Capítulo 35

10.5K 1K 132
                                    

Vê-la deixar a casa como se a mesma estivesse desmoronando foi melhor do que eu imaginava, tanto até que algumas garotas devem estar pensando que estou flertando com elas e seus sorrisos.
- a garota ruiva levou um fora tão grande assim para sair correndo de você ?
Uma coisa eu estou aprendendo sobre Ollivia Russel é que a mesma adora aparecer quando menos se espera.
- prefiro não explicar o que aconteceu, mas não tem nada haver com fora.
- então foi o que ?
- um problema já resolvido. - encerro o assunto, cruzando os braços.
- você é sempre assim ? Grosso ?
- direto ? Sim, eu sempre sou assim.
Saio dali, deixando Ollivia e sua incrível e irritante curiosidade para trás.
A piscina está cheia, a fumaça da carne na grelha subindo para o céu e o cheiro chegando até meu nariz.
Isso parece delicioso.
Jason tem uma enorme mania de ficar no comando do churrasco em quase todas as " reuniões " de domingo, todos sabemos que ele como ninguém sabe preparar a carne e temperar.
- vim pelo cheiro, mas sei que deve estar bom. - me encosto perto dele, acabando engraçado o fato do mesmo estar usando um avental preto e uma sunga horrível amarela.
- claro que está bom, sou eu quem está preparando. - ele ri, vacilando o olhar para a piscina a cerca de quinze segundos.
- perdeu algo lá dentro Jason ?
- por que acha isso ?
- você está olhando demais para a piscina.
- Amber meu amigo.
A morena nunca facilitou para o pobre Jason, na verdade, ela nem mesmo lhe deu uma chance de a levar para sair. E mesmo assim ele continua a insistir, talvez esteja apaixonado.
Talvez não ...
Ele está louquinho por ela.
- sabe, acho que Amber gosta de receber suas cantadas, gosta de ver como você corre atrás dela. - Jason parou de mexer na carne, deixando o garfão de lado para me escutar. - não estou dizendo que ela está bancando a difícil para tornar isso mais interessante aos olhos das amigas dela, mas com certeza Amber gosta de receber sua atenção.
- acha que ela gosta de mim ? - o olhar esperançoso dele é o que poderia fragilizar o coração duro dessa garota.
- acho que sim, mas não vai conseguir nada com ela usando chavões antigos. Tente algo mais novo, normalmente rosas e jantares dão certo mas você tem mesmo é que descobrir o que ela gosta de fazer.
- como se eu nem consigo chegar perto dela ?
- Amber tem amigas Jason. - digo como se fosse óbvio.
Ele faz uma cara de perdido mas parece ter entendido, coloco meus óculos de volta e olho em direção a piscina. Bóias coloridas e macarrões estão por todo o lugar, enfiados em meio a balbúrdia dentro da piscina.
- não vai entrar Grayson ? A água está ótima ! - decido ignorar o chamado da garota desconhecida. - vem Andrew !
- não dessa vez gata. - digo rápido, tentando fazer com que ela desista.
- desde quando Andrew Grayson recusa o chamado das gatinhas ? - Jason diz com um sorriso idiota nos lábios.
- desde quando você passou a tomar conta da minha vida ? - ergo uma das sobrancelhas, tentando ficar sério mas rindo logo em seguida junto com ele.
- sabe que dispensar essas meninas é apenas o gatilho para que elas passem a te perseguir, não sabe ?
- que sigam Jason, elas sempre terão a mesma resposta.
O olhar dele não é confuso como se eu estivesse conversando com qualquer um dos caras ou até mesmo com Brandon, o olhar dele demonstra entender minha situação... E eu gosto disso.
Sem mais perguntas idiotas
Sem perguntas tolas
Só a compreensão.
- pega um hambúrguer aí cara.
- e você ainda achou que eu não iria pegar ? - rio dele.
- ah, eu sempre levo em conta todas as possibilidades de resposta.

