Addio, Volterra! - Parte II

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Jane estava fria e intocável quando entrou no salão, ainda de mão dada com o irmão, evitando fortemente olhar para Maximilian e colocando-se em seu costumeiro lugar ao lado dos três tronos. Ela contou rapidamente os vampiros presentes ali: Renata aproximou-se de Aro, como sempre; Demetri e Felix estavam na extremidade direita; Santiago e Heidi na esquerda; a porta do salão fora fechada e Corin e Afton guardavam a entrada do corredor.

Maximilian a segue com o olhar, sentindo a dureza de seu disfarce e notando a velocidade com que seus olhos se moviam, conferindo a posição de todos os vampiros da Guarda Volturi. Alec parecia igualmente alerta, lançando-lhe um olhar rápido e cheio de confiança, que subliminarmente parecia dizer-lhe que agora eles estavam juntos naquilo, todos os três.

Ele sorri vitorioso, gesto que não passou despercebido por Aro e Caius:

— Por que este semblante tão petulante, camaleão? Por acaso o seu destino já não ficou claro quando partiu? – começa Caius, já mostrando-se irritado e pronto para dar-lhe uma sentença.

— Certamente que sim – confirma com uma leve risada, não conseguindo deixar de ser afrontoso quando tinha a alegria transbordando por cada parte de seu corpo –, mas eu ainda tenho uma promessa para cobrar! – Sorri em direção a Jane, vendo-a sussurrar algum comando secreto para Alec, que assentiu discretamente com a cabeça.

― Você é um estúpido por um dia ter pensado que ela sentia o mesmo que você – diz Aro, parecendo ainda mais irritado do que Caius com a sua falta de medo –, um verdadeiro tolo por continuar atrás dela, ignorando as palavras e o comportamento que evidentemente o repudiavam.

— Acredita mesmo que é assim? – questiona Maximilian em desafio, com os olhos ainda grudados na vampira loira que evitava estabelecer um contato visual. – Ela já lhe ofereceu a mão hoje, Aro? – pergunta debochadamente, fazendo Jane apertar os lábios para conter um sorriso e os olhos dos três mestres Volturis se voltarem para ela.

― Impossível – sussurra Caius, quase não encontrando a própria voz.

Maximilian estava ali para tirar sarro deles, esfregando a conquista de seu coração na cara de todos – principalmente de Aro – e a sua vitória sobre as amarras do clã Volturi. Contudo, a vampira não sabia se sorria diante de sua coragem ou o socava por sua atitude tão suicida, lembrando-se do quando o amor poderia tornar uma pessoa forte, apesar de exigir toda aquela preocupação em troca. Qual era a dificuldade dele em obedecer aos seus comandos, afinal?

Jane encara os três mestres calmamente, com o nariz empinado e a seriedade que sempre viram em seu rosto desde que fora transformada. Seus olhos vermelhos param em Marcus por longos segundos, fazendo-o sair de sua constante infelicidade e estreitar os olhos levemente para entender o que estava acontecendo. A vampira parecia lhe dizer alguma coisa com aquele olhar tão intenso, porém, foi somente quando ela virou o rosto e focalizou Maximilian, estabelecendo o contato visual que o camaleão tanto buscava, que ele viu...

Marcus sentia a força dos relacionamentos. Este era o seu poder. E quando Jane colocou seu olhar sobre Maximilian, os olhos que sempre expressavam tristeza viram a linha que os unia, uma longa corrente de energia que ia de um a outro e que brilhava em um intenso tom de vermelho. O mestre Volturi não via o cinza da indiferença, o azul-petróleo da tristeza, o preto do ódio ou o rosa do apego passageiro, mas o forte vermelho do amor profundo e correspondido. E a última vez que ele viu um relacionamento tão forte e brilhante, foi quando Bella Swan pisou em Volterra pela primeira vez atrás de Edward Cullen.

Palavra alguma saiu de sua boca diante de tal revelação, diante do fato de que mais uma importante Volturi ousava amar verdadeiramente dentro daquele castelo. Ela queria que ele soubesse, é claro, ou não o teria encarado mais do que o necessário como se o intimasse a ver a verdade com seu próprio dom. No entanto, algo se remexeu dentro de seu peito e o fez desviar o olhar de tão poderoso elo, voltando a sua aparente apatia sem contar sua descoberta a Aro.

Coração GeladoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora