4. Lágrimas peroladas.

438 64 141
                                    

"Mas uma sereia não tem lágrimas, e, portanto, ela sofre muito mais."
— Hans Christian Andersen

Wonwoo não conseguiu dormir depois daquele pesadelo

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Wonwoo não conseguiu dormir depois daquele pesadelo.

Ficou acordado o resto da madrugada, esperando o horário de se levantar e se arrumar para a faculdade. Às vezes o rosto de Seulgi aparecia em sua mente, seus olhos pequenos e brilhantes, que diminuíam toda vez que ela sorria. Seulgi e Wonwoo eram inseparáveis, principalmente, por terem quase a mesma idade. Seulgi adorava o mar, fora uma grande ironia ter sua vida tirada justo por aquilo que mais amava. Aquele vazio, aquele sentimento de inutilidade, preencheu o coração de Wonwoo. O garoto voltou a chorar, deixando-se consumir pela culpa, pela tristeza e pela saudade.

Ele devia ter feito mais, não devia? Se amava tanto Seulgi do jeito que dizia, por que não a salvou? Por que não puxou sua mão? Por que ficou parado? Por que deixou o medo paralisa-lo?

E então, seu despertador tocou. Ficou parado por mais um tempo, tentando parar de chorar, antes de se levantar e ir tomar um banho. Guardou os materiais dentro de sua mochila e pegou as apostilas das aulas que teria hoje. Ao sair de casa, se deparou com Doyeon, ela trancava sua porta e parecia pronta para estudar. Fora só naquele momento que Wonwoo percebera que não se lembrava de ter voltado para casa. A última lembrança que tinha era de estar no quarto da garota, jantando.

— Ei, Doyeon. — Ele a chamou e se aproximou dela.

— Oi, Wonwoo! — Ela acenou e guardou as chaves em sua mochila — Dessa vez saímos juntos, olha só!

— Pois é. — O garoto riu nervoso e alternou o peso do corpo de um pé para o outro — Hm... Aliás, ontem, como eu voltei pra casa?

— Ué, você não se lembra? — A menina ergueu as sobrancelhas — Você levantou e disse que estava com muito sono porque ficou a tarde inteira estudando, ou sei lá o quê. E aí foi embora.

— Ah, sim, verdade. — Wonwoo sorriu, sem graça — Acho que eu estava com muito sono, pois, não lembro de nada.

— Coitadinho. — Doyeon riu e deu tapinhas em suas costas — Mas, então, vamos? Não quero chegar atrasada pra minha aula.

O trajeto fora tranquilo, porém, a cada passo, Wonwoo achava difícil ignorar o ácido em seu estômago, pensando que, talvez, aquilo que Doyeon lhe contara não fosse o que aconteceu de verdade. Ao entrarem na faculdade, se despediram, e cada um fora para suas respectivas salas. Quando Wonwoo se sentou atrás de Seungkwan, percebeu que o amigo não o vira chegar; o loiro observava algo pela janela com um olhar distante e entorpecido.

— Seungkwan? — Wonwoo o tocou, e o garoto pulou de susto — Opa! Tá tudo bem?

— Sim! — Seungkwan suspirou e balançou a cabeça — Pensei ter visto alguma coisa, desculpe.

Novamente, Wonwoo sentiu o ácido queimar seu estômago. Havia algo errado, mas o quê? Não teve tempo de pensar muito, pois, sua professora chegara na sala. Mais tarde, naquele dia, Wonwoo e Seungkwan encontraram os amigos na cantina, e, após pedirem seus almoços, sentaram-se em uma mesa.

✘ toxic.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora