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O meu despertador toca. Levanto-me e visto uma leggins e uma sweater. Pego na minha mala e ponho lá o telemóvel e o seu carregador. Pego num gorro preto e num casaco e saio do meu quarto indo até ao da minha mãe. Abro a porta devagar e vejo-a embrulhada e ainda a dormir. Chego-me perto dela e ela abre os olhos um pouco.

- Mãe vou-me embora.- Digo e dou-lhe um beijo na testa.

- Tem uma boa viagem Katty.- Ela diz e fecha novamente os olhos.

Saio do seu quarto, olho uma última vez para trás e fecho a porta. Desço as escadas, visto o meu casaco e vou até ao espelho para me certificar e o gorro fica direito. Abro a porta e um senhor muito bem vestido que parece ter uns 60 anos está à minha porta. Fico desiludida, pensei que era o Petter que ia encontrar quando abrisse a porta.

- Bom dia. A menina precisa de ajuda com as malas?- o senhor pergunta educadamente e estende-me a mão como sinal de cumprimento. Um carro preto vê-se no final do caminho da minha casa e eu calculo que este seja o homem que a minha mãe contratou para me levar a casa do meu pai.

- Bom dia.- Digo e aperto a mão do senhor.- se não for muito incomodo eu poderia usar uma ajuda.- o senhor dá-me um sorriso e indico-lhe as malas ao lado da porta. O senhor pega nas duas grandes malas pretas e eu fico com a mais pequena. O senhor sai levando as malas até ao carro. Fico para trás e olho uma última vez para o interior da casa e respiro fundo.

Finalmente fecho a porta e tranco-a. Caminho até ao senhor que espera ao pé da bagageira do carro aberta que eu lhe leve a mala pequena preta para poder fechar a bagageira. Entrego-lha e abro a porto de traz e entro. Oiço o som da bagageira do carro a fechar e segundos depois a porta do condutor é aberta. O senhor entra e liga o carro.

- Está tudo menina?- o senhor simpático e pergunta olhando-me pelo espelho.

- Sim, podemos ir.- Digo e deixo uma lágrima correr pela minha cara.

- Tem a certeza?- O senhor pergunta e viro a cara para a frente para olhar para o senhor mas o rapaz de cabelos encaracolas em frente ao carro capta toda a minha atenção.

Em segundos saio do carro como um relâmpago e corro até ele abraçando-o.

- Desculpa.- Petter sussurra ao meu ouvido. Os meus olhos estão fechados e as lágrimas correm desesperadamente pela minha cara. Sinto os seus lábios raspar nos meus e momentos depois os nossos lábios estão colados.

- Peço desculpa meninos, mas está a ficar tarde.- O condutor diz, somos obrigados a largar-mo-nos.

- Eu amo-te.- Sussurro olhando-o nos olhos.

- Eu também te amo.- Ele sussurra de volta e trocamos um último beijo.

Viro-me e vou até ao carro. Olho para trás e Petter continua parado no sítio onde o deixei. Abro a porta do carro e entro.

Ponho o sinto e o carro começa a andar e eu vejo toda a minha vida ficar para traz.  

Encosto-me para traz e fecho os olhos deixando o meu cansaço tomar conta de mim.

- Menina chegou.- Oiço a voz do condutor chamar-me.

- Dormi a viagem toda?- pergunto incrédula. Não tenho andado a dormir bem ultimamente e estou admirada por ter dormido tanto, pois ainda são mais ou menos quatro horas de viagem até casa do meu pai.

- Como um anjinho.- O senhor sorri para mim e abre a sua porta saindo do carro. Respiro fundo as vezes suficientes para ter coragem de encarar a cara do meu pai.

A minha porta é aberta e saio lentamente. Olho em volta e posso ver que aqui nada mudou, parece que o tempo parou desde a ultima vez que me lembro de aqui estar. A neve cobre todos os jardins da vizinhança e luzes enfeitam todas as casas. Como esta gente adere ao espírito natalício é impressionante mesmo. Olho para a casa onde vou passar a viver nos próximos tempos e uma figura alta no alpendre da casa chama a minha atenção.

Olho para traz e o simpático condutor está a retirar as minhas malas da bagageira.

- Não se incomode, eu posso levar as malas.- Uma voz grave soa atrás de mim.- Olá Katherina.- O meu pai sorrindo para mim.

- Olá pai.- Digo com um sorriso tímido.

- Bem, a menina está entregue eu tenho que ir. Tenham um bom natal.- O senhor despede-se e cumprimenta-nos aos dois com um aperto de mão.

Ambos desejamos um feliz natal ao senhor e este de seguida entra no carro e conduz até o carro ficar fora do nosso campo de visão.

O meu pai tenta pegar em todas as malas ao mesmo tempo mas sem sucesso. Eu tento ajuda-lo mas ele apenas me deixa pegar na mala mais pequena e quando a discussão devido às malas acaba vamos até ao alpendre e entramos em casa.

- Bem-vinda a casa Katherina.- O meu pai diz e começa a subir as escadas que dão acesso andar de cima.

Entramos numa porta e ele apresenta-me ao meu quarto. A cama está feita com roupa de cama roxa, há duas mesinhas de cabeceira uma de cada lado da cama, um grande guarda-roupa, uma secretaria e uma cadeira e num canto do quarto está um sofá onde apenas uma pessoa se pode sentar.

- Vamos deixar as tuas coisas assim por enquanto. Vamos comer fora e depois vamos fazer umas compras.- O meu pai diz e eu aceno positivamente com a cabeça.- A não ser que queiras ficar. Se quiseres ficar não tem problema.- Ele diz meio atrapalhado.

- Eu vou.- Digo e ele sorri.

- Vamos embora quando quiseres. Estou lá em baixo à tua espera.- Ele diz e sai do quarto.

A coisa boa sobre o meu pai é que ele não é muito controlador e é uma paz de alma. Ele não fala muito, mas tem sempre as palavras certas. O exato contrario da minha mãe.

O almoço foi tranquilo, num restaurante de um amigo do meu pai. Quanto ambos acabamos de comer e o meu pai paga a conta e saímos.

- Katherina eu vou fazer umas compras para casa, se não quiseres vir à uma loja de música ali.- Ele aponta para o sítio a que se refere.- E ali é uma loja de roupa e logo ao lado está uma livraria.- Diz apontado para os sítios respectivamente.- Precisas de alguma coisa do supermercado?

- Não preciso de nada obrigada. Acho que vou até à loja de música se não te importares.- Digo e prendo o meu cabelo num rabo-de-cavalo.

- Então encontra-mo-nos ao pé do carro daqui a uma hora.- Ele diz e aproxima-se de mim e deixa um beijo na minha testa.- Estou feliz que estejas aqui.- Ele desabafa.

- Estou feliz por estar aqui.- É verdade, eu realmente estou feliz de estar aqui. Eu sentia saudade de toda a calma que esta pequena cidade me transmitia.

Atravesso a estrada e entro na loja de música indicada pelo meu pai. Ao entrar uma pequena campainha soa indicando a minha entrada. Olho para o balcão ao fundo da longa mas ninguém se encontra lá e continuo a caminhar para a frente.

Sinto algo vir contra mim e caio com o rabo no chão gelado num estalar de dedos.

 - Vê por onde andas!- Alguém diz para mim e olho para cima para ver de onde vem a voz. Um rapaz está a olhar para mim com ar de zangado. Que descaramento! Eu estou no chão, não ele! 

DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora