Capítulo 63

37.2K 3K 262
                                    

- por que não pergunta isso para Raven. - ele me olha confuso. - como vocês andam bem íntimos acho que ela poder te dar os parabéns como você merece.
- do que você está falando Mia ? - ele cruza os braços.
Pego meu celular no bolso traseiro do short e procuro na galeria a reposta que ele precisa.
- eu tô falando disso Grayson. - viro o celular em sua direção.
O misto de surpresa, raiva e um traço de culpa surge em seu rosto, os olhos analisam a imagem e eu guardo o meu celular de volta sem deixar Andrew olhar demais.
- vai me dizer o que é isso ? - cruzo os braços.
- não aqui. - ele tenta pegar em meu braço mas eu desvio.
- não vai me tocar até me explicar que merda era aquela .- respiro fundo.
- então vem comigo.
O sigo até o vestiário masculino e ele tranca a porta, me sento em um dos bancos e cruzo as pernas enquanto Andrew retira a camisa suada do jogo e se escora na grande pia de mármore branco.
- Susan não pode ficar em casa ontem a tarde por que tinha que ir comprar as coisas pra fazer o jantar e só me falou isso quando Raven tinha acabado de tocar a campainha. - ele molha os lábios com a língua . - não queria ser grosso com ela a mandando embora até por que ela havia acabado de chegar, então eu a convidei pra entrar.
- vá direto ao ponto. - o corto.
- enquanto eu estava fazendo os ajustes necessários no desenho ela de algum jeito se aproximou sem eu perceber, não sei como, mas acho que o pensamento de Daniel estar em sua casa com você não me deixava muito alerta.
- direto ao ponto Andrew.
- quando eu fui pegar meu celular para ligar para Susan e ver se ela iria demorar no mercado retirei o cavalete da minha frente e foi necessário momento que ela se aproveitou para subir no meu colo. Por Deus Mia, eu tentei retirar ela de cima de mim, mais ela cruzou os calcanhares atrás das minhas costas e me beijou. - e novamente eu já estava chorando baixo. - eu e empurrei forte, ela caiu no chão e eu a mandei embora. Não sei quando ou como ela tirou essa foto mas o beijo não foi correspondido.
- não é o que parece.
- por favor Mia. - ele se ajoelha a minha frente e pude ver em seus olhos uma leve culpa enquanto suas mãos pousavam sobre meu joelho esquerdo. - eu não beijei ela, acredita em mim.
- eu não sei o que pensar Andrew, me deixa sair por favor, conversamos depois sobre isso. - retiro suas mãos devagar de meu joelho.
- por que você não quer conversar hoje ? Quer ir a Festa do Jason ? - ele se levanta com rapidez e com a raiva transparente.
- eu só quero sair daqui. - me levanto também e limpo uma lágrima que estava perto do meu queixo.
- não, nós vamos resolver isso agora.
Saio da frente do banco e começo a andar em direção a porta, ao me virar para girar a chave uma das mãos de Andrew me puxa e sinto meu corpo se chocar contra a madeira gelada e com cheiro de tinta. Engulo seco quando ele me vira e prende meus braços ao lado do corpo com suas mãos fortes, mordo meu lábio inferior para não entrar em estado de pânico e olho em seus olhos. Raiva, dor, culpa e talvez arrependimento são sentimentos visíveis em seu olhar, a boca entreaberta denuncia que sua respiração está desenfreada e eu me mantenho calada esperando que ele comece a falar.
- eu não beijei a Raven. - ele encosta o rosto na curva do meu pescoço.
- eu sei que não beijou, mas você omitiu a verdade sobre ontem. - encaro o teto sentindo uma lágrima quente descer sobre minha bochecha direita.
- eu só não queria estragar o jantar. - o aperto em meu braço aumenta um pouco, mas nada que doa demais.
- você não ia estragar nada Andrew, era só ter me contado, talvez pudéssemos ter dado um jeito de você não ficar sozinho com o ela e com certeza teríamos evitado essa situação. - fecho os olhos.
- me perdoa, por favor, eu fui errado de não ter avisado antes e fui tolo em acreditar que ela iria se comportar, por favor Mia, não me deixa.
- só me solta por favor, não sou muito boa com esse tipo de abraço.- abro meus olhos devagar.
E como se a neblina em sua mente se dissipasse em segundos suas mãos largaram meus pulsos e sua cabeça se ergueu, os olhos verdes amendoados banhados por uma poça de lágrimas cristalinas e os cabelos bagunçados pelo contato com meu pescoço. A visão de seu abdômen me distrai por um segundo e eu continuo tentando não sair desse vestiário e me esconder no meu quarto. Suas pernas grandes o levam até a pia branca e ele se senta sobre ela, o olhar vazio e perdido me deixa mal de ter considerado a ideia de que o beijo tivesse sido correspondido. Com as pernas trêmulas ando até ele devagar e afasto seus joelhos, me enfiando no meio das suas pernas e levando minha mão direita até seu queixo, acaricio a pele macia e quente e faço com que ele me olhe. Estico meus pés e o abraço devagar, sentindo seus braços apertarem minha cintura e me puxarem para mais perto.
- me prometa que nunca mais ficará sozinho com aquela garota, eu sabia que ela não perderia uma oportunidade para tentar destruir o que temos, então, a qualquer contratempo me avise. Um relacionamento é baseado na confiança, não me faça desconfiar de você novamente, por favor. - ele apenas me aperta mais contra si e respira profundamente.
Batidas na porta são ouvidas e mesmo assim não nos movemos, a pele quente contra a parte exposta do meu abdômen e as mãos apertando a carne dos meus quadris confirmaram algo que eu havia pensado a alguns dias :
Andrew Grayson me deixou maluca.

GraysonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora