3° Carta.

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Olá, Eloy!

Hoje eu fui para a escola, e sério, cara...

... Você já era lindo, mas com esse corte de cabelo ficou mais maravilhoso ainda, realçou a sua beleza...

... Eu queria ter me aproximado e acariciado os seus cabelos negros e macios, mas achei que você fosse me achar louco demais, eu queria muito sentir os seus cachos negros deslizando pelos os meus dedos, mas não vai dar, não é?

Acho que você deve estar ficando envergonhado, eu lembro de como você cora e age quando recebe um elogio, é tão fofinho, e eu sinto vontade de te apertar e morder toda vez que te vejo assim envergonhado, argh, que coisa fofa!

Eu tenho uma ótima novidade para te contar, quer saber qual é? Meus irmãos mais velhos conseguiram a vaga na faculdade que eles queriam, eles vão para Harvard, agora eles estão de mudança, eu estou triste por isso, Eloy, eu amo eles e estou feliz por eles estarem conseguindo realizar os sonhos deles, mas triste por saber que terei que ficar longe deles, eu sou contraditório demais, não sou?

Meus irmãos já me ajudaram tanto, e eu sinto muito orgulho deles por serem tão fortes e não implicarem tanto comigo, assim como eu sinto orgulho de você, eu me orgulho por ser tão gentil, por ter ajudado o Kim.

Meu pai me disse que eu um dia conseguirei realizar todos os meus sonhos também, mas acho que é ilusão e uma grande mentira, minha mãe é médica e é realista, ela falou que o meu corpo está fraco e que eu não conseguirei lutar por muito tempo.

Essa é a triste verdade: eu não tenho muito tempo por aqui, eu só estou aqui de passagem assim como qualquer outra pessoa, mas o meu infinito aqui é tão curto, e eu invejo quem tem saúde, porque eu não tenho, eu queria ter uma vida longa, conhecer pessoalmente o meu amor (você), um dia ter filhos, conseguir um emprego legal, montar uma família, mas eu não vou realizar esses sonhos. Pois tem uma competição para ver o que me mata mais rápido: se são os remédios, se é a quimioterapia ou a depressão.

Porque quando a morte me chamar, eu irei me render e saberei que terei feito tudo o que eu podia, pois o meu corpo não aguentará mais lutar.

Mas ainda não irei me render ao abraço acolhedor da morte, eu serei forte por mais tempo por você, porque eu quero te ver sorrir de novo, eu quero te conhecer, eu quero te abraçar, sei que posso estar sonhando alto, mas sonhar faz bem e é melhor do que a minha triste e curtíssima realidade, melhor viver imaginando do que sofrer vivendo!

Eu vou escrever muito ainda, vou te encher o saco mandando essas cartas que você com certeza odeia, pois eu amo você.

Lembre-se, Eloy, eu amo você!

Até logo, Eloy, te amo muito!

Eloy leu aquela terceira carta pela a quarta vez, pensando em quem poderia ter a escrito, quem seria o seu admirador secreto? Por que a pessoa não se aproximava quando eles estavam na escola?

Eloy estava muito curioso, pensou e avaliou quem poderia ser a pessoa, mas não havia ninguém que ele conhecesse que tivesse uma mãe médica e que estivesse com os dias contados. Talvez pudesse ser apenas um garoto idiota brincando com ele? Ou um nerd tímido que não tinha vontade de se aproximar? Quem saberia?

Um garoto de dezessete anos; que tinha um problema de saúde sério; que o admirava secretamente e que era apaixonado por ele; um garoto que tinha uma mãe médica, quem seria ele?

Eloy queria sim conhecê-lo, talvez ele pudesse fazê-lo sorrir, fazê-lo se divertir pois ele tinha poucos dias na terra, e seria bom fazer alguém feliz mesmo por pouco tempo, normalmente Eloy não conseguia lidar com pessoas tristes, ele poderia ser um bom amigo.

Eloy se sentiu bem ao imaginar como seria divertido ouvir a risada do outro, mesmo que não o conhecesse, conseguia imaginar se ele iria sorrir e rir para ele, afinal a felicidade dos outros também é boa para si mesmo, espero que ele seja alguém real, e não apenas um idiota, Eloy pensou para se tranquilizar.

Eloy releu novamente a carta antes de dormir, ok, talvez ele estivesse gostando da audácia e coragem de seu admirador secreto, mas tudo bem, não é? O garoto desconhecido parecia ser tão tímido por ainda não ter se aproximado, e talvez ele fosse muito interessante, como Eloy gostaria de conhecê-lo, esperava não se decepcionar.

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