Capítulo Trinta e Dois.

6K 877 2.5K
                                    

(Música)

A neve tomou conta de toda Londres por algum tempo. Ela ocupou casas, praças e muros, alimentou um sentimento de espera para todos, quando a primavera chegasse.

Por muitos, a neve trouxe uma felicidade. Bonecos de neve enfeitavam a casa de famílias, a caridade havia chegado, cobertores distribuídos e um doce som da felicidade que ainda sobrevivia entre pequenos atos e grandes amores.

As festividades chegaram, e com ela, o amor e a saudade. Dias de felicidade e comemorações, até que a neve teve que se despedir. Ela encontrou o calor, e como todo ciclo natural da vida, derreteu e desapareceu entre os terrenos, fazendo flores surgirem novamente, os esquilos saírem de suas tocas e a magia da primavera tomar conta de todos os espaços que antes eram brancos como as nuvens, que agora ocupavam o céu azul, com suas tonalidades de cinza.

A florista abriu a porta da sua loja naquele dia e recepcionou seus clientes, assim como o músico de esquina, que abriu seu show amador para os turistas, em algum lugar de Paris. O padeiro serviu alguns pães quentinhos na cesta, enquanto o hotel abria suas portas para os turistas.

Um casal andava de mãos dadas pela cidade, enquanto um cortejo de carros seguia-se para a rua, onde ali esperavam as pessoas, que sorriam.

Era Abril.

Abril era primavera. Abril era o mês de Keith e Frederick.

O pequeno espaço alugado por Claire ficava pequeno para tantas pessoas. Ali, os velhos conhecidos de Keith e Frederick, alguns falando em francês e outros em inglês.

No quarto, Louis arrumava a gravata e colocava uma flor no bolso, juntamente ao lenço azul.

 — Está pronto — Ele sorriu — Pode se olhar no espelho.

A bengala bateu no chão, mas o ajudou a se equilibrar para se olhar no espelho, e ver seu reflexo.

De terno branco e chapéu, Keith Tomlinson sorriu para si mesmo. Não tinha mais os cabelos castanhos como chocolate, mas ainda permanecia ter olhos azuis, mesmo que estivesse usando óculos. Sua velhice havia chegado, mas se sentia cada dia mais jovem.

— Ora — Ele riu — Estou bonito, não estou?

Louis fungou.

— Está um dos homens mais bonitos do mundo, vovô — Ele respondeu — Como está se sentindo?

— Me sinto apaixonado — Ele riu — Tem muita gente lá fora?

— Algumas — Louis ajudou a gravata mais uma vez — Harry está ajudando Claire a colocar todos no lugar.

— E você e Harry? — Keith perguntou.

— O que tem nós?

— Bem, eu espero que esteja feliz, Louis — Louis segurou o rosto do neto entre as mãos - Assim como eu estou feliz.

— Fico feliz com você feliz — Louis beijou a testa do avô, quando escutou umas batidas na porta — Entre.

A cabeça de Mark apareceu entre o vão da porta.

— Estão todos bem acomodados lá fora — Ele sorriu — Pai, o senhor está digno de um galã de cinema.

— Estou tão bonito quanto Elvis? — Keith brincou.

— Está bem mais — Mark entrou no quarto — Bem, não está nervoso?

— Talvez um pouco. Mas fico feliz que pelo menos, você esteja participando disso, filho.

— Acho que todos nós precisamos de uma segunda chance — Mark abraçou o pai — E principalmente, você.

— E você — Keith enfatizou — Obrigado por nos aceitar novamente, Mark.

Alabama Song ➳ Larry versionOnde histórias criam vida. Descubra agora