Carry On Wayward Son

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Siga em frente meu filho desobediente 

Siga em frente meu filho desobediente 

Haverá paz quando você estiver terminado

Coloque sua cabeça cansada para descansar

Não chore mais

( Kansas - 1976)

( Kansas - 1976)

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Trinta e sete

Desloco-me correndo pela rua enquanto olho sobre o ombro Camila atrás de mim andando vagarosamente, como se não estivesse contente de eu estar aqui, com ela. Tento pegar na maçaneta da porta, no entanto, minha mão penetra a porta e eu apenas a atravesso correndo com meus olhos a procura de Calebe. Noto Calebe cabisbaixo sentado numa cadeira ainda olhando suas mãos com o meu sangue e tremendo sem parar. Tento tocá-lo, mas Camila segura minha mão negando com a cabeça e eu respiro fundo sentindo lágrimas brotarem em meus olhos virando-me para trás no momento que noto ele elevar os olhos para mim, que na verdade, não sou eu. É meu pai atravessando as portas à procura dele, meu pai esta chorando. Calebe levanta-se atravessando a mim e de repente noto ele parar e observar em volta como se sentisse que eu estou aqui.

Ele balança a cabeça e corre em direção ao meu pai e os dois se abraçam como se fosse pai e filho. Eu sento-me no chão deixando as lágrimas descerem pelos meus olhos no tempo em que Camila segura minha mão sentindo como dói. Vejo os dois chorarem de soluçar de o corpo inteiro tremer, dor que não acaba mais, dor de me perder. Vejo-o observar a porta vendo Daniela procurando ele com os olhos, ele se solta dos braços do meu pai e corre em direção a Daniela abraçando-a enquanto diz em meio ao choro:

— Ela me deixou. Ela me deixou. Ela partiu igual minha mãe. — e afundou seu rosto no ombro dela chorando cada vez mais.

Daniela respira profundamente, tentando não chorar também e lança um olhar bravo para o marido que está franzindo o cenho, fazendo desfeita da dor de Calebe. Como se perder alguém não doesse, acho que quando a mãe de Calebe desistiu da família ele trancou a dor dele em um pote bem tampado para não sentir nada.

Respiro fundo me afastando deles olho Camila se levantando do chão e eu saio pela porta quando noto uma pessoa entrando. Caminho vagarosamente pelo telhado da casa de Paula reparando as estrelas começar aparecer. Essas horas todos já estão sabendo da minha morte e por um lado ela é a que está a mais sentir minha perda. Pulo do telhado parando na varanda de seu quarto nota-a pelo vidro chorando em sua cama com o rosto afundando nos joelhos. Chego perto dela sentando na beirada da cama enquanto ouço reclamando consigo mesma:

— Por quê? Por que tinha que ser ela? Por que tinha que ser minha mãe? Qual é o problema de eu gostar de alguém? Por que morte, você vai lá e arranca de mim como se não fosse nada? — articula as mãos no ar bufando.

Uma Vida - InacabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora