Prólogo

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Final de Novembro, 2015.

A luz do sol já estava aparecendo quando vejo um grande muro de metal enferrujado. Minha perna lateja por causa da queda há minutos atrás e eu amaldiçoo todos os galhos soltos existentes nessa floresta.

Arrasto meu pé esquerdo quando vejo um errante se aproximando e suspiro andando mais depressa. Há uma faca média no bolso direito da minha calça rasgada e suja de terra, e uma arma com apenas duas balas no bolso esquerdo.

Bato várias vezes no muro, na esperança de que tenha alguém do outro lado.

— Hey! — Grito e olho para o walker que se aproxima. — Tem alguém aí?!

O zumbi se aproxima ainda mais de mim, ficando à centímetros de onde estou eu desisto de chamar por quem quer que seja, logo puxando minha faca para acerta-lo.

Antes que eu levante a mão, uma bala é deixada de modo certeiro na testa do morto-vivo. Me assusto, dando dois passos para trás e olho na direção de onde o veio o tiro.

Há um homem branco vestido com uma farda de policial em uma espécie de mezanino de madeira. Ele tem uma arma grande em suas mãos e me encara sério. Sem dizer nada, ele some da minha vista segundos depois.

Franzo o cenho sentindo minha boca seca e meu estômago roncar. Suspiro e me abaixo para apertar o pedaço de pano amarrado em meu calcanhar, na tentativa de abafar o cheiro do sangue, quando uma parte do muro de metal se move.

Me aproximo cuidadosamente e vejo o mesmo homem que me salvou há poucos minutos. Ao seu lado está uma mulher negra, magra e com uma espada nas costas; um homem branco com o cabelo um pouco desgrenhado no rosto e um garoto com olhos puxados.

— O-oi? — Começo a ficar nervosa enquanto tento me manter de pé.

— Qual o seu nome? — A mulher pergunta.

— Jane.

Eles me encaram da cabeça aos pés e fico desconfortável os encarando de volta.

Quantos walkers já matou? — O policial pergunta.

— Eu não sei. — Percebo que minhas mãos começam a tremer. — Muitos.

Quantas pessoas já matou? — Ele dá ênfase.

— Nenhuma. — Respondo com convicção.

—  Por que? — Ele arqueia uma sobrancelha.

— Eu continuaria viva no outro dia. — Coloco a faca no bolso quando percebo que ainda tinha ela na mão. — É um fardo que não quero carregar tão cedo.

— Entre. — Ele fala e assim eu o faço. — Levarei ela para minha casa. — Ele olha para o homem com o cabelo no rosto. — Daryl, chame Deanna, por favor.

Os três assentem e saem junto com o tal Daryl depois que ele arrasta e fecha a grande porta cinza.

— Sou Rick Grimes. — Sorri sem mostrar os dentes.

Eu aceno com a cabeça e caminho ao seu lado.

— Está ferida?

Olho para meu calcanhar e faço que "sim" com a cabeça.

— Tropecei em um galho. Acabei torcendo um pouco o calcanhar e reabrindo um corte.

Ele me ajuda a subir os três degraus da frente de uma casa branca e eu o agradeço.

A casa é grande e bonita. Há brinquedos de crianças pelo tapete da sala e alguns quadrinhos de heróis na mesa da cozinha. Rick arrasta uma cadeira pra mim e eu me sento. Ele continua de pé e vai até o armário, pegando um pacote de biscoitos e um pouco de água na geladeira.

𝙋𝘼𝙉𝘿𝙀𝙈𝙄𝘾 // 𝘾𝙖𝙧𝙡 𝙂𝙧𝙞𝙢𝙚𝙨Onde as histórias ganham vida. Descobre agora