A primeira vez que saimos

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  A primeira vez que saímos, hm, é até que bem interessante a história se quer saber.

  Já tinha quase um mês que conversávamos por mensagens, sempre as trocando a cada cinco minutos — até mesmo em aula, chegaram até mesmo a confiscar meu pobre telefone —, além de as vezes ligarmos um para o outro, tanto chamadas de voz quanto de vídeo — as de vídeo eram um tanto quanto engraçadas, já que fazíamos zoações um com outro. Como por exemplo, zombar do cabelo bagunçado ou da cara amassada do outro — já que ele era louco e ligava pras pessoas de madrugada.

  Bom, voltando ao assunto.

  A primeira vez que saímos foi em uma quinta feira.

  No dia anterior consegui dar uma escapada com Jeno na hora do intervalo — já que o mesmo ficou esperando porque sentia saudades; fiquei extremamente bobo quando ele disse isso — e aí do nada ele disse enquanto andávamos na parte de trás do colegio: "Vamos sair amanhã!".

  Pra ter uma ideia, nem chegamos no tópico "sair" na conversa que estávamos tendo, ele só virou pra mim do nada com um sorriso enorme e falou — lê-se gritou — para sairmos.

  Jeno conseguia ser bem estranho as vezes, mas sua estranheza me cativava ainda mais — mesmo que isso significase ter de acordar em plenas 3 da manhã porque o mais velho estava surtando com paranóias e teorias de animes.

  E bom, nosso "encontro" — ele que disse, não eu — foi estranho também, mas muito divertido ao mesmo tempo — tá, não foi estranho, foi peculiar.

  "Eu corria de um lado para o outro no quarto, procurando minhas coisas.

  Tinha roupas pra todo lado, além de o banheiro estar uma bagunça com a minha indecisão de qual perfume usar.

    Apenas parei de correr quando ouvi a nova notificação fazer um pequeno ruído no canto oposto do quarto, logo corro para pegar meu celular e vejo que Jeno mandou uma mensagem avisando que já está quase chegando, meu nervosismo cresceu ainda mais e eu corri para organizar tudo — vai que minha mãe deixa ele entrar e ele sobe pro meu quarto?

  Jogo minhas roupas de qualquer jeito dentro do armário e coloco tudo que estava na pia nas prateleiras de cima.

  Ouço batidas na porta lá em baixo e fico extremamente ansioso e afobado, o que me faz pegar meu celular e minha carteira na velocidade da luz e descer tão rápido quanto.

  Quando já estou andando em uma velocidade normal no andar de baixo, percebo que minha mãe não está em casa — muito menos o meu pai — e suspiro, mas vou atender a porta com um grande sorriso.

  Quando abri a porta Jeno não poderia estar mais bonito, isso eu senti com a perda de ar repentina que me bateu assim que meus olhos deram de cara com ele, com aquele lindo sorriso que deixava seus olhos tão fofos quanto ele mesmo, o tom de azul de sua camisa o deixava extremamente encantador — não que outras cores não fizessem o mesmo, claro —, e eu também não pude deixar de notar a calça preta apertada nas belas pernas dele.

  Ah, meu coração saltou batidas.

— E eu pensava que você não poderia ficar mais bonito — disse ele, me tirando do transe que era a sua figura ali, bem a minha frente. Pegou a minha mão e me puxou para fora de casa, fechando a porta atrás de mim e depois me olhando enquanto afastava uma mecha de cabelo para atrás da minha orelha. — Vamos? — perguntou e eu apenas assenti, entorpecido com tamanha beleza a minha frente.

  Assim pertinho dele como estava, conseguia sentir um aroma doce, mas ao mesmo tempo suave, tão delicado... Droga, como esse garoto é perfeito.

  Ele me puxava para algum lugar enquanto tagarelava, as vezes parava de falar distraído com alguma coisa e logo depois me apontava coisas bonitas que via, principalmente quando passamos por uma floricultura com várias rosas a porta — o que eu achei de extrema ironia.

  Já havia algum tempo que andávamos e eu já havia perguntado diversas vezes para onde estávamos indo, ele só me respondia com um "é surpresa" simples, acompanhado de um sorriso brincalhão.

  Logo quando andávamos por uma calçada ao lado de uma área verde, Lee me puxou para o lado, entrando entre os arbustos e plantas que ali ficavam, o que me fez arregalar os olhos.

— Você não está me levando para uma cabana afastada pra me matar, não é? — perguntei com um certo temor na voz, e logo pude ouvir a gargalhada alta de Jeno.

— É claro que não — e continuava me puxando entre aquele caminho cheio de plantas. Juro que tentei não ficar com medo, mas vai que algum animal pulava em mim? — Esse é o único caminho pro lugar para onde estou te levando — se virou brevemente para trás, e sorriu para mim, de alguma forma o sorriso dele me reconfortou.

  Mas alguns minutos andando e então eu pude ouvir algo como o som de um riacho, o que foi certo, já que quando passamos por debaixo dos galhos de uma árvore baixa, logo vi um riachinho, com algumas cerejeiras em volta e em particular, uma roseira de rosas vermelhas do outro lado da água.

  Meus lábios se entreabriram e soltei um som do tipo "wow" e Jeno deu uma risadinha.

— Bonito não é? — perguntou e logo me puxou um pouquinho mais pela extensão do pequeno rio, onde tinha um espaço mais aberto, com uma toalha de piquenique no chão, e lanches sobre. Ele se sentou ali e deu duas batidinhas ao seu lado, indicando que me sentasse ali, e assim fiz. — O que achou? — perguntou espalmando ambas as mãos na parte de trás do corpo, as fazendo de apoio.

— Eu achei incrível! — disse exasperado e Jeno riu. Eu apenas sorri encantado. — Como você sabia disso aqui? — perguntei olhando em volta, enquanto o moreno me olhava, ainda com seu sorriso brilhante.

— Longa história — riu baixo e eu o olhei. — A algum tempo... — ele respirou fundo e mordeu os lábios, desviando o olhar brevemente. — Eu estava fugindo de alguns garotos que queriam me bater — arregalei os olhos e soltei um "oh" faquinho. Ele sorriu pequeno e continuou. — Então de algum jeito enquanto corria por aquela calçada, eu entrei pelos arbustos e continuei correndo até chegar aqui...

  Assenti com a cabeça e o silêncio então se instalou no lugar calmo, ouvia-mos apenas o farfalhar das folhas das árvores ao vento e o som da água correndo no riacho, enquanto sorrateiramente, nossas mãos se entrelaçavam no meio de nós dois e sorrisos bobinhos brotavam não só nos meus, mas nos lábios dele também.

 

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