Doncaster, 1991. Holmes Chapel, 1999.

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Quem é vivo sempre aparece! Gente, me desculpem pela demora, eu estive sem internet. Mas nesses dias off, eu adaptei muuuitos capítulos porque não esqueci dessa história maravilhosa. Vou postá-los em breve, beijos!

   

    

   

Dezembro era frio. A ala da maternidade gastava o gerador de energia na tentativa de manter o local quente e seguro para aqueles que ali estavam.

Naquela janela de vidro, a respiração de Keith embaçava o vidro. Nasceram muitas crianças naquele dia de 24 de dezembro. Muitas pessoas importantes, a maioria dos artistas.

Mas naquele dezembro de 1991, nasceu seu primeiro neto homem.

Keith já tinha quase 56 anos, não era mais jovem. Sua pele estava enrugada e as entradas de seus cabelos ficavam brancas com o tempo. No dedo, uma aliança de casamento, uma que ele não suportava o encargo.

Enfiando a mão nos bolsos, pegou aquele diário.

Aquele diário velho, surrado com o tempo. Tão ferido quanto seu próprio dono.

Ele passou o dedo por aquelas páginas que foram arrancadas, sem motivo algum. Sentiu a saudade arder entre seus dedos, suas lembranças mais dolorosas.

Se lembrou da vitrola no canto do quarto. Frederick e ele, bailando lentamente entre um abraço, onde Keith subiu com a ponta dos pés nos dele e eles dançaram lentamente, com o sereno da noite batendo na janela daquele quartinho de solteiro.

Da bagunça que eles fizeram no apartamento de Frederick, de palavras e tinta, de Claire rindo e batendo palminhas, enquanto deixava as marcas de suas mãozinhas no papel, enquanto Frederick e Keith tentavam redecorar uma parede com tinta e pincel.

As lembranças se tornaram dolorosas de repente. Como uma ferida que nunca cicatrizaria, como o grito descomunal da dor da perda.

Poderia se lembrar do grito de Frederick enquanto ele era arrastado para longe. Quando seu pai o segurou e lhe-deu um soco, quando viu Jack Styles aparecer e ambos brigarem e por fim, arrancar o relógio de bolso de Frederick e quebrá-lo em mil pedaços no chão. Quando Najila pediu desculpas, mas era tarde demais.

Uma lágrima escorreu de sua bochecha e viu algo se mexer. Entre a vidraça e ele, aquele garotinho de gorro amarelo, com o sobrenome “Tomlinson” escrito em uma pulseira, estava se mexendo e chorando. De cabelos negros, ele se mexia e chorava.

— Pai? — Mark apareceu.

Keith limpou os olhos e se virou.

— Mark... Achei que tivesse ido embora.

— Jay sentiu fome e eu vim entregar um pouco de comida — Ele parou na vidraça junto ao pai — Olhe para ele. Um menino...

— Estou orgulhoso e feliz por você, filho — Keith o abraçou — Charlotte irá amar o novo irmão.

— Ela está ansiosa. Não para de falar ao telefone — Mark riu — Que Alá seja bom conosco e com nosso novo integrante.

— Ele será — Keith se virou — Já tem um nome?

— Ainda não achei nenhum que combinasse com ele. Jay nem consegue pensar em um também, está cansada ainda.

O menino ainda se mexia, irrequieto. Keith suspirou lentamente.

— A enfermeira disse que ele nasceu com os olhos azuis. Imagine isso? Iguais ao do senhor.

Daria um nome bonito para uma criança de olhos azuis e cabelos castanhos. Feito os seus”.

Alabama Song ➳ Larry versionOnde histórias criam vida. Descubra agora