cinco.

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A questão é: adolescentes são iguais em qualquer parte do mundo, não importa o quão diferentes eles possam parecer. Jovens são como ovelhas. Eles anseiam por serem pastoreados. Às vezes eles agem como o gado na invernada, necessitando urgentemente seguir um líder. É isso que eu chamo de efeito manada. Está em qualquer parte do mundo em que exista um grupo de pessoas vivendo sua juventude. Todos eles precisam de um líder. Aquele que vai mostrar o caminho, não importa para onde estejam indo.

Os adolescentes de Seven Heavens não possuíam uma liderança inspiradora. Eles passavam a maior parte do tempo seguindo o clichê de líderes formados por atletas e garotas bonitas. Mas com a chegada dos Rowan, uma nova perspectiva se formou. Eu sei o que vai acontecer se Seth e Carson liderarem a parte jovem de Seven Heavens. O efeito manada os levarão diretamente para o precipício sem que eles percebam.

É por isso que eu tenho que me tornar uma líder. Eu só não sei o tipo de líder que serei. Nunca liderei nem a lista de tarefas dos Wilder. Mas algo dentro de mim grita que preciso parar os Rowan. Antes que seja tarde demais.

― É só uma questão de parecer durona. ― Confidencio à Cherie enquanto agarro um taco de bilhar. ― Os Rowan vão espalhar que os Wilder monopolizavam a internet e manipulavam toda Seven Heavens. Estou antecipando a jogada deles e fazendo a minha. Nicolau Maquiavel disse sabiamente: é melhor ser temido do que amado. Se eu puder fazer com que todos eles tenham algum tipo de receio e admiração por mim, minha família não será esmagada de um jeito tão destruidor quanto estou calculando.

― "Os homens sentem menos inibição em ofender alguém que se faça amar do que outro que se faça temer, porque a amizade implica um vínculo de obrigações, o qual, devido à maldade dos homens, em qualquer altura se rompe, conforme as conveniências."

Sinto o ar me escapar em uma risada de agradecimento quando Cherie declama uma parte de O Príncipe. Estamos no meio de uma festa, prestes a desafiar os Rowan e nossos cérebros trabalham incansavelmente na última aula de filosofia e política.

― Eu só preciso ser o Luke Skywalker de roupa preta em O Retorno de Jedi.

― Podemos só voltar para o Maquiavel? ― Cherie me entrega um giz. ― Eu não compartilho o seu clamor por Star Wars.

Sorrio de lado, levando o giz até a ponta do bastão. Apesar do som estridente da música, ouço Seth gritando sobre a mesa de bilhar. Ninguém conseguiu vencê-lo no jogo ainda. É um ótimo jeito de mostrar aos alunos de St. Vicentti que sou mais que a menina do laboratório.

Inspiro, tentando demonstrar confiança. Cherie ergue suas sobrancelhas grossas na minha direção e aperta os lábios. É um tipo de apoio silencioso que me motiva. Carson a encurralou na parede e quase forçou um beijo. Quero fazer isso por sua honra, também. Não se toca em uma garota sem que ela queira.

Viro-me para a mesa, no meio de uma das dezenas de salas que os Rowan têm em sua mansão. Atravesso a horda de imbecis que aclamam a vitória de Seth e ergo o taco na horizontal. Pareço uma espécie errada de samurai loiro e caipira com minha calça de cós alto e a minha camisa de algodão amarrada na cintura. Mas isso chama a atenção dele. Seus olhos castanhos giram em desprezo.

― Você está atrapalhando a fila de derrotados, Olivia. Não precisa ocupar o lugar dos outros. Você tem uma cadeira cativa de perdedora.

― Toda essa ladainha me parece medo de perder para a única garota que desafiou você durante toda a sua vida, Sr. Lontrinha?

O apelido ecoa pela mansão assim que a música desce dois tons. O som de risos infla o meu peito. Acho que é confiança que faz os meus dedos formigarem e os nervos do meu corpo se enrijecerem.

Regras Mais Selvagens |1|  ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora