Prisão Domiciliar

3.2

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— Isso é sério? Tudo isso para impressionar um cara e um bando de gente que provavelmente nem sabe o seu nome? — soou confuso, estreitando os olhos para a ruiva deitada ao seu lado.

Scar respirou fundo, terminando de preencher o coração que havia desenhado com a caneta no braço de Damien. Havia começado a rabiscá-lo quando se sentiu sufocada pela intensidade do seu olhar, que havia estado sobre ela durante todo o tempo em que ela narrou o que havia planejado. E também porque sentia vergonha em admitir o plano em voz alta.

— Não é sobre eles, é sobre mim — deu os ombros.

— Ah, é? — provocou, fazendo que ela formasse um bico.

No fundo ela sabia que tudo aquilo era mais pelos outros do que por ela mesma. Mas não queria admitir.

— Não importa — tampou a caneta e a deixou sobre a cômoda, observando o resultado da arte na pele de Damien. — É minha decisão, é o que eu quero. E eu vou assumir as consequências.

Ergueu os olhos até os dele, sabendo que o havia calado, mas esperava que não tivesse soado grosseira.

Porém, Damien não parecia ter se ofendido pelo tom. Apenas continuava olhando para ela, daquele jeito estranhamente íntimo que a deixava desconcertada enquanto levava o cigarro aos lábios.

— E você? — ela puxou papo, se acomodando entre os lençóis.

— O que tem eu?

Scar engoliu em seco, lembrando do escritório que havia visto no corredor. Sentiu calafrios por todo o corpo com a mera lembrança. Não havia nada assustador naquele cômodo, mas ainda assim, algo sobre ele a incomodava. Ela só não sabia dizer o que era.

— Por que tenho a impressão de estar olhando para um cara que tá em uma missão?

Damien sorriu, tragando o cigarro sem pressa.

— Eu pareço fazer o tipo cara aberto?

Ela curvou os lábios em um sorriso e negou com a cabeça.

— Eu já te enchi com o meu drama colegial. É justo que você me conte alguma coisa em troca. Quando foi a última vez que você falou com alguém? — ergueu as sobrancelhas, sorrindo vitoriosa quando o rapaz permaneceu em silêncio. — Problemas de confiança?

Ele riu pelo nariz, observando os desenhos formados pela fumaça soprada através de seus lábios partidos.

— Você pode dizer isso.

Scar batucou os dedos contra o travesseiro, pensativa.

— Veja por esse lado... Amanhã será como se essa noite nunca tivesse acontecido. Eu vou voltar para a minha vida e você vai tocar com a sua, então não vai fazer diferença. Só aproveite esse momento. De estranho para estranho.

Damien se manteve imparcial, encarando-a sem esboçar qualquer reação mais profunda. Apenas fumando e a observando, sem parecer cansar de correr os olhos pelos traços dela.

Scar respirou fundo e insistiu.

— Vamos lá... Você acha que eu contaria sobre a minha vida patética no colégio se eu achasse que você estaria aqui amanhã para me julgar? Você pode me contar, eu prometo — assegurou, buscando transparecer confiança pela forma doce com que o encarava.

Ele mordeu a boca, acariciando distraidamente o filtro do cigarro com o polegar enquanto parecia pensar sobre as palavras da garota.

Scar achou que ele não iria responder, mas o peito nu do rapaz subiu e desceu com intensidade quando ele suspirou, erguendo os olhos negros em direção aos dela, intrigados.