E se...

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Algumas pessoas tem má sorte...

— Mãe, abre aqui! — grito, dando dois toques na porta e, então, olho para trás.

Ele joga os cabelos pretos molhados para trás com os dedos, estreitando os olhos, tentando enxergar algo na rua, enquanto espera para entrar comigo na minha casa. Eu sou a má sorte em pessoa.

Já vai! — ela grita de dentro, enquanto bato os dentes, esfregando meus braços, segundos antes de sentir uma jaqueta me cobrir.

— Foi você quem me chamou — ele relembra, como se por isso eu não pudesse reclamar de nada.

— Porque você está doente, eu não sou nenhum desalmado.

— Nunca achei que fosse, na verdade. Você é uma boa pessoa, Boneca.

— Ok, eu vou te deixar entrar, mas, se me chamar assim na frente deles, eu te pico a mula pra fora daqui.

Park ri de novo.

— Ainda posso te chamar assim quando estivermos sozinhos?

— Jungkook! — Minha mãe abre a porta, com uma toalha. — Ah! O menino da moto! — diz, olhando para o outro atrás de mim.

— Boa noite, eu sou Park Jimin — ele a cumprimenta, se inclinando para ela, já que estava molhado para cumprimentar de outra forma. Como assim? Ele é bandido! Bandidos falam o nome verdadeiro para qualquer um? Talvez Park Jimin seja o nome da quadrilha dele. Eu bem suspeitei do ar italiano do sobrenome, mas, que eu saiba, as feições dele vêm do Japão. Meu Deus, eu estou deixando um bandido entrar em casa! — Jungkook, vem... está molhando o chão inteiro — minha mãe me chama.

Três, dois, um. É o tempo exato que conto, até ouvir os pés, parecendo trotes, descerem a escada, e a pirralha aparecer.

— Você tá atra... sado. Quem é? — pergunta, apontando para Park.

— Mãe, você não ensinou pra essa pivetinha a não apontar pros outros? — pergunto, e a mais velha apenas sorri, trazendo uma toalha para o maldito também. A propósito, ainda estou enrolado na jaqueta cheirosa e não estou nem reclamando, meu Deus.

— Meu nome é Park Jimin, senhorita. E o seu?

Meu Deus, é um conquistador barato mesmo.

— Hwasa. Você quem trouxe meu irmão naquele dia, não foi? — questiona, colocando as mãozinhas na cintura, acusadora.

— Sim. — Ele tem a expressão mais calma do mundo.

— Você é o homem do telefone, viu meu irmão maquiado, quando a gente estava...

— Hahaha! Muito engraçado, Hwasa, obrigado pela participação. Já fez a tarefa de casa, pivetinha? — pergunto, a carregando com um braço, enquanto tapo sua boquinha nervosa com a outra mão, já subindo as escadas. Park que se vire com a minha mãe. Quando chegamos ao andar de cima, ela finalmente para de espernear. — Garota!

— Garoto!

Esfrego as têmporas, respirando fundo.

— Não fica falando as coisas na frente dele, tá bom?

— Por quê?

— Porque ele é da minha escola. Gosta quando gente da sua escola fica sabendo de coisas particulares da sua vida?

— Eu tenho nove anos, não tenho coisas particulares.

Fecho os olhos, bufando.

— Hwasa, eu nunca te peço nada, e você sempre me mete em um monte de problemas. Só dessa vez, segura a língua, pode ser?

De pernas pro ar | REPOSTANDO CORRIGIDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora