Prólogo

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Comece a escrever sua história

(EPOV)

14hr03min

Eu encarava a rua a procura dela.

A Starbucks não estava tão cheia quanto imaginei que estaria então consegui um lugar em uma das mesas encostadas na parede de vidro da loja de café, me dando uma visão privilegiada de Wall Street. A tão famosa Lower Manhattan estava apinhada de gente, andando de um lado para o outro, todos lutando por um espaço no principal centro financeiro do mundo.

E então eu a vi.

Os inconfundíveis cabelos mogno estavam soltos ao vento frio de Nova Iorque. O corpo estava protegido por um grosso sobretudo preto – que marcava sua cintura pequena –, meia-calça preta e saltos altos da mesma cor. Os olhos estavam cobertos por óculos escuros, a bochecha estava corada pelo frio e a boca pintada em um rosa claro. Os passos firmes a levaram direto para um dos mais imponentes prédios da rua e depois de passar pelas portas de vidro, eu a perdi de vista.

Meu nome é Edward Anthony Masen Cullen, filho do magnata bilionário Carlisle Cullen e da arquiteta Esme Masen Cullen. Aos 23 anos assumi a presidência da Cullen Enterprise, empresa fundada por meu bisavô e que cresceu mundialmente graças ao meu pai, um visionário no mundo dos negócios.

Emmett Masen Cullen, meu irmão – dois anos mais velho, divide a presidência comigo. As gargalhadas e o jeito brincalhão são o que mais define meu irmão. Os cabelos pretos, os olhos verdes, o corpo musculoso e o sorriso de criança encantam todas as mulheres ao redor dele.

Mary Alice Masen Cullen, a caçula da família com seus 22 anos, apenas aparece na empresa durante as mensais reuniões dos acionistas. A pequena ainda faz faculdade, duas ao mesmo tempo na verdade. Allie cursa Moda e Administração na New York University. Além disso, comanda o seu próprio ateliê, sendo um prodígio do mundo da moda desde os 17 anos. Os cabelos também pretos e curtos, que apontam para todas as direções, formam um contraste lindo com os olhos verdes e com o seu jeito de fadinha. Isso sem contar na bola de energia que a baixinha é.

Eu sou um pouco diferente dos meus irmãos. Os cabelos são mais puxados para o ruivo, em um tom parecido com cobre – cor herdada de minha mãe –, e possuo os mesmos olhos verdes deles. O corpo é definido por músculos, mas sem ser exagerado, como a montanha que Emmett é. O queixo anguloso e o nariz reto e fino compõem o resto.

Ah, claro, sem contar a minha fama de irritado e rude. Quando se trata de negócios, sou extremamente rígido e implacável. Talvez seja por ser assim que minha relação com meus irmãos se deteriorou ainda mais. Tenho a péssima mania de colocar os assuntos da empresa em primeiro lugar na lista de prioridades e tem sido assim desde que voltei de Londres há três anos para assumir a empresa.

Apesar de nós todos ainda morarmos na mansão Cullen, quase nunca estamos juntos. Corrigindo: eu nunca estou junto. Os almoços durante a semana, assim como os jantares, são realizados apenas entre meus pais e meus irmãos. Eu sempre tenho algo na empresa que detém minha atenção, uma reunião importante ou um relatório a ser revisado. Eu não machuco apenas a mim me distanciando da minha família, mas machuco meus pais. Esme sempre me olha com aquele olhar de expectativa quando chego em casa, Carlisle já não tenta se aproximar mais, assim como Emmett. Apenas Alice tenta manter os laços de fraternidade como eles eram antigamente, porém sem sucesso da minha parte. Meu medo é saber que um dia, eu os terei perdido por completo.

Apenas uma coisa – ou melhor, pessoa – destrói essa minha máscara. A bela morena de Wall Street. Eu não sei seu nome, sua idade ou onde mora... Apenas sei que ela povoa meus sonhos diariamente e cria expectativas em mim de um dia poder chamá-la de minha.

Três meses atrás.

Minha cabeça dói e meu estômago ronca reclamando da falta de comida. Desde meu almoço rápido – que foi metade de um pedido de algum restaurante chinês – eu não havia comido nada. Desfiz o nó da gravata que estava usando e joguei o relatório sobre a mesa. Peguei o telefone e liguei para minha secretária.

– Sim, Sr.Cullen.

– Jessica, eu estou saindo para uma pausa e volto em uma hora. Cancele qualquer compromisso.

Desliguei o telefone sem nem ao menos ouvir sua resposta e fui direto para o elevador privativo descendo até a entrada. Enquanto eu passava pelo hall, alguns funcionários me cumprimentavam, como se eu fosse retribuí-los. Ignorei-os como sempre e continuei meu caminho.

Andei por um tempo, apenas sentindo a gostosa brisa de fim de tarde de NY. Na esquina, uma Starbucks estava com as portas abertas e com um delicioso cheiro de muffin de chocolate. Entrei na pequena loja de café e pedi um cappuccino e um dos cheirosos bolinhos, sentando-me em uma mesa perto da parede de vidro, que dava uma visão e tanto da movimentada Wall Street.

A atendente sorridente demais para meu gosto trouxe meu pedido e calmamente degustei o lanche que parecia ambrosia devido ao enorme tempo sem comer direito que eu passei. Eu dividia olhares entre a vitrine e o muffin, apenas observando o movimento dos pedestres e dos carros.

Foi quando eu a vi.

A garota que ia virar a minha vida de cabeça para baixo.

Be MineWhere stories live. Discover now