Gaslight - Os Marotos na Era Vitoriana

IV - A Ordem da Fênix

- A mãe está furiosa – Regulus entrou no quarto de Sirius, os olhos escuros com o típico brilho sonhador no fundo. – E eu já não sei mais como te ajudar a se safar de todas as merdas que você faz.

Sirius tinha desde sua infância que Regulus parecia ser mais velho que ele. Certamente mais maduro. Regulus sempre estava ali para acobertá-lo, apoiá-lo. Não havia ninguém além de seu irmão mais novo que sabia como era ter Walburga como mãe. E mesmo assim, mesmo seu irmão sendo tão responsável, seu sentimento era de que devia proteger o irmão a qualquer custo – ele morreria e mataria por Regulus.

- Se ela quisesse ter me deserdado ela já teria o feito, acredite.

Regulus parecia que tinha algo para dizer e que ele estava apenas esperando o momento certo

para falar. Seu pé esquerdo impacientemente batia na parede próxima do espelho

de Sirius.

- Então... James Potter vai ficar com a gente.

- Aparentemente.

- Será nosso parente.

Sirius não conseguia entender por que isso parecia incomodar o irmão mais novo. Sirius, que

até então estava escrevendo uma carta endereçada para Marlene com algumas observações

dos textos que ela havia deixado com ele, parou sua tarefa e olhou para Regulus. Ele parecia muito novo, quase criança.

- Sim, ele se casará com nossa prima. – Sirius falou, como se Regulus não entendesse a obviedade da sentença.

- Você não acha que devíamos fazer alguma coisa?

Sirius fez uma careta. Fazer alguma coisa?

- Ele entrará na família Black, Sirius. Ele não sabe onde está se metendo.

- Mas veja só, nós estamos sobrevivendo quase duas décadas aqui, ele se dará bem.

- Ele não é um Black, Sirius. Nós somos.

- Não somos como o resto da família. – Sirius odiava ser comparado com qualquer um de seus familiares. Até com Regulus ele odiava, mas não por ele e sim pelo irmão. Regulus é muito melhor do que qualquer um de nós, muito melhor do que eu.

- Nós somos. – Regulus levantou a voz. - Pode parecer que não, mas nós temos os mesmos defeitos e qualidades que todos que nascem amaldiçoados pelo sobrenome Black. E precisamos fazer alguma coisa.

O quarto que James ficaria pelas próximas semanas era frio e escuro. Não era tão grande, mas James notava pelos móveis que tudo ali era caro e luxuoso. James se incomodava, um calafrio subia em suas costas. Tudo que era dos Black tinha um quê soturno, sóbrio, distante, impessoal, mas ainda assim muito aristocrático, totalmente o oposto das cores claras e alegres da casa em que ele havia crescido.

Ele não via Sirius fazia algumas horas, a casa era tão grande que era fácil nem se esbarrar

pelos corredores. A última vez que tinha visto o amigo fora pela janela, Sirius conversando com uma moça no jardim, uma moça que James não podia conter o pensamento de como era muito bonita, mesmo sem a intenção de ser. Não era bonita de forma previsível, ela possivelmente não erra notada inicialmente pela sua beleza, como Bellatrix ou Narcisa. Mas era magnética. Era como se ela se esforçasse para não ser notada e mesmo assim conseguia ter atenção pela sua postura tão reta como a de um gato atento e majestoso.