Com o copo de vodka com limão nas mãos me deixo levar, aproveitando a solidão da festa para apenas relaxar. Pois é, em plena casa cheia de pessoas, músicas e bebidas eu estou sentado no sofá da sala extremamente confortável com meu copo na mão. A música preenche meus ouvidos, a vontade de dançar é grande mas meu corpo insiste em parecer tão pesado que não tenho forças para levantar. Encaro o teto através das lentes escuras e foco no lustre de cristais lá pendurado. As pedras perfeitamente lapidadas tem efeitos diferentes de acordo com a posição das luzes coloridas, hora ficam transparentes, hora ficam coloridos como um arco íris.
Com certeza eu estou muito bêbado.
Jogo a cabeça para trás, desistindo de manter o pescoço reto.
- eu não deveria ter vindo. - sussurro para mim mesmo, pensando se realmente foi uma boa ideia ter ficado.
- pois eu acho que deveria. - a voz calma chega até meu ouvido esquerdo, mas ainda sim não ergo o queixo para saber a quem ela pertence.
Pernas são colocadas ao redor das minhas, mãos começam a massagear meus ombros e como se o botão do alerta fosse ligado, meu corpo se arrepia ao sentir seu rosto perto do meu.
- se você não viesse Grayson, eu teria que esperar até o próximo jogo para te ver de novo. - os olhos dela encontram os meus, a escuridão deles me abraçando de forma estranha.
- você já meu viu jogar ? - pergunto sério, sabendo que o álcool está dominando a maior parte do meu sangue. - o que achou ?
- eu vi o seu último jogo e adorei. - o calor de sua pele fica evidente quando os lábios de Ollivia se aproxima do meu ouvido. - admito que fiquei me perguntando se você fode com a mesma voracidade com que destruiu seus oponentes da quadra.
Por um breve momento a vontade de voltar a ser o meu antigo eu aparece, mostrar a ela o que acontece quando me desafiam desse jeito.
- e você ainda está se perguntando isso ? - minha voz sai rouca.
Okay, eu não sou de ferro e muito menos virei gay para que meu corpo não demostre sinais a uma investida dessa, mas ... Os olhos dela não transmitem nada além de desejo e curiosidade, coisas que se tornaram banais sem o principal sentimento : a porra do amor.
- com certeza.
Devagar, largo o copo sem me importar com o lugar que ele vá cair ou o que o líquido dentro irá manchar. Ergo os braços, encontrando as mãos de Ollivia e a tirando de meus ombros, ela parece esperançosa com o ato, tanto até que seus lábios se abrem minimamente a espera de uma beijo feroz vindo da minha parte.
- sinto muito Ollivia, mas não vai acontecer nada aqui.
O sorriso em seu rosto não é a atitude que eu esperava, muito menos o cerrar dos olhos.
Isso não é um desafio muito menos uma provocação Russel.
- eu sinto sua excitação Andrew, sei que você me quer e não tem porquê fazer todo esse joguinho. Se você queria me deixar mais molhada, você conseguiu.
- meu corpo está tão perdido quanto a minha mente gata, mas eu ainda estou lúcido para poder dizer não a você.
Pego em suas coxas nuas e incrivelmente lisas e me levanto com ela no colo, logo me virando e a deixando sobre o braço do sofá.
- eu tenho que ir, foi um prazer te conhecer Russel. - ela morde o lábio inferior antes de me responder.
- prazer ainda não foi Grayson, mas quem sabe outro dia.
Entendo isso como uma deixa e saio em direção a porta, não me importando com os toques em meu corpo ou no cheiro de perdição.
Eu só preciso ir para casa.
Ir para a minha casa.

" "

Não me dou o trabalho de acender as luzes ao caminhar pelo corredor escuro, eu gosto do escuro.
Eu realmente gosto.
O lugar está gelado, gelado o suficiente para que o ar se torne mais pesado do que deveria. O celular pesa em meu bolso traseiro mas não como a porra da culpa em meu peito.
Culpa ?
Eu deveria estar deixando todas as minhas frustrações e raiva irem embora em uma noite de loucuras com aquela garota, deixar com que toda a porra do sofrimento parasse por uma noite.

Mas eu não consigo.

Não consigo pensar mais em aproveitar do corpo de alguém enquanto essa pessoa se aproveita do meu.
Não consigo mais sentir tesão por garotas de sorrisos bonitos e bom papo.
Eu não consigo me imaginar transando com alguém que não tenha aquelas malditas sardas ...
Aquela maldita pele macia e branca.
Aquela maldita boca rosada.
Aqueles malditos olhos únicos.
Aqueles malditos cabelos ruivos.

Não consigo fazer mais nada com uma garota que não seja ela.

Simplesmente não dá.

Collins Onde as histórias ganham vida. Descobre agora