sete.

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A minha segunda-feira na St. Vicentti deveria ser igual a todas as outras desde... Sempre. 

Exceto pela chegada de Cherie à cidade, minhas manhãs têm sido absolutamente iguais todos os dias. Não estou reclamando da rotina. Eu gosto de como as coisas saem como eu planejo porque não sou boa em lidar com surpresas.

Acordar antes de qualquer pessoa da minha casa. Vir para o colégio a pé – o que me dá a desculpa de passar tranquilamente na Yesterday e assistir ao jornal sem que o papai saiba que estou infringindo a regra da TV. Passar no meu armário ao lado do armário de Georgia Dayrell e ouvi-la contando as últimas novidades sobre ser a garota que todos querem ser amigos, ou seja, novidades sobre ela mesma. Seguir meus horários. Estender meu tempo no laboratório de ciências. Ser monitora do Sr. Chord na turma do primeiro ano. Sonhar com faculdades para as quais nunca irei. A única coisa que mudou é que passei a almoçar com Cherie e a flexibilizar minhas atividades para ficar conversando com ela na biblioteca ou – quando não está congelando do lado de fora – sentadas no gramado do fundo.

No entanto, estou diante de uma nova espécie de segunda-feira naquela manhã. A primeira coisa que eu noto é que as pessoas olham para mim. Levo os dedos instintivamente até minha franja para certificar que ela está no lugar. Mas tenho certeza de que ninguém está reparando no meu cabelo preso ou na jardineira da mamãe cheia de girassóis que ela pintou quando tinha a minha idade.

As pessoas da St. Vicentti olham para mim por causa de sábado. Sou uma espécie de líder temida agora. Eu desafiei os irmãos Rowan.

― E aí, Liv. ― O namorado de Mischa está falando comigo. ― Tudo na boa?

É a coisa mais esquisita ver Owen parado na minha frente, erguendo aquela mão que deve ser maior que o meu rosto mais centímetros do que posso contar. Levanto meus olhos para ele, arrastando toda a parte superior da minha testa. Ele passa o cabelo castanho cor de terra para trás da orelha quando não toco na sua mão e sorri de lado.

― O que você quer?

Uh, eu sou rude. Quero dizer, estou mais surpresa do que irritada. Mas não gosto da maneira como Owen sorri para mim. Ele é o namorado de Mischa e deveria estar falando com ela e sorrindo para ela.

― Oh, calma aí. ― Owen ergue as duas mãos dessa vez, abaixando-as de forma defensiva. ― Só dizer um oi. Você sabe, os Rowan estão por aí. Se sentindo donos da cidade e do colégio. Só queria dizer que você tem meu apoio, Liv. Nunca gostei daqueles caras, mesmo.

― Ah...

Puxo um pouco de ar pela boca. Estou meio que sorrindo ao constatar que Owen está do meu lado. Tenho certeza de que não é porque ele gosta de mim, mas sim porque Carson e Seth ameaçam a masculinidade idiota dele. Mexo um dos ombros, abaixando o queixo e encarando Owen com uma das sobrancelhas erguidas.

― Nenhum forasteiro vai tomar Seven Heavens. Esse lugar não pertence aos Rowan.

Há uma semana eu riria de mim mesma se me ouvisse dizer algo desse tipo. Mas isso satisfaz Owen. Essa é a natureza humana, certo? Querer estar no centro das atenções, mesmo que isso signifique formar alianças improváveis. Tem sido assim desde os primórdios. E frases de efeito impulsionam esse tipo de bobagem.

Deixo Owen no corredor e continuo minha caminhada. Estou procurando por Cherie pela multidão de rostos que me olham disfarçadamente. Desde que está morando conosco, Cherie vem na minha picape e sempre chega antes porque, diferente de mim, ela não fica em lanchonetes assistindo TV e disputando a atenção do atendente com sua melhor amiga bonita.

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