Reunião

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A fogueira já estava acessa quando os integrantes do conselho quileute se acomodaram ao redor dela, ansiosos, visto que mais uma reunião estava para começar.

Alguns anos já haviam se passado desde a transformação de Bella. Vampiros e lobisomens mantinham uma aliança poderosa devido ao imprinting de Jacob e Reneesme, porém, com cada um respeitando o território do outro. Nessie já havia atingido o ápice de seu crescimento, como previsto por Carlisle, e correspondia aos sentimentos de Jacob, tal como o quileute sonhava.

Os Cullens residiam na mesma casa de sempre, felizes, pacíficos e procurando manter as aparências aos habitantes de Forks. Já os quileutes ganharam mudanças consideráveis em suas vidas: a idade dos lobos aumentou, apesar de suas mudanças físicas serem nulas devido à permanência dos vampiros na cidade; Jacob e Sam eram alfas, mas, mesmo que um tivesse o seu próprio bando, Jake deixara tudo sobre o comando do amigo a fim de ter mais tempo com a namorada; mais alguns garotos quileutes entraram para o bando; Emily tivera um filho de seu amado; e Leah... Bem, ela continuava em sua vida amarga, presenciando as cenas românticas dos dois alfas sem qualquer resquício de felicidade por eles ou de esperança para si mesma.

Algumas conversas paralelas foram feitas ao redor da fogueira, um pouco de comida começou a ser passada de mão em mão, Sam levantou o braço direito chamando a atenção de todos, fez-se silêncio, e por fim, o assunto importante da noite finalmente poderia ser iniciado.

― O assunto que tenho a falar com vocês é muito sério - começa Sam. - Onde está o Jacob?

― Provavelmente com a monstrinha dele.

― Leah, não comece!

― Tudo bem Sam - diz Jacob, aproximando-se e tomando seu lugar ao lado do amigo -, eu estava mesmo com a Nessie - explica, frisando o apelido da menina e olhando fixamente para Leah. - Acho bom você tomar cuidado com o que fala dela.

A garota revira os olhos, odiava ver a melosidade do rapaz com o alvo de seu imprinting, ou melhor, odiava ver o comportamento de qualquer um dos lobos com seus imprinting, pois lhe trazia más lembranças.

Sam e Jacob sussurram durante alguns minutos, ambos precisavam estar em sintonia para que todos do bando pudessem trabalhar juntos, e, depois de colocar o amigo ciente da situação, o Uley reinicia seu discurso:

― Muito bem, vamos continuar - anuncia Sam com ar preocupado -, recebi uma mensagem telepática esta manhã e fui até a fronteira para atender ao chamado...

― Telepática? - interrompe Embry. - Você quer dizer que era um lobisomem?

― E você foi sozinho? Poderia ser perigoso - diz Emily abraçando o filho com um braço e o bíceps do marido com outro, fazendo Leah desviar o olhar do casal apaixonado como se a imagem queimasse suas retinas.

― Não se preocupe, eu tinha total segurança no que estava fazendo, até porque, a mensagem era um pedido de refúgio de um alfa. - Houve alguns murmúrios. - Silêncio, por favor, deixe-me terminar. - Um silêncio repentino se instalou ao redor da fogueira. - O chamado era sim de um lobisomem, especificamente de um alfa e ele pede refúgio para seu bando aqui na reserva.

― Que demais, teremos novos irmãos de bando.

― Acalme-se Seth, eles não serão nossos irmãos de bando, porque não são como nós. É por isso que trouxe este assunto para a reunião de hoje, pois os entes queridos de cada um de nós terão contato com este novo bando.

― O que quer dizer exatamente Sam? - pergunta Billy tentando fisgar a verdadeira mensagem por trás das palavras do rapaz. - Seja mais claro, para sabermos exatamente em que situação nos encontramos.

― Lucian é o nome do alfa e seu bando contém mais duas garotas. - Leah ri, recebendo olhares de reprovação da maioria do grupo. - O bando é pequeno, mas muito perigoso. - Respira fundo, medindo o impacto das palavras que viriam a seguir. - Eles são Filhos da Lua!

O velho Billy leva as mãos à boca, chocado, já tinha ouvido histórias terríveis sobre os Filhos da Lua, mas nunca imaginara estar a ponto de conhecê-los. Cochichos rapidamente se espalharam por todo o círculo, especulando, condenando, duvidando, mas ninguém queria tomar a palavra para perguntar algo claramente.

― Que droga é um Filho da Lua? - retruca Leah, ao perceber que ninguém faria tal pergunta.

― Os Filhos da Lua - explica Billy -, são lobisomens que se transformam pela influência da Lua cheia, perdem a razão e podem aniquilar seus próprios familiares se eles ousarem cruzar o seu caminho.

O espanto foi imediato! Leah nunca acreditou que lobisomens assim realmente existissem e sequer teria acreditado naquela história se tivesse sido contada antes daquela noite, mas agora, com a confirmação de um de seus anciãos, a loba não pode deixar de imaginar como eles seriam na realidade. Eram assim tão perigosos? Como aparentariam ser em sua forma humana? Feios, bonitos, peludos talvez?

― Só para encerrar as surpresas, queria deixar claro que conheci todo o bando e que eles estarão aqui para saber nosso veredicto assim que a lua cheia passar. E se concordarmos em lhes dar abrigo, Lucian apresentará o bando a vocês e os três obedecerão a qualquer regra que acharmos viável criar.

O silêncio permaneceu firme por quase dois minutos, sendo logo substituído por murmúrios. Ninguém se atrevia a ser o primeiro a votar, por isso se limitavam a sussurrar uns para os outros, discutindo os prós e contras de tê-los na reserva.

― O meu voto é não! - começa Billy, finalmente iniciando a votação. - Não quero nossas crianças e amigos em perigo por causa desses monstros.

― Eu acredito que daremos conta do recado - vota Jacob. - Somos um bando grande e forte, se eles abusarem da sorte ou não dançarem conforme a nossa música, poderemos acabar com eles, mas não acho justo negarmos refúgio a alguém tão parecido conosco.

Embry, Seth e mais alguns garotos concordam com a cabeça, tomando a opinião de Jacob como as suas próprias e votando "sim" para o refúgio do novo bando, ao contrário de Emily, Jared, Sue e outros garotos, que compartilhavam do argumento de Billy. Sam rapidamente se pronuncia a favor, passando uma agradável imagem de líder bondoso e confiante, mas deixando o caso num terrível empate e jogando sobre Leah a responsabilidade pela decisão de desempate.

O círculo a olhava fixamente, ansioso, aguardando, cogitando sua resposta, mas a loba parecia não estar disposta a colaborar com aquela tomada de decisão.

― Leah, sua votação é muito importante para nós, pense a respeito e nos dê uma resposta concreta - pede Sue.

Pressionada, Leah fita o crepitar da fogueira com intensidade, finalmente pensando a respeito.

― Eu voto a favor. Se causarem problemas, acabaremos com eles como se fossem nossos piores inimigos. Como Jacob disse, somos muitos e somos fortes, esse bando de três pessoas não será páreo para nós.

― Então está decidido, quero todos em alerta para a chegada de nossos refugiados assim que a lua cheia passar. O primeiro que os ver em nossas fronteiras, chame os demais! Passarei as regras a eles antes de trazê-los a reserva.

Duas reações diferentes se estenderam ao redor do fogo. Os que votaram a favor do refúgio pareciam ansiosos com a chegada dos convidados e, ao mesmo tempo, confiantes de suas próprias forças. Os que votaram negativamente, porém, pareciam dispostos a culpar Leah caso algo saísse errado, com exceção de Sue, que se orgulhava do espírito guerreiro da garota ao mesmo tempo em que se preocupava com a segurança de ambos os filhos.

O período de histórias em volta da fogueira se inicia, mesmo que alguns dos integrantes já não conseguissem mais se envolver ou se divertir, e depois de algum tempo, a reunião se encerra. Ainda restavam três semanas para a chegada do novo bando, mas os quileutes já se sentiam apreensivos e ansiosos com o fato, e, provavelmente, muitos deles não dormiriam a noite.

Levou certo tempo para que Leah chegasse a sua casa, acompanhada de sua mãe e irmão. A loba logo se tranca em seu quarto, não querendo conversas, discussões ou demonstrações de afeto aos quais julgava serem falsos, queria apenas encostar a cabeça em seu travesseiro e se esquecer para sempre que era uma loba quileute. E pensando assim, ela se deita e logo se desliga daquele mundo sem beleza, desfrutando de um sono sem sonhos e não dando a mínima importância para o bando, a reserva ou aos novos visitantes.

LeahOnde as histórias ganham vida. Descobre agora