Capítulo Vinte e Um.

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O céu ainda estava em um brilho entardecido onde eles estavam dentro de um táxi, rumo ao hotel.

Durante o caminho, Harry rodava a chave entre seus dedos, enquanto Louis escrevia no caderno, ambos calados. Nada mais falaram desde que saíram da casa de Genevieve.

Para Harry, era complicado não imaginar como seria o amor à primeira vista de seu avô com Keith. Imaginou ele sentado em uma mesa, com seus cigarros e conhaque, vendo o rapaz limpar o balcão, rindo e servindo, enquanto Frederick e seu caderno, escrevia coisas sobre o par de olhos de Keith.

Olhando de relance para Louis, tentou um pequeno contato.

— Sabe, Louis...

Mas o telefone dele tocou. Louis o ignorou.

— Ah? Pierre! — Ele sorriu — Ah, sim... Eu estou indo para o hotel agora. Sim, claro. Só vou tomar um banho, é claro que eu quero! Te vejo em vinte minutos.

Ele desligou.

— Louis?

— Eu estou saindo nessa noite — Louis fechou o caderno, rapidamente.

— Com quem?

— Uns amigos da faculdade, eles estão morando aqui em Paris e eu mandei mensagem para eles. Vamos sair para um bar.

— Mas...

— O quê?

— Estamos aqui para resolver um mistério. Não para ficar bebendo com franceses. Eu estava pensando... Da gente... Sabe, jantar. Juntos e depois ir ao Le Trous...

— Olhe — Louis estava vendo a fachada do hotel — Nosso último jantar foi desastroso. E ainda mais, está tarde demais para ir naquele bairro e abrir aquele prédio. É só uma noite. Estou precisando de sexo, de beber e de fumar um pouco.

— Mas Louis...

Louis pagou o taxista e saiu do carro, antes que Harry falasse mais alguma coisa.

   

    

Ele subiu correndo para seu quarto e bateu a porta, sem olhar para trás. Ver Harry lhe doía o coração, ver qualquer coisa relacionada a Harry estava o machucando. 

Sentia-se apaixonado cada vez mais por ele. Seu moleskine que escorregou dos seus dedos assim que entrou no quarto, abriu-se no desenho inacabado de Harry, na janela do táxi. Assim como os outros que ele fizera, se espalharam pelo carpete fino e macio do quarto. Em um tórrido momento, ele foi até as coisas de seu avô e encontrou os desenhos feitos de Frederick. As folhas amareladas e velhas, cheirando a poeira e passado, se mesclaram com as folhas brancas e novas de Louis.

Por minutos, ele apreciou toda aquela bagunça. A bagunça que o amor causava, a zona de sentimentos, a lamúria de uma paixão mal feita. 

Por Deus, ele tinha que esquecer Harry! Ele não era teu, jamais seria. Nunca em sua vida, Harry o amaria, do jeito que ele estava amando.

Estavam ali por seus avôs, apenas isso. Depois disso, só o futuro poderia saber.

Escorregou até o chão, encostando suas costas na porta.

—  Maldito sentimento —  Ele murmurou —  Maldito Harry!

   

    

    

   

Passava das sete e meia, quando Harry escutou a porta de Louis se fechar e ele sair em passos rápidos. Louis demorou quase duas horas para sair do quarto, depois que subiu correndo feito um fantasma com medo da luz.

Alabama Song ➳ Larry versionOnde histórias criam vida. Descubra agora