pais em relação à isso, nem todos os outros que poderiam ter o mesmo em relação a mim. Era estranho eu me importar tanto com ele e simplesmente esquecer o resto. Mas algo me fazia considerar aquilo como muito mais importante do que eu imaginava. Eu nem chegava a entender o porquê de eu fazer isso, era como se alguém me apoiasse e me dissesse para realmente tentar, por mais que as evidências mostrassem o contrário.

Descendentes de GhostwrickWhere stories live. Discover now