Capítulo 133

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Passo meu braço pelo de Sam, tentando me sentir menos confusa com as indagações do senhor Scott antes de começar a aula. Balanço a cabeça, permitindo que os bons pensamentos sobre a semana agitada que está por vir e correspondo ao sorriso do meu amigo.
- você não me mostrou sua tela, ficou tão boa assim ? - pergunto, encarando seus cabelos quase loiros.
- ah morango, em meio a tudo o que anda acontecendo eu esqueci.
- entendo, vou considerar que você está guardando como uma surpresa, okay ? - aperto seu braço de leve.
- claro, garanto que você vai se chocar com os meus dotes artísticos.
- oh, claro ! - rio baixo. - que tal você e seus dotes artísticos item comigo no Mark's hoje ?
- a noite ? - ele estica o braço restante para pegar no corrimão.
- pode ser. - começamos a descer as escadas para o térreo.
- só nós dois ?
- como nós velhos tempos ! - sorrio.
- tudo bem, me pegue às oito.
- okay.

" "

Largo o celular sobre a mesa da sala de jantar e abro a caixa escura que nela está deitada, a tela continua embrulhada em um saco de tecido macio na cor branca. Pela janela de vidro observo o vento balançar as folhas da árvore do meu quintal, algumas até chegam a cair e seguir o rumo dos sopros gelados, outras apenas permanecem firmes em seus galhos. Com a ponta dos dedos fecho a caixa, deixando o papelão liso e duro cobrirem a imagem que já me tirou o sono. Passo a língua pelos lábios e enfio o celular no bolso traseiro da calça moletom cor de rosa, apago as luzes ao sair e me jogo no sofá, olhando meu avô dormir profundamente no sofá de três lugares com a televisão ligada em um filme mais velho do que o tempo. Estico o braço e apanho o controle ao lado da almofada na qual ele está dormindo, desligo a televisão e largo o controle sobre a mesa de centro, logo ao lado de algumas revistas e jornais que meu avô gosta de ler. Com os dedos, acaricio meu couro cabeludo, desfazendo os nós que o coque mal feito na hora do banho causou aos fios avermelhados. Meu celular vibra por debaixo da minha nádega esquerda e eu o pego depressa, vendo logo que Sammy me mandou uma mensagem.

Abre a porta.
Amorzinho 😍.

Não íamos sair às oito ? E o que faz aqui ?
M.

Abre a porta morango, te explico tudo.
Amorzinho 😍.

Devolvo o celular para o bolso do moletom e estico as pernas para fora do sofá, me levantando rápido e andando na ponta dos pés até a porta. Giro a chave, abrindo meu melhor sorriso ao ver meu amigo com um cupcake nas mãos.
- isso é para mim ? - pergunto já comendo com os olhos a fruta vermelha no topo do chantilly cor de rosa.
- claro morango, para quem mais iria ser ? - Sam rola os olhos e entra de uma vez.
A mochila pendurada nos ombros, ele me estende o cupcake e eu o pego com vigor, já sentindo a boca salivar.
- eu não tinha que ir buscar você ? - toco a cereja com os lábios e mordo a ponta, sentindo o sabor se espalhar pela minha boca.
- prefiro usar suas coisas para me arrumar. - ele pisca o olho esquerdo e se vira, logo parando de falar ao ver meu avô dormindo.
- vamos lá para cima.
Me coloco a frente dele e mordo um pedaço do bolo, agradecendo mentalmente por Sammy me entender tão bem. Subimos a escada e ao chegarmos no corredor Sam me cutuca, me fazendo olhar em sua direção antes de abrir a porta do meu quarto.
- quer ir em uma balada ? - sua mão para em meu ombro direito.
- não sei se é uma ....
- não diga isso, é claro que é uma boa ideia. - ele passa por mim e se enfia dentro do quarto.
- Sam, melhor irmos apenas no Mark's.
Me coloco para dentro e observo quando ele deixa a mochila sobre a cama e caminha até o closet, quase se enfiando dentro da arara de roupas. Vou até a porta do pequeno cômodo e cruzo os braços ao me escorar no batente de madeira, Sam tem em suas mãos um vestido na cor branca justo e curto e na outra outro vestido, mas em um vermelho vívido e ambos de mangas compridas.
- está frio para usar vestido Sam. - abaixo a forminha do cupcake e mordo mais um pedaço do bolo, sentindo o recheio de chocolate.
- não, é só você colocar uma cinta liga por baixo. - Sam olha sugestivamente para o vestido vermelho.
- Sammy, nós não vamos a uma balada. - tento o impedir de me convencer a ir.
Mas sei que ele vai vencer no final.
Por mais que eu tente convencê-lo do contrário.
- não, nós vamos a uma balada depois que sairmos do Mark's. - ele se vira para o espelho, colocando o vestido vermelho né frente do próprio corpo.
- Sam, eu não sei o que deu em você hoje, mas eu não quero ir a uma balada. - enfio o resto do bolo na boca,  o chantilly se espalhando por todo e qualquer espaço restante que o bolo não ocupou.
- morango, eu ganhei convites VIPs para a inauguração da balada de um amigo e quero usar eles com você. - Sam deixa o vestido branco em um dos ganchos e se vira para mim. - por favor Mia, só uma vez pelo menos, não pense nas consequências e vem comigo.
Mordo o lábio forte, engolindo a massa em minha boca e sentindo o peito apertar. Os olhos de Sammy permanecem em mim, analisando minha expressão enquanto penso se é uma boa ideia.
- tudo bem, nós vamos. - fecho os olhos por um momento.
- obrigada meu amor. - ele corre para me abraçar e quase derruba o vestido no chão. - prometo que não vai se arrepender.
- eu espero.
- tá, agora eu vou tomar um banho enquanto você se veste, okay.
- não vou com esse vestido ! - digo decidida a não usar aquele pedaço de pano.
- claro que vai, você vai usar esse vestido meu amor e vai dançar a noite toda, como se o amanhã não existisse.
Suspiro pesado e o encaro com o cabide pendurado em um dos dedos, as sobrancelhas arqueadas e um sorriso maldoso nos lábios.
- você não vai me deixar em paz se eu não aceitar usar ele, não é ? - bufo, frustrada por Sam ser tão persuasivo.
- não mesmo, pode ter certeza.
- okay.
Pego o cabide de suas mãos e coloco o tecido para perto do corpo.
- agora eu vou tomar banho, se vista e deixe a maquiagem e o cabelo por minha conta.
- o que eu uso nos pés ? - ajeito os óculos.
- sua bota over knee.
- você pensa em tudo, não é ?
- claro, quão bom persuasivo eu seria se não soubesse o que você tem no guarda roupa ?
- você é um manipulador.
- sou mesmo, e agradeço a Deus por isso.
Sam apanha uma toalha branca na última prateleira do closet e a jogo por cima do ombro, deixando o closet rapidamente. Encaro o espelho ao lado da arara e me aproximo, pendurando o vestido no gancho ao lado da peça branca e esticando os braços para remover a blusa de meu corpo. A deixo pendurada no mancebo e peço o celular, digitando uma mensagem quase que automática para Andrew.

Vou sair com Sammy essa noite, qualquer coisa eu ligo para você.
Te amo ❤️.
M.

A noite vai de longa.
Só espero que seja tão divertida quanto Sammy prometeu.
E que nada saia do controle.

GraysonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora