Capítulo Único

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I.

Jaskier costumava entrar em confusão com muita frequência, inevitavelmente. Algumas vezes por ter dormido com alguém que não deveria, outras por ter metido seu nariz em conversas que não foi chamado, mas principalmente por questionar alguém que insultou seu incrível talento para música ou duvidou dele em algum aspecto. Bem, questionar não seria bem a palavra que definia o que Jaskier fazia, afinal o bardo não podia evitar a língua afiada que tinha para tais situações. Devolvia na mesma intenção e intensidade que lhe foi dirigida, arrancando de seus alvos bufos irritadiços, xingamentos, e por vezes uma quase-agressão.

Quando Geralt e Jaskier chegaram à estalagem no fim da tarde para se alojarem e comerem uma boa refeição, o bruxo se ausentou por um momento para cuidar da Roach. O bardo, após ter pegado um quarto e solicitado comida e banho para eles, resolveu que era hora de se apresentar e obter alguns trocados. Mas nada ocorreu como ele achou que seria, porque aparentemente as pessoas dali não gostavam tanto assim das suas músicas, muito menos dele, e não acreditavam nas informações compostas por Jaskier.

Tolos.

A maioria o mandou ir embora - de uma maneira completamente não carinhosa -, e ele talvez não tenha conseguido conter as palavras que saíram de sua boca quando chamou a todos de "sujos ignorantes", ou quando talvez, talvez, ele tenha insultado a mãe de alguns e o pai de outros, e possivelmente tenha dito que Geralt quebraria a cara daqueles que ousaram duvidar de suas histórias.

Não estou dizendo que ele realmente tenha feito isso, mas ele fez.

- Eu acho melhor você calar essa boca, seu pedaço de merda! - o homem gordo e barbudo, quem começou toda essa confusão, cuspiu as palavras à Jaskier, que por sua vez tinha seu rosto vermelho de uma raiva genuína.

- Quem você acha que é para me dizer o que fazer, velho bêbado? - ele segurava seu alaúde com tamanha força que era impressionante para um bardo não tão forte feito ele.

- Quem você acha que é para ficar inventando histórias sobre acompanhar o Carniceiro por aí?

- Eu não estou inventando!

- O que me garante que não? - o velho voltou a falar após uma série de risadas barulhentas e debochadas - O Bruxo é um homem solitário, ele jamais deixaria um bardo tagarela e irritante em sua volta.

Jaskier sabia que não devia satisfações para ninguém, afinal ele sabia que tudo o que escrevia - bem, quase tudo, pelo menos - era verdade. Mas só de ouvir as pessoas duvidando dele sem ao menos cogitarem de que, sim, ele estava viajando com Geralt e, sim, ele presenciava as lutas e glórias do Lobo Branco, o deixava extremamente bravo. Qual é o problema de Geralt realmente o considerar um amigo, a ponto de deixá-lo o acompanhar em suas aventuras? Por que todos duvidavam tanto disso?

- Por que eu deveria ter que provar algo para um verme nojento como você?

- Acho melhor você ir embora, ou eu vou-

- Vai o quê­? - Jaskier o ouviu suspirar fundo, punhos cerrados em cima da mesa em que estava apoiado.

- Está testando minha paciência, merdinha...

- Tente a sorte e venha acabar com ela, filho da puta... - o bardo sorriu desafiador.

Jaskier era um idiota. Um idiota imbecil e inconsequente, porque sabia que não podia lutar com aquele homem. Era fraco, não sabia se defender, muito menos reagir a uma investida de um oponente. Mas, mesmo assim, o desafiou corajosamente. Ele mentiria se dissesse que não ficou com medo quando o homem rabugento e grosseiro se levantou subitamente de seu banco e caminhou rapidamente em sua direção, pronto para dar a surra de sua vida. Quando fechou os olhos pronto para sua derrota, porém, nada aconteceu. Nenhum mísero tapa ou empurrão.

4 times geraskier (geralt/jaskier)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora