Confiança

1.1K 115 29
                                    

Kara entrara mais uma vez no Whatsapp somente para constatar que Lucy ainda não recebera sua mensagem.
Não conseguiu retrair um suspiro decepcionado. Queria falar com ela. O mínimo contato que fosse.

Reparou nos e-mails não lidos e os abriu, de modo a se distrair. Um deles era de Lucy, e qual não foi a surpresa dela ao ler os pequenos três parágrafos que praticamente fizeram seu coração palpitar!

Lucy sairia com os pais naquela noite. Fazia um mês que Kara a tinha pedido em namoro, por telefone, e elas conversavam todos os dias, trocando promessas, declarações, perdendo aos poucos o medo de um mundo desconhecido até então para ambas.

Nos estudos Kara continuava sendo a mesma garota aplicada de sempre. Andrea e Winn a haviam convidado para sair muitas vezes, mas ela só aceitara duas, depois de se certificar com Lucy que ela não se importava.

Kara ligava sempre, do táxi, e prometia “não aprontar nada”, voltar sóbria e comportada para casa.

Ainda que não tivesse consumado qualquer tipo de traição, Kara voltara ao seu apartamento, das duas vezes, com a impressão de que tinha desmerecido a confiança de Lucy.

A maldita Lena e sua fama de conseguir a mulher que quisesse, que bem entendesse... Kara a seguia com os olhos a noite toda.

Parecia mera inveja no começo, mas por fim já era um pouco de desejo e ela estava se tornando madura o suficiente para entender isso; ainda que não conseguisse controlar.

Como poderia sentir aquele tipo de coisa? Não tinha qualquer intenção de estabelecer uma relação afetiva com ela e estava certa de que ninguém o conseguiria.

Lena não namora ninguém fora a frase de Andrea. Kara já tinha entendido isso. Mas ainda ficava gaga quando a advogada se aproximava dela.

“Quer jantar?”

A frase aparecendo na tela, diante dos seus olhos, a tirou do transe.

“Oi And”.

“Pedi pizza, quer jantar?”

“Comi alguma coisa mais cedo”.

“Oi, é o Winn. Vem de uma vez, é uma ordem”.

Kara riu. Winslow era assim o tempo todo, imperativo. Afinal o convite não era para jantar, mas para bater na porta do outro lado do corredor e se juntar a eles. E ela bem que queria.

Passara o dia afundada em apostilas do cursinho, mas teria de acordar cedo no outro dia e as “reuniões” na casa de Andrea eram divertidas o suficiente para que ela acabasse sempre voltando tarde demais, e ficando imprestável no dia seguinte.

“Desculpa, tô cansada”.

“Chata”.

“Desculpa”.

“Oi Kara, sou eu de novo, desculpa o Winn, ele é grosso mesmo”.

“Eu sei. Rsrsrsrs”.

“O convite ainda está de pé”.

“E eu ainda estou cansada”.

“Tudo bem. Boa noite”.

Bloqueou o celular. Não gostava de decepcionar Andrea e não podia esconder de si mesma que notara o que ela estava fazendo.

Estava tentando ser sua amiga porque ela ainda não conhecia muita gente na cidade. Era realmente muita sorte ter encontrado uma pessoa assim.

Pensou em Stacey, àquela altura já sabia que ela era a ex de Andrea e que sua amiga gostava dela. Andrea era sempre tão atenciosa e Kara pensava nos malditos estudos em primeiro lugar.

O Triângulo Onde histórias criam vida. Descubra agora