Segredos

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"Aqueles que criticam nossa geração esquecem de quem nos educou."

Ficção em tópicos.

Dominic

*Sete anos atrás*

Olhei em volta. Havia sangue nas paredes.
Merda! Tinha sangue pra todo lado.

-Dominic, o que você fez?

-Dominic o que você fez?

As palavras da minha "mãe" ao me encontrar naquele porão não saiam da minha cabeça. "Papai" acalmava "mamãe", ao passo que olhava desesperado para mim.

Esse lugar: paredes brancas como as de um hospício, cortinas pesadas e singulares, o chão rangendo a cada passo como se quisesse contar que algo estava errado.

A mansão Mackenzie.

Não a da cidade e sim a do lago, afastada dos olhos das pessoas e escondia em meio a uma floresta densa e colorida. O lugar perfeito para algo tão...

-Dominic, o que você fez?

-Não, Sra. Mackenzie, eu... Não é o que você está pensando.

-Você é um monstro!

Naquela manhã, depois do incidente, O Sr. E Sra. Machenzie, meus pais, sumiram repentinamente da cidade e nunca mais voltaram.

E assim todos passaram a me conhecer como a Fera.

*Dias atuais*

- Tic TAC, Tic TAC, o relógio está correndo Sr. Allen. Quer mesmo me aborrecer?

Sim, sou uma pessoa impaciente, o que posso fazer?

Olho para o homem franzino a minha frente, com a caneta na mão, relutante em assinar os papéis que passam sua vinícola para Origin, minha empresa.

Ser um CEO me faz sentir em casa, mesmo que um pouco distante dela.

-O senhor não pode fazer isso! - ele quase implora.

-Eu posso e vou.

-O senhor é mesmo um bastardo. Uma fera cruel que não tem misericórdia! Eu o abomino, sua besta!

-Assine os papéis, Allen.

Ele assina com as mãos trêmulas.

-Tirem esse verme daqui - ordeno aos meus seguranças, que levam o homem para fora.

Um ótimo jeito de começar o dia.

Apoio as costas na cadeira do escritório e uma pontada de dor faz minha cabeça latejar.

Merda! eu tenho que encontrar uma delas, custe o que custar, mas onde essas praguinhas foram parar?

Abro meu smartfone e digito uma mensagem.

Alguma novidade?

Recebo a resposta minutos depois.

"Sinto muito, nada significativo. "

"Nada significativo? São apenas 10 fucking anos nesse lugar desprezível. "

Olho para o teto da empresa e sinto meus olhos arderem com a dor de cabeça constante que ando sentindo nessas últimas semanas.

"Eu te trouxe para cá somente para esse fim. Acho que você já deveria ter encontrado a encomenda. "

"Lembre-se: eu posso te mandar novamente a qualquer momento. "

"Não se preocupe, Senhor, sei que estamos perto. "

Os dias nesse lugar parecem o inferno, como dizem por ai.

....................................................................

Liz

Os raios de sol das 10h batem em meus olhos me fazendo acordar, olho no relógio e...

-Merda! com certeza me atrasei para aula de dança.

Mas quem se animaria com uma coisa tão entediante? levanto e olho meu reflexo no espelho e lá estou: olhos esbugalhados e cabelo embaraçado.

-Eu sou com certeza o orgulho dessa família perfeita.

-Eu tenho certeza disso, maninha.

Salto para trás em um susto e levo a mão em minha escova de cabelo para me proteger da invasão

-Sebastian! Você não sabe bater antes e entrar?

Digo, e ele só ri da minha situação.

- Liz, você está em péssimo estado minha irmã, andou transando com algum de seus amiguinhos?

Reviro os olhos e começo a pentear os cabelos, ele sabe que se não fosse o único irmão que tenho alguma consideração eu o faria engolir a escova de cabelos.

-Eu só estou brincando, pirralha, você na verdade deveria me agradecer por vir aqui antes do papai

Ele passa as mãos pelos cabelos castanhos ondulados e me olha com aquela cara de "você está em encrenca novamente".

Eu adoro meu irmão, ele é o único que me trata como alguém com alguma importância real, ele é o que eu considero como família de verdade. Nos parecemos muito, não só na aparência, que é notável, já que temos os mesmos olhos e cor da pele levemente bronzeada, diferente do resto da minha família que é extremamente pálida. - não sabem o que é um pouco de sol - Eu e Sebastian Somos as ovelhas negras da família perfeita, sabemos nos divertir, contamos os segredos um para o outro e sempre nos mantemos perto.

-O que foi que eu fiz dessa vez?

-Maninha, você tem ideia de que horas são? perdeu sua aula de dança e papai vai te matar.

-Eu dormi demais, que culpa tenho?

-Você deveria levar mais a sério as ordens do papai, para seu bem, e para o meu.

-Eu não vou usar isso nunca, para nada. Uma coisa totalmente inútil só por um capricho dele.

-Sabe da tradição da família não é? E além do mais sempre tem uma valsa no casamento de alguém da alta sociedade, ao menos é assim que ele vê.

Aquela merda de tradição estúpida: dançar uma porcaria de valsa no casamento! Em que século estou? Eu nem quero me casar, mas segundo papai ele e mamãe tiveram uma filha menina somente para casar e aumentar os bens da família, ou seja, sou uma moeda de troca, sempre fui.

Segundo ele, a filha se tornaria mais valiosa aprendendo tudo de melhor: línguas, dança, teatro, etiqueta, esportes e até minha formação escolheram, Relações internacionais. Tudo isso para acrescentar algum valor a mercadoria, ou seja, eu.

-tenho quanto tempo?

-Ele já está subindo, pirralha

-Certo, obrigada pelo aviso, agora já pode ir ou vai sobrar para você.

Escolho uma roupa no closet e me troco, termino de pentear os cabelos e sento-me na cama. Estou pronta para a Guerra.

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