Benito estava escutando jazz no rádio, quando Harry e Louis quase atravessaram o balcão de sua banca.
— Benito! — Harry gritou, e o velho se assustou.
— Seu filho de uma puta! — Ele se assustou, apertando o peito — Não se grita o nome de ninguém assim, principalmente quando se tem idade pra ser um fóssil!
— Desculpe — Harry se abaixou — Precisamos falar com você.
— Sobre?
— Sabemos quem você é, Benito Sempere — Louis mostrou a foto que tinha guardada, a foto de todos juntos — Você precisa falar com a gente.
O velho então, sorriu.
— Bem, achei que vocês nunca saberiam quem eu sou. Genevieve, não é?
— Sim, ela — Harry respondeu — Você sabia que iríamos falar com ela e iria falar sobre você, não sabia?
— Sempre soube — Ele apagou o cachimbo — Venham, preciso fechar isso aqui.
Ele se levantou da poltrona e começou a recolher os jornais e desligou o rádio. Louis e Harry o ajudaram a colocar as revistas para dentro, enquanto ele trancava a porta e fechava o balcão.
— Então, você vai á pé ou de táxi? — Harry perguntou, quando fecharam tudo. Benito apenas tirou o celular do bolso — Um Iphone novo — E discou algo.
Em minutos, um carro preto parou perante eles. Um motorista de terno e gravata, desceu.
— Boa tarde, Sr. Sempere! — Ele sorria — Já encerrando tão cedo?
— Tenho visitas — Ele apontou para Louis e Harry — Eles vão comigo, Gil.
— Não tem problemas — Ele cumprimentou — Vamos?
Harry e Louis estranharam desde do começo. O carro que eles estavam sendo levados era um carro bastante caro, um Audi A4 Sedan, preto. Ele não falava nada, apenas assobia algo e fechava os olhos. A bengala no colo e silêncio.
Depois de dez minutos, eles pararam. Um portão de ferro se abriu, e mostrou um casarão de três andares, muito bem pintado e arrumado. Um quintal extenso e jardins. Harry e Louis ficaram de boca aberta quando viram o requinte daquele lugar.
O carro parou e a porta foi aberta. Eles desceram depois de Benito. Assim que puseram os pés para fora, viram cinco crianças brincando: Dois meninos, de sorriso inocente, e mais três meninas, uma delas, cadeirante. Quando o menino negro os viu, levantou o outro.
— Frances, grand-père est-ici! — Ele sorriu. O menino levantou a cabeça e pegou uma bengala.
Harry e Louis então entenderam: O garotinho era cego.
As meninas vieram, empurrando a cadeira de rodas da outra e o garotinho negro, vindo atrás paciente com o menininho. Eles rodearam Benito.
— Grand-père! Grand-père! — Eles falavam em coro.
Benito beijou a testa de cada um deles.
— Comment était la journée? — Ele falou em francês.
— Drôle. Frances a appris á lire en braille et Vivien est capable de bouger ses jambes — A menina que segurava a cadeira de rodas da outra respondeu.
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Alabama Song ➳ Larry version
FanfictionNa década de 50, na idade do ouro no cinema e Elvis reinava na terra da música, o jazz ainda tocava nas ruas de Paris, Frederick Styles tomava conhaque no Le Trous, e Keith Tomlinson era um aspirante à escritor que amava a vida. O caminho dos dois f...