Turbulência - Parte I

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Quase duas semanas depois da partida da Guarda Volturi para a missão em que Maximilian ficara encarregado de liderar, Jane ouve passos apressados aproximarem-se de seu quarto. Pela forma de andar, certamente tratava-se de Renata, que bateu três vezes na porta para chamar sua atenção.

— Jane, eles retornaram! O mestre aguarda sua presença no grande salão – anuncia Renata, saindo logo em seguida.

Jane deposita seu exemplar de "O Bebê de Rosemary" sobre a escrivaninha e se levanta da cadeira com um salto, sentindo uma estranha euforia em seu interior. Ser separada de seu gêmeo tinha sido a sensação mais estranha que a vampira havia experimentado desde que se transformara, e por dias ela vagou pelo castelo a procura de algo que não sabia o que era, pois sentia um estranho vazio em seu peito. E agora que tinha certeza do retorno de Alec, sentia aquela euforia esquisita, a impulsionando pelos corredores do castelo com certa urgência e a levando novamente para perto do irmão.

Ela já tinha ouvido falar que irmãos gêmeos costumam ter um tipo diferente de ligação, entretanto, o que sentia naquele instante parecia algo maior do que um elo de irmandade, algo que ela não sentira desde que se tornara imortal e que, por isso, sequer sabia se tratar de "saudade".

A vampira adentra o salão e se posiciona ao lado dos três tronos como sempre fazia, tentando não aparentar raiva por ter sido deixada para trás. Seus olhos vasculham o ambiente com velocidade, passando de rosto em rosto rapidamente até encontrar o de Alec, finalmente constatando que ele estava bem. Ele sorri para a gêmea assim que o contato visual é estabelecido, correndo para o seu lado com uma empolgação diferente cintilando no olhar.

Alec estava "feliz", mas Jane não estava acostumada com aquilo. Seus olhos vermelhos averíguam o irmão atentamente, dos pés à cabeça, procurando algum indício de ferimento ou de membro faltando, acalmando-se logo em seguida ao constatar que o seu gêmeo estava inteiro e bem.

Ao sentir a euforia em seu interior se acalmar, seus olhos se voltam inconscientemente para o camaleão, o objeto de sua ira, que não havia olhado para ela em nenhum momento. Jane sustenta o seu olhar em cima dele por alguns segundos, porém, não sendo correspondida, tendo a impressão de que Maximilian a ignorava de propósito, fazendo de conta que ela não estava ali, como se não fosse digna de sua atenção.

Jane sente o corpo amortecer de repente. Maximilian havia inutilizado o seu poder, roubado a liderança da Guarda, tomado o favoritismo de Aro, a descartado do time, e agora a estava ignorando como se ela não valesse mais nada. Uma onda de raiva a invade repentinamente, fazendo seus punhos se fecharem e seu desejo de matá-lo atingir novos patamares na escala vampírica.

Se sua intenção era não aparentar estar zangada, a vampira sabia que estava falhando miseravelmente.

Aro elogia os vampiros envolvidos na missão, ouvindo atentamente os relatos que lhe eram apresentados e já planejando um grande banquete para àquele fim de tarde, visto que fazia certo tempo desde a última refeição. E após um pequeno discurso, ele dispensa a todos, permitindo que Maximilian caminhasse apressadamente para o próprio quarto, ansioso por um retirar a poeira de seu corpo e trocar de roupa, depois da longa viagem.

Jane se retira do grande salão logo em seguida, refazendo os passos de Maximilian e invadindo o quarto do vampiro cerca de dois minutos depois dele ter entrado.

— O que pretende ao fazer tudo isso? – lança ela assim que abre a porta, fechando-a atrás de si, mas parando subitamente ao perceber que ele estava terminando de retirar a camisa.

Maximilian passa a camisa pela cabeça pacientemente, bagunçando seus cabelos no processo, jogando-a sobre a cama na sequência e a encarando sem dizer uma só palavra, fazendo uma rápida nota mental de que ela ficava bonita até mesmo quando estava irada.

Coração GeladoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora