XXXI

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Toscana, Taverna Felicità nella bevanda

Bonito, bem vestido e cheiroso como ela se lembrava. Ele estava até mais charmoso do que ela poderia imaginar em seus sonhos que teve com ele depois de conhecê-lo.

- Eu ainda uso os sapatos que sua mãe sujou de café. - O marquês de Vicenza admitiu, encostando os braços sobre a bancada, se aproximando de Helena. - Aliás, eles precisavam mesmo de uma lavagem, e saiba que foi impossível de usá-los enquanto não estivessem devidamente limpos.

- Não entendo por que está me relatando tais murmurações, se é alguma forma de flerte ou uma repreensão por ter uma mãe desastrada. Mas, de todo modo, receba minhas sinceras desculpas. - Helena disse, olhando para baixo. Ela estava extremamente envergonhada. Lia tanto sobre homens sedutores e de atitude, que chegavam em um ambiente e o iluminavam com sua presença. Estar diante de um tipo desses era assustador.

- Você é sempre assim? - Matteo questionou, tentando abaixar a cabeça também para encontrar os olhos dela.

- Do que está falando? - Helena pergunta levantando seu olhar, e ao encontrar os olhos de Matteo ela perde a respiração por um momento, e sente um rubor subir as faces instantaneamente. Ele estava próximo o suficiente para que ela conseguisse sentir um hálito forte de limoncello, assim que voltou a respirar de maneira efetiva. 

- O meu jeito assertivo a incomoda? Eu odiaria ser um importuno para uma dama. - Matteo diz, sincero. Apesar de muito conquistador, ele sabia que certos limites deveriam ser respeitados na hora da conquista. Por um momento ele se afasta. 

- Você está fazendo perguntas demais, talvez fosse melhor somente me deixar aqui sozinha, observando o ambiente. Estou com minha irmã, e estou escondida de minha mãe. Quero provar a todos de minha intrepidez, e do que sou capaz quando desejo algo.

As palavras de Helena eram tão inocentes e ingenuas que Matteo pensou ser um loucura que uma garota tão pura como ela estivesse em um lugar tão controverso como uma taverna. 

Seu instinto  protetor o avisava que ele devia tirá-la de lá o mais rápido possível, antes que algum almofadinha tentasse se aproximar de maneira nada respeitosa. 

No entanto, ele mal a conhecia, por que sentimentos tão fortes o incomodavam para protege-la? O que os olhos dela diziam sobre sua atual situação na taverna?

Ainda sim, tirando-a de lá, se assemelharia com qualquer cavalheiro que retirasse uma dama da taverna por que ela não deveria estar lá. Seria grosseiro da parte dele impedi-la de se divertir só por que aquele lugar não era adequado, de acordo com os padrões da época.

Quem definiria o adequado, afinal? Por que, ao invés de dizer as mulheres: "seu lugar não é aqui, pode ser perigoso", os homens não são ensinados a respeitar as mulheres, sob qualquer circunstancia e em qualquer lugar? 

Matteo refletia, olhando para ela, enquanto Helena se afogava nos olhos azuis do marques, e admirava como seu cabelo escuro e sua franja caiam sob seu rosto de maneira incrivelmente atraente. 

Seu perfume, era semelhante a vinho ou algum tipo de bebida com álcool, mas era um cheiro forte e de presença, como se Matteo vivesse sempre em campos de produção de uvas e vinhedos. 

Helena estava curiosa para descobrir um pouco mais sobre o marques, mas jamais teria coragem de admitir. Sua coragem para aquela noite já tinha ultrapassado os limites. Na realidade, desde que chegou a Itália, ela mudou de atitude e passou a ser mais receptiva, simpática e arrojada, pensou comigo mesma. 

Na Inglaterra, ela jamais se imaginaria com tanta bravura e ousadia, na realidade, ela jamais se imaginaria em qualquer situação parecida com as quais vinha passando na Itália. Tudo o que sua família italiana vivia naquelas plantações, parecia como um sonho tranquilo. Helena não era uma moça propriamente da cidade. 

Quando Um Conde Se ApaixonaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora