Uma Vida - Inacabada

You Are The Reason

Você É A Razão

Se eu pudesse fazer o relógio voltar

Faria com que a luz derrotasse a escuridão

Eu passaria cada hora de cada dia

Mantendo você segura''

(2018 - Calum Scott) 

Vinte e oito

Calebe

Ela me observa nos olhos enquanto nossos rostos se afastam, a mesma sorri para mim dizendo que vai a cozinha pegar algo para beber e comer. Eu concordo com a cabeça que é a única coisa que da para ver direito nesse som alto, vejo-a partir em direção a cozinha colocando a mão na cabeça, deduzo que ela esteja com dor de cabeça. Respiro fundo enquanto sinto dentro de mim que ela não se sente confortável nessa festa, ainda mais com seus braços amostra e com medo de alguém falar algo que ela não goste, no entanto, ela está linda para mim e sempre estará.

Subo a escada indo conversar com uma colega da escola que chama minha atenção, cumprimento-a educadamente e vejo-a apresentar seus novos amigos da sua turma do primeiro ano. Sorrio para ela a ouvindo falar das coisas que eu e Nadia perdemos todo esse ano separado, saber que Nadia perdeu muito mais me faz ficar profundamente triste, eu faria de tudo para mudar o que houve. Perde-la durante aqueles meses, foram os meses mais difíceis que eu já vivi em toda a minha vida, nem quando minha mãe me abandonou, doeu tanto.

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Cubro minha cabeça com o capuz enquanto esfrego meu olho esquerdo, não durmo bem há dias. E nem mesmo Daniela entende o que estou sentindo nesse momento, ela tenta me consolar dizendo que ela vai voltar, mas algo dentro de mim fala que mesmo que um dia ela voltar, nada vai ser como antes. Nadia não vai ser como antes e isso dói demais, me sinto culpado por ela não esta aqui comigo, me sinto culpado por não ter protegido ela, prometi que a protegeria, e eu falhei. As pegaram, e eu tenho medo, medo que tudo que me dizem seja mentira. E se, ela não voltar? Não voltar para mim? O que eu vou fazer?

Respiro fundo afastando a vontade de chorar enquanto observo seu armário, com uma foto grudada escrito ''desaparecida desde 10 de abril. '' Passo minha mão pela folha enquanto fecho meus olhos relembrando das risadas delas, dos sorrisos que dávamos enquanto trocávamos cartinhas dentro da sala, de quando eu tive que engolir um papelzinho, pois, a professora pegou-me passando cola para ela. Ela riu, riu tanto e eu senti meu coração palpitar tanto naquele dia, ela estava feliz, e sentir que ela nunca mais vai ser feliz como esse dia me dói demais. Percebo alguém colocar sua mão em meu ombro, eu observo por trás do meu ombro e noto seu sorriso fraco e eu tento sorrir, mas nada sai e eu digo baixo:

— Não. Deixe-me sozinho, por favor.

Novamente ela sorri fraco para mim e acena positivamente com a cabeça se afastando de mim, respiro fundo enquanto vejo-a sumir pelo corredor olhando às vezes para trás me observando. Sei que ela consegue entender minha dor, mas não quero conversar, não quero ouvir nada. Só quero ficar com os meus pensamentos torturantes e acreditar que ela vai voltar para mim, que vai voltar para eu conseguir, enfim, dizer o que eu sinto a ela.