O trem estava em movimento, entre o canal da Mancha. O café estava aberto, servindo ao passageiros, enquanto Garota de Ipanema tocava no ambiente.
Na classe econômica, Harry Styles estava adormecido, encostado na janela e de fones. Louis estava sentado na sua frente, aconchegado na poltrona, olhando o diário rasgado de Frederick Styles. Retalhado com raiva, algumas páginas se salvavam.
Muitas das palavras de Frederick era sobre sua adolescência e sua vida em Paris. Brigas com o pai, descrições dos lugares que viajou e várias poesias. Deixando de lado, ele foi para as coisas do avô, onde por fim, ao pegar algumas cartas sem envelope, um papel dobrado caiu.
Louis desdobrou o papel e encontrou um desenho de Frederick. Assinado por Keith, no canto da folha, datado de 1956, Frederick estava adormecido, com um chapéu escorregando de seus cabelos pintados com o grafite do lápis.
Por um momento, Louis o achou parecido com Harry. A forma do rosto e da barba, principalmente.
Pelo visto, o talento para desenho era hereditário.
Harry era encantador. E Frederick também deveria ter sido.
Motivado por aquele desenho, Louis guardou as coisas dentro da bolsa, e então, pegou seu moleskine. Com a caneta nanquim que ele guardava no bolso da camisa, começou a desenhar Harry Styles adormecido.
Louis nunca se sentiu tão apaixonado. Não só por Harry, mas pelo momento. Após tantas tristezas, a tragédia de ficar de cadeira de rodas por meses, a rejeição de seu pai e a perda de alguns amigos, o fizeram apenas focar em seu avô e no trabalho. Por agora, ele estava ali, rumo à Paris, contando com a sorte, dinheiro e Harry.
Ele contornou o rosto dele e ficou cantarolando uma velha canção francesa.
Quando estavam por fim, saindo do túnel, Harry acordou. Bocejando, ele não percebeu que Louis estava escondendo o caderno dentro da bolsa rapidamente, ficando corado.
— Estamos chegando?
— Falta meia hora — Louis pegou seu suco na mesa — Dormiu bem?
— Maravilhosamente. Está bem? Você está vermelho.
— É só a excitação da viagem.
— É claro — Harry se arrumou — Então...
— Então...
— Por que não conversamos um pouco?
— Você gosta da sua profissão? — Louis perguntou, tentando desvair. Harry sorriu.
— Dar aulas de defesa pessoal não é um sonho, mas paga as contas — Harry mexeu os dedos — Ganho bem, não tenho do que reclamar. Só do Zayn dormindo na mesa dele quase o dia todo.
— Qual seu sonho? Do que você queria trabalhar?
Harry se encostou na mesa. Olhando para os olhos de Louis, ele suspirou.
— Eu queria ser dono do meu próprio negócio.
Louis arqueou as sobrancelhas.
— Sério?
— Sim.
— Um bar?
— Seria demais, não? — Harry se aproximou — Ter clientes, música e coração. Dedicar a isso. Seria uma vontade que tenho, mas pouco se cumprir. Desde que Frederick enviuvou-se, dedico muito tempo à ele.
— Digo o mesmo de Keith.
O trem ainda continuou andando.
— Louis, você já amou alguém?
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Alabama Song ➳ Larry version
FanfictionNa década de 50, na idade do ouro no cinema e Elvis reinava na terra da música, o jazz ainda tocava nas ruas de Paris, Frederick Styles tomava conhaque no Le Trous, e Keith Tomlinson era um aspirante à escritor que amava a vida. O caminho dos dois f...