Souvenir

CAPÍTULO QUATRO

— Ethan, John ligou e disse se viria? – Perguntou Carmen ao marido em tom alto.

— Oi, amor – Ethan colocou apenas a cabeça dentro do banheiro – Perguntou algo?

Carmen virou de frente para ele e abriu a porta do box. Ethan, admirou os olhos de sua amada esposa antes de se perder em desejo pelo restante de seu corpo.

— Posso repetir essa pergunta mais tarde? – Maliciou Carmen.

— Com certeza – Sua resposta veio acompanhada do caminhar até o box enquanto tirava a roupa.

Ethan e Carmen se conheceram em uma plataforma de relacionamentos. Os primeiros encontros não foram tão promissores quanto parecia ser enquanto conversavam por mensagem. Não demorou para que o interesse de ambos se perdesse.

Um ano depois, na festa após um desfile que Carmen havia trabalhado, eles se reencontraram. Dessa vez, não faltou assunto e nem mesmo vontade em explorar incansavelmente um o corpo do outro.

O que aconteceu no primeiro encontro é que Ethan não estava maduro o suficiente e nem mesmo pensado sobre o seu eu. Ao se dar conta da grandiosidade de Carmen, soube ali que não queria causar a ela os efeitos do tumulto de seus sentimentos e pensamentos.

Então quando ele estava pronto para ela, nada foi capaz de ficar entre os dois. Nem mesmo as simples desavenças do cotidiano.

Mais tarde, John chegou acompanhado de seu cunhado Caleb. Em seguida, Rosie apareceu.

Incontáveis rodadas de cerveja mais tarde, todos estavam soltos e se divertindo com o barulho da música. No canto da cozinha, John flertava com Rosie e do outro Caleb estava a conversar com Ethan. Carmen apenas observava enquanto embriagava-se.

— Como está, Cali? – Perguntou Ethan.

— Não sei, vim na esperança de Carmen responder – Respondeu Caleb ao amigo que fizera através de sua irmã – Ela não responde minhas mensagens desde que avisou que havia desembarcado na França.

— Você sabe como ela é dedicada ao trabalho, semana que vem ela está de volta.

— Eu só fico preocupado em como fica a minha sobrinha no meio dessa história – Observa Caleb a situação entre John e Rosie.

Já não era novidade alguma que algo ali acontecia. Mas este não era o foco.

— Com quem ela ficou?

— Com os pais de John – Caleb deu um longo gole na sua bebida antes de voltar a falar – Eu acho que a Cali não volta.

— Como assim? – Carmen se intrometeu após se cansar de ficar presa aos seus pensamentos.

— Eu prefiro que ela não volte. O que nossos pais fizeram com ela é...

— Ela não diz como está, se chegou a conversar com a Ana, nem nada – Carmen estava triste desde quando soubera da partida antecipada de Cali.

A viagem a trabalho para a França já estava programada, mas o último episódio levara Calista se apressar para fazer as malas e levar mais do que o suficiente para 1 mês.

— A Cali é assim – Disse Caleb – Ela precisa do tempo dela e...

— E eu espero que ela não volte para cá – A voz de John se apresenta firme ao se aproximar do grupo.

— John – Interfere Ethan e coloca a mão sobre a barriga do amigo – Por favor, não é o momento.

— Não vou brigar – Se defendeu a tempo – Vocês acham mesmo que a Cali merece viver mais um dia do inferno que ela estava ficando aqui? Todo dia ela chegava bêbada do trabalho e não ficava mais de trinta minutos sem fumar. Caleb – Chamou a atenção do ainda cunhado – Você sabe da história melhor do que qualquer um aqui, você sabe o que fizeram com ela.

O irmão se silenciou em remorso. Ele estivera vivendo a luz da sua adolescência, sendo bombardeado por mentiras de que a sua irmã estava doente e que aquilo era necessário. Por algum tempo ele concordara com os pais, até ter seus olhos abertos a partir de um trabalho voluntário.

— Então ela não volta? – Pergunta Rosie ao se aproximar.

Era incontestável o sentimento de Rosie por Cali, mesmo sabendo da ausência de correspondência a altura. Ao mesmo tempo que seus sentimentos cresciam por John. Amava ela os dois por igualdade e queria-os juntos a ela.

— É muito cedo para a gente especular qualquer coisa – Carmen respondeu enquanto ia em direção a mais uma garrafa de cerveja.

A última vez que Calista estivera na França também fora a trabalho. Ela gostava do clima de paixão e acolhedor que o país a oferecia. A cidade de Nice pedia uma noite de vinho na hidromassagem, mas mesmo tendo essa oportunidade, Cali aproveitou do tempo da noite para conversar com a sua sogra e perguntar como estava a sua pequena Juno.

Durante a madrugada, deitada no chão do quarto e fitando o teto, Calista pensava em Ana. Outrora pensava na sua filha e no que estava prestes a decidir.

O reencontro com Ana não havia sido positivo para nenhum dos lados, exceto pelo fato de que não estavam mortas. No entanto, para Calista, a mentira contada para ela há dez anos só tinha um único efeito: desvincular.

Já não importava o que pensaria seus pais. Nem mesmo seu irmão. Ou qualquer outra pessoa que tenha cruzado o caminho de Calista. Ela se questionava dia e noite sobre até quando permitiriam que fizessem escolhas por ela ou até que ponto aceitaria viver conforme ditavam.

Há muito tempo já não importava os valores depositado em sua conta das ações da empresa de sua família. Nem mesmo se John sofreria com aquilo.

O desejo de Calista era ir em busca das suas perdas. Ou seja, da mulher que tentaram matar aos 17 anos.

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Ethan Briggs, 29 anos.

Caleb Dixon, 23 anos.