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Toscana,  Jardim dos Longuiani

- Mamãe, eu lhe imploro, quanto tempo mais terei de ficar capinando este terreno bruto? - Sienna reclamava, enquanto observava a mãe sentada em uma cadeira vitoriana de descanso, lendo os jornais italianos, tomando um licor de limão, apelidado de limoncello.

O Limoncello é um típico licor italiano que tem por base o limão siciliano. Provém (muito provavelmente) da região da Campania, advindo dos limões de Sorrento. Possuía um sabor muito adocicado e era muito apreciado por algumas famílias italianas. 

Para Amélia, era uma boa escapatória para um período turbulento que ela passava. Além do que, ela sentia-se extremamente poderosa sentada, descansando sob o sol da toscana enquanto bebia um drink e via sua filha Sienna fazer os mesmos trabalhos que outrora ela fizera quando era uma garotinha da Itália. 

Amélia lembra com muito desgosto o dia em que conheceu o homem que chamou de "amor para a vida toda". A jovenzinha Italiana se viu cativada pelo galante cavalheiro inglês Arthur York e pensou que ele seria sua salvação de toda aquela vida.

Os Longuiani eram uma rica família italiana estabelecida na Toscana. Mas, apesar do dinheiro que lhes enchia os bolsos, eles jamais deixaram que o contato com a terra se perdesse. Para Bianca Longuiani, estar entre as plantações, respirar o verde e o aroma das uvas colhidas era uma daquelas sensações fantásticas das quais todo ser humano deveria ter a oportunidade de experimentar.  

Nada seria capaz de limpar mais os pulmões do que aquela relação direta entre homem e fruto. Ao capinar a terra, Sienna estava limpando o terreno de todas as impurezas para que as irmãs York pudessem implantar um vinhedo único delas. De lá, poderiam tirar o sustento, o divertimento, e até uma própria filosofia de vida: abandone sua terra natal e vá para a Itália, onde a culinária surpreende e os vinhos mais ainda! 

A localização da fazenda de Bianca Longuiani era perfeita! A avó das irmãs York sabia muito bem as necessidades de crescimento de uma uva. O cenário levemente montanhoso da região em que se encontravam facilitava a drenagem do solo, e o clima de calor ameno, com inverno também ameno e geadas quase inconcebíveis, criavam a atmosfera perfeita para fazer com que as uvas e os vinhos Longuiani fossem admirados por toda a Toscana.

Amélia, no começo de sua vida, partilhava das opiniões da mãe, de que o vinhedo e perto da família era o melhor lugar onde poderia estar. Mas ela também era uma moça curiosa, inquieta, de sangue quente, e como italiana nata, queria descobrir o que a vida ainda poderia oferecê-la. 

Motivada pelo desejo de conquistar o mundo ao lado de um homem viajante como Arthur York e cansada do trabalho duro, no vinhedo, Amélia aceita o pedido quase imediato de casamento do conde que jurava amá-la apesar de ter acabado de conhecê-la. Não fora muito complicado para a mocinha Longuiani se estabelecer no cenário londrino. 

Depois, ao longo do casamento, passaram por muitos lugares até enfim chegar em Watford, quando já tinham três filhas moças, mas um casamento carregado de problemas, que se arrastava somente pela boa moral da época e dos escândalos envolvendo divórcios. Amélia havia se casado com Arthur pensando que um dia poderia tê-lo amado. 

Com o tempo, foi capaz de descobrir que o marido não poderia ser mais desrespeitoso, mal caráter e infiel, jogando ao fogo tudo o que prometeu a ela no altar, sob juramento sagrado. Ainda que estivesse extremamente magoada com ele, ela lhe agradeceria por ter gerado as filhas que tanto ama, e mesmo que o casamento com ele fosse uma tragédia e estivesse fadado ao fim desde que começou, ela não se arrependia de toda a forma. Tinha suas filhas com ela, sangue do seu sangue, e poucas são as coisas que os italianos valorizam mais do que a família. 

Quando Um Conde Se ApaixonaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora