2. Depois da tempestade.

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[AVISO] Gente, originalmente esse e o próximo capítulo eram um só, mas como ia ficar estupidamente GIGANTE se eu postasse inteiro, resolvi dividir no meio. Por isso estou postando esse agora e a continuação dele vou postar na sexta (que é o dia de atualização da JTD?). Era só isso mesmo, espero que apreciem. Boa leitura!

Estou correndo. Eu não sei o porquê de estar correndo, mas sinto que preciso acelerar cada vez mais. Preciso me afastar da coisa que me persegue. Ela está perto, muito perto agora... posso ouvi-la me chamando, sinto seus dedos roçando minhas costas, mas não me atrevo a olhar para trás. Apenas continuo correndo.

Abro meus olhos lentamente, sem de fato conseguir enxergar. Sinto minha boca seca e um cansaço extremo. Estou deitada e percebo que há um fino cobertor sobre meu corpo.

Está tudo escuro e começo a ficar nervosa. Tento me mexer, mas estou basicamente imobilizada, com o corpo completamente dolorido. Então, imagens da noite passada invadem minha cabeça.

Eu estou morta? Isso é o Inferno?

Esther? Está acordada? Graças ao Senhor! - Reconheço a voz imediatamente.

- Rita...? - Sussurro com a voz fraca. Minha garganta dói, assim como todo o resto do meu corpo debilitado. Algo deixa uma sensação estranha no meu rosto, como se as bochechas estivessem presas.

- Minha menina... - Pelo tom de sua voz, presumo que está chorando.

Com certeza estou em um leito no hospital da cidade agora, e como já esperava, Rita é a primeira pessoa a aparecer. Tento não pensar em meu estado atual e foco somente em sua voz familiar. De repente, mais uma dúvida me açoita.

- Rita... cadê o papai?

Minha garganta agora dói ainda mais. Isso me faz lembrar da mão de Jeff apertando meu pescoço, seus dedos pressionando minha pele com força, me sufocando. Estremeço, segurando minha vontade chorar.

- Acho melhor você descansar primeiro, Diabinha. A enfermeira disse que foi um milagre você sobreviver a tudo isso... essas coisas... horríveis...

Ela soluça chorando e sinto seus dedos se entrelaçando cuidadosamente nos meus. Minha mão dói um pouco com o toque, mas ignoro.

Melhor amiga da minha mãe antes dela falecer no parto do meu irmão, Rita é parte da família. Ambas eram modelos que se aposentaram ao preferir a vida de mãe e dona de casa à vida nas passarelas, o que eu particularmente acho um absurdo.

Completamente diferente da minha mãe na aparência, ela tem o cabelo curto e tingido de vermelho, além de uma pele negra perfeita. A única coisa em comum com a antiga melhor amiga são seus lindos olhos verdes, que se destacam em seu rosto.

Rita cuida de mim desde que eu era uma criancinha. Porém, sua característica mais marcante sempre foi a religiosidade. Criada por pais conservadores e extremamente religiosos, Rita sempre ri ao contar que já teve uma fase rebelde e que a maior lembrança disso é o cabelo vermelho. O apelido 'Diabinha' me foi dado porque eu nunca fui muito ligada à vida religiosa e detestava ir à igreja, então o apelidou acabou virando uma piada particular.

Após alguns segundos de silêncio enquanto ela se recompõe, faço a pergunta que está martelando na minha cabeça.

- Ele está morto, não é?

Minha voz não passa de um sussurro. Ferida, sinto minha garganta apertar ao lembrar do corpo do meu pai jogado na cama, sendo brutalmente esfaqueado por um maníaco homicida.

Gemo de dor ao tentar me sentar para pedir um copo d'água. Rita me ampara e, pedindo para que eu fique parada, sinto a própria cama se dobrando para me deixar sentada.

Jeff the... Dad? (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora