Capítulo 18 - Viva, Apesar de Mim Mesma

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Estou de volta, pequenos gafanhotos.

Eu gostaria de dizer aqui que esse capítulo é extremamente importante pra mim, tanto quanto Tudo Permanece. Eu já tinha em mente esse acontecimento na história, um pouco mais pra frente, mas dado o que aconteceu nós últimos tempos, acredito que não há melhor momento do que o agora para usar minha plataforma.

Esse capítulo representa a realidade. Na verdade, a realidade é ainda pior. Se lembrem disso. Ouçam o que pessoas negras a sua volta tem a dizer, tenham empatia por suas histórias. A vida delas importa. A maioria de vocês é jovem demais para agir nesse momento, mas nada os impede de ter consciência.

Vamos para o capítulo. Boa leitura! xoxo
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Marshall Lee já sabia qual era o motivo dos sorrisos bobos e dias bem humorados da irmã, mas tinha algo de diferente naqueles últimos dias. Ela estava realmente radiante dessa vez. Parecia descansada, em paz, como não ficava desde... Bem, desde muito tempo.

E parecia algo continuo dessa vez, e não passageiro. Já tinha bem uns quatro dias que a irmã estava naquele estado de humor, fazendo pelo menos duas refeições completas todos os dias, assistindo a todas as aulas. Não bebeu um dia sequer, e nem mesmo fumou com tanta frequência.

Era dia de ensaio, e eles estavam no estúdio  na casa de Marceline e Marshall. Marceline estava ao lado de Bongo, que estava em frente a um sintetizador, tentando acertar as notas da música que iriam tocar. Marshall afinava a guitarra ao lado de Guy, observando a irmã.

"Você também percebeu, né?" - disse Guy, percebendo para onde o amigo estava olhando.

"Claro que sim. Ela tá... brilhando. Isso faz sentido? Eu não sei, mas eu não vejo ela nesse estado de espírito a três anos, Guy. E essa vaca não me conta o que é que aconteceu."

"Você perguntou pra ela?" - disse ele, rindo da frustração de Marshall com o silêncio da irmã.

"Sim, mas ela disse que não é nada. Que só acordou se sentindo bem. Quando eu insisto no assunto, ela me manda ir tomar no cu" - resmunga ele, irritado. A verdade é que ele tem a mesma personalidade impulsiva e reservada. Mas você não vai querer discutir isso com ele.

Guy apenas riu. Conhecia a amiga, sabia que não adiantava pressionar. As vezes ela estava aprontando alguma coisa e não queria ser descoberta antes do momento certo. Outras, só queria curtir um pouco um momento bom, apreciar o sabor de uma vitória em silêncio. Eles sabiam que ela não tinha muitas. Não a julgavam.

Quando Bongo ficou satisfeito com os resultados no sintetizador, eles se organizaram para tocar. Marceline se sentou de frente para um microfone, o baixo no colo, alegre. Esperou que seus amigos de ajeitassem, e quando o instrumental deu início, ela pareceu mais radiante do que nunca.

How lucky I feel
To be in my body again
How lovely I feel
Not to have to pretend
Shocking to feel
A positive charge
Innocuous thrill
Big invisible spark (hmm)

(Quão sortuda eu me sinto
Por estar no meu corpo novamente
Como me sinto adorável
Por não ter que fingir
Chocante de sentir
Uma carga positiva
Emoção inócua
Grande centelha invisível (hmm))

Quando Marceline pedira para gravarem um cover para aquela música, seus amigos se espantaram. Desde o lançamento daquele álbum, essa era uma faixa que ela evitava.

Admirava de forma artística, mas não conseguia se conectar com o positivismo de letra. Mas agora as palavras saiam de dentro dela com verdade, como se fossem um hino de guerra. Algo definitivamente tinha mudado.

Agridoce - Bubbline AUOnde as histórias ganham vida. Descobre agora