Picolé de chocolate

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POV CHRISTIAN

Quando volto para a sala, não sei exatamente como resolver a questão. De nenhuma fodida maneira Charlotte irá sair daqui somente para manchar o nome de Anastasia na mídia. Seria a porra de um inferno. 

Claro, seria mais prazeroso permanecer no quarto e afogar todos os problemas dentro da minha mulher. Mas se tenho aprendido algo, e com certeza aprendi, é que sexo sensacional não resolve o que uma boa conversa resolveria. De qualquer forma, vamos acabar na cama. E hoje irei para a cama com uma versão agressiva e ciumenta da mulher que amo.

Assim que chego a sala vejo Charlotte. Ela está sentada no sofá, segurando uma bolsa de gelo ao lado da bochecha. Pela sua expressão irritadiça, noto que foi impedida de sair do apartamento. Taylor está perto do hall de entrada, tanto para garantir que Charlotte não saia quanto para lhe dar algum espaço.

A mulher que vejo é diferente da que costumava conhecer. O cabelo sempre alinhado tem vários fios desgrenhados e seu batom está borrado. Ela não parece feia, porém menos produzida do que o comum.

Deixo toda a raiva que Ana me fez sentir mais cedo e caminho até ela. Primeiro a forma como desligou a chamada mais cedo, depois mal me deixou falar e cuspiu todo seu ódio em mim. Ela realmente merece uma punição.

-"dê-me um minuto, Taylor" digo. Ele acena com a cabeça e se retira rumo a cozinha.

-"ora, ora, ora. Veja quem apareceu" ela é a primeira a dizer algo. Cruzo os braços e me apoio em um pilar de sustentação no meio da sala. Sei que Charlotte tem muito a dizer, então irei ouvir.

-"deveria conter a agressividade da sua esposa, Grey. Se eu soubesse que sairia com o rosto deformado, não teria vindo quando me chamou" apesar de parecer uma vítima, essa é uma posição que mulheres como ela nunca assumem. Ela é autossuficiente demais para aceitar ser menos que a controladora da situação. 

Porra, Anastasia agressiva é novidade para mim também, minha doce Ana... Estou feliz e surpreso com a capacidade que ela tem de perder o controle. Bom, não sou apenas eu com ciúme possessivo entre nós. 

-"Eu sei o que veio fazer aqui, então sejamos diretos. Ficar presa nesse lugar não me parece mais tão prazeroso quanto antes. Eram bons tempos quando você me…" 

-"é mesmo? Eu não me lembro de nada" eu a interrompo. Entendo seu jogo antes mesmo de começar. Sei que ela está tentando me fazer voltar na porra do passado para, talvez, recuperar afeto por alguma memória.

-"O que eu sei é que não queremos ter problemas. Um julgamentos, vários repórteres, uma denúncia infundada. Essa porra não iria longe" afirmo.

-"eu não sou estúpida. Sei que uma denúncia contra você é causa perdida" Charlotte se alinha ao sofá e cruza as pernas. Seu corpo está propositalmente virado na minha direção, de modo eu que poderia escrutinar facilmente. 

-"então estamos conversados" digo. Apesar da intenção não ter sido ameaçá-la, eu não hesitaria caso tivesse que fazer isso. Não há limites para proteger o que eu mais amo.

-"eu mereço um pedido de desculpas, não acha?" Ela pergunta. Qualquer pessoa que não conheça Charlotte lhe daria razão, mas eu não sou uma dessas pessoas. Lido com gente tão mesquinha quanto ela todos os dias; pessoas capazes de incendiar uma cidade e dizer que é apenas luz.

-"ou talvez não" ela joga ambas as mãos para cima em sinal de desistência.

-"Lough irá levá-la para casa. Se tiver algo mais para dizer, pode dizer a ele"

-"eu vim com meu carro"

Aceno com a cabeça e espero até que ela se levante e saia do apartamento. A situação não exige a formalidade de pedir para alguém a acompanhar até o térreo. Chego a suspirar de cansaço quando ela para no meio do caminho. Mesmo que não se vire para mim, sei que ela dirá algo para tornar a conversa mais desagradável. Essas saídas teatrais são suas favoritas.

50 Tons de PuniçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